Os traficantes d' água (Ep.04)

“Pára, pára, pára…É hoje que vamos tramar o velho!”
“Abre o vidro, tira isso, vá!”
“aaah..ergg…acelera Argolinhas, aceleraa!”

Este fez uma pausa. Não conseguia conter o riso, mas lá deu uma arrancadela meia soluçada. O carro tremeu, mas não deixou ficar mal o acto meio criminoso que havíamos realizado momentos antes.

Ontem, como relatámos aqui, colocámos um euro em cima de uma arca, num spot da olá que encontrámos, retirámos uma garrafa de litro e meio e fomos embora, acabando com o final descrito no post anterior. Hoje passámos lá novamente, e vimos o spot vazio. Totalmente vazio. No final do dia de praia, decidimos passar por lá e fazer uma partida àquele velho rancoroso: tirar um pack de 24 garrafas de água empacotas que se encontravam no parapeito do estabelecimento, à livre disposição do freguês. Passámos por lá de carro, com um nervoso miudinho, pelo acto que iríamos praticar e porque também poderíamos ser apanhados em flagrante delito. Devagar, devagarinho, passámos uma vez pelo spot. Nada, ninguém lá se encontrava. Em vez de ter olá escrito em cima, poderia ter as iniciais BA, Banco Alimentar. Passámos uma segunda vez, e muito delicadamente abrimos o vidro. Moutinho retirou então o pack das águas e ainda o euro que lá havia deixado no dia anterior que nem sequer tinha sido reposto na máquina registadora.

Argolinhas parte-se a rir com tal insólito e, em vez de actuar como um criminoso profissional, arrancando rapidamente, reagiu de maneira meramente amadora: não contendo as gargalhadas, não consegue colocar, eficazmente, o automóvel em andamento, tendo, este, levado um raspanete de João Moutinho.

Já a caminho, Argolinhas decide parar perto do casino para ir comprar um protector solar ao supermercado Ovo. De regresso ao carro, fomos abordados por um cigano de certa idade:

“Amigos, venham aqui, tenho camisolas verdadeiras para vender, duas camisolas 15 euros! Sem compromisso”

Sinceramente já estávamos com medo de sermos assaltados, mas fomos lá. O homem, na verdade, também não aparentava ter cara de criminoso. Mas quem a tem? Se dois amigos, tomados como pessoas normais nesta sociedade, fizeram o que fizeram minutos antes, qual era o nosso direito de afirmar que este homem não nos ia levar para maus caminhos?

Fomos ingénuos. O homem levou-nos para uma rua atrás do cocktail, onde se encontravam mais dois ciganos. Ficámos com medo. O João Moutinho ainda mais. O velho começa a falar nas suas camisolas, afirmando que estas eram de excelente qualidade. No desenrolar da conversa, este parecia querer exigir uma compra. Mas mesmo que realizássemos tal compra esta tornar-se-ia no mínimo estranha:

1) Todas as camisolas eram iguais, ficando cada um de nós com duas camisolas da lacoste e ainda por cima da mesma cor!

2) Só iríamos comprar estas reles imitações, apenas para ficarmos sem telemóveis e afins.
Mas nada aconteceu. João Moutinho conseguiu dar a volta por cima e combinar uma hora com este cigano, afirmando que iria só a casa buscar o dinheiro. Esta tese era credível, uma vez que apenas estávamos em calções de banho!

Entretanto fomos desenvolver os nossos tricípetes braquiais. Passámos umas duas horas no ginásio e no fim reparámos que o ginásio que frequentamos tem uma certa particularidade: o único tema de conversa dos habitantes daquele modesto ginásio é apenas e somente PORRADA! Levam pens com combates, ligam ao Divx que lá se encontra e passam o seu treino todo a verem aqueles actos:

“Ca ganda pontapé!”

“Ai ca bicho!”

“Este aqui só deve tomar proteínas!”

Note-se que pelos corpos que estas personagens apresentam, os rapazitos da televisão não são os únicos que tomam proteínas. Não esboçámos qualquer tipo de gargalhada, como se pode compreender, mas quando saímos de tal estabelecimento, chorámos a rir! Tinha sido um dia memorável.

Mesmo!

E ainda por cima, recebemos a boa nova dos exames de biofísica. Tanto o João Moutinho como o argolinhas passaram a biofísica. Desta forma, já se encontram praticamente de férias.

Praticamente porquê?

Porque eles tiveram a feliz ideia de deixar a cadeira mais fácil do curso, que apenas dispensa duas horas de estudo! Mas porque fizeram eles isso? Para mostrarem o seu bronze que conquistaram na semana de intervalo das duas épocas de exames. Tudo isto para deixarem os demais colegas roidinhos de inveja, visto que esse exame é no primeiro dia da época de recurso, tendo a restante parte do curso que esperar mais duas semanas para verem a sua melanina a funcionar. Macabro, não é? Hilariante, diríamos nós!

Já em casa, por volta das 10 da noite surgiu uma ideia ao Moutinho:

“Argolinhas, e que tal irmos ver os the prodigy ao Optimus alive? Já que estamos de férias…”

“Vamos ver the prodigy, mas também temos que morrer no mosh de slipknot!”

E decidimos então ir três dias para Algés, participar nesse grande festival e ainda pernoitar em casa do Poulsen. Sim, o Poulsen teve a gentileza de nos deixar ficar lá em casa. Uma palavra de agradecimento e ainda de coragem para o embate entre o nº 700 contra o nº141 do ranking mundial da Konami !

Participantes dos blog, não se preocupem, pois nós não vamos falhar com os nossos compromissos. Fica desde já garantida a continuidade da série, que se irá tornar ainda mais surpreendente com esta passagem por Lisboa!

Amanhã estamos em directo a partir de Algés. Contudo, vamos ainda fazer o post com El gordo e PMinistro.

Abraços de Moutinho e Argolinhas