segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Ser Benfiquista...


Tenho 20 anos. Apanhei uma má fase do Benfica, mas isso não me impediu de ver grandes jogadores a actuarem pelo meu clube. Dentro desse tipo de jogadores há diferentes categorias:

A categoria dos que melhor conseguiram aliar o carisma à sua qualidade futebolística, composta por Preud'Homme, Rui Costa, João Vieira Pinto e Simão Sabrosa.

A dos jogadores fabulosos que conseguiram cativar a simpatia do público, mas que não chegaram ao patamar dos já referidos: Di María, Pablo Aimar, Saviola, Javi Garcia, Luisão (este talvez o mais próximo da categoria acima), Ramires, Reyes, Fábio Coentrão, Robert Enke, entre tantos outros..

A dos jogadores que, por diversos motivos, foram bastante acarinhados pelos adeptos: Moreira e Mantorras, por se terem lesionado quando se lhes destinava um futuro brilhante; Argel, talvez por ter vindo para o Benfica depois de partir os computadores da Torre das Antas (do Futebol Clube do Porto) ao pontapé; Rúben Amorim e Nuno Gomes - por serem jogadores à imagem do Benfica; Carlos Martins, Petit...

Jogadores acarinhados pelos adeptos não têm, portanto, faltado ao longo dos anos. Mas - e peço desculpa ao Rui Costa - há um jogador que ultrapassou todos os que já aqui se referiu. O seu nome é - já se sabe - David Luiz e, ao que parece, acaba de ser transferido para o Chelsea.

Se outros partiram deixando uma sensação de ingratidão tremenda, neste caso é diferente. David Luiz conseguiu manter com os adeptos uma relação como nenhum outro conseguiu desde que sou vivo. E, no campo, foi o melhor defesa central que já vi actuar na liga portuguesa - me perdoe o Ricardo Carvalho - e, ainda por cima, de águia ao peito.

Pouco me importa se o David Luiz sai por 25, 50 ou 100 milhões de euros. Nunca o valor a receber me faria festejar a sua transferência. É, por isso, com muita pena que leio as notícias que o afastam do Glorioso. Como disse o Poulsen aquando de um dos (milhares) de desmentidos que têm surgido nos últimos dias: "Esta era a altura certa para o vender... mas é sempre um prazer vê-lo com a camisola do Benfica".

Deusvid Luiz é um caso notável de popularidade entre os adeptos benfiquistas. Desde sempre oiço falar com inveja dos grandes Eusébio, Humberto Coelho, Coluna, Chalana... com inveja por nunca ter sabido o que era ver um jogador destes no Benfica.

Agora posso dizer que vi uma lenda. O seu nome é David Luiz. E conto voltar a vê-lo de águia ao peito daqui a uns anitos...

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Seabra a presidente, por Il Specisalé

Acaba de entrar um determinado e auspicioso candidato na luta pela chefia presidencial de 2011, caso se verifique a sua extradição para o país de origem. É nada mais nada menos que Renato Seabra. Sim, o jovem heterossexual que assassinou Carlos Castro de forma leviana e indolor. 

Concorrer às eleições presidenciais era um sonho antigo, no entanto a participação no concurso da SIC “à procura do sonho” não foi suficiente para dar a Renato a visibilidade e assinaturas necessárias que lhe permitissem entrar na luta ao trono presidencial. 

Com o assassinato de Carlos Castro, aquele que a meu ver deveria ser considerado um herói nacional conquistou o número de assinaturas necessárias e ainda promete ser uma enorme dor de cabeça para os outros candidatos: já deu provas de que não olha a meios para atingir os seus fins, o que poderá levar a que Renato se revolte não só com os demais candidatos, como também com o eleitorado que não lhe dirija as intenções de voto.

No entanto prevê-se que a população não constituirá um problema para Renato. O badalado assassinato de que foi protagonista despontou uma onda de enorme cumplicidade em torno do assassino, por este ter levado a cabo aquele que foi um dos desejos mais pedido pelos portugueses aquando da transição de 2010 para 2011: a extinção de Carlos Castro.

Com este candidato na presidência podemos ter a certeza de uma coisa: as pessoas que fazem do “diz-que-disse” a sua profissão serão abolidas sem dó nem piedade. AVÉ Seabra!

A primeira aparição pública enquanto candidato presidencial, decorrerá no palácio de Belém, onde Renato Seabra após discursar ao povo Português, entrará na história como sendo o primeiro homicida condecorado com a medalha de honra do Estado Português, em louvor ao seu extraordinário feito.

“Com Seabra não há pão para malucos”, é nome da campanha do “puto maravilha” da política para as presidenciais de 2011. Um candidato a ter em conta.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Lio me perdoe...


 ... mas apesar de ele ser sem dúvida nenhuma o melhor jogador do mundo, este ano a bola de ouro era do Xavi.

Assustador...

Ontem fui a Castelo Branco ver um concerto do Sérgio Godinho. 

Uma vez que após a minha estadia no Rio de Janeiro o público-alvo do blog alargou consideravelmente, é importante explicar que este conceituado cantor foi, nos tempos da ditadura em Portugal, um dos que usavam a cantiga como forma de intervenção na sociedade.

Um pouco à semelhança do que se passou no Brasil com Caetano, Gilberto Gil, entre outros, em Portugal houve cantores que se destacaram nessa época em que a censura era uma constante. Zeca Afonso é o cantor de intervenção mais conhecido em Portugal. Mas com ele aparecem uma série de outros elementos importantes, como José Mário Branco, Fausto, ou Sérgio Godinho.

Acontece que qualquer destes cantores contruiu uma carreira que foi muito além das canções políticas. O final da ditadura em Portugal deu-se já em 1974 e de lá para cá muito se escreveu, cantou, ouviu...

Nasce destes factos a minha preocupação com o concerto de ontem. É o terceiro concerto de Sérgio Godinho que vejo e, estranhamente, ontem ele optou por cantar músicas do pré 25 de Abril. Por que raio teria ele voltado a um repertório que incentivava a revolução, o final da censura, o ponto final na liderança ditatorial do nosso país? Porquê fazê-lo agora, quase 37 anos depois?

Ouvi a primeira canção de intervenção e estranhei. Depois veio a segunda, a seguir a terceira... Eis a razão do meu susto: as letras que há 40 anos atrás faziam sentido num regime ditatorial estão, hoje, completamente actuais.

Reparem apenas nestes três exemplos:
Liberdade (acho esta versão - que pelos vistos não é versão, mas sim o original - horrível, mas no Youtube não há a que ele canta actualmente. Concentrem-se na letra):

Viemos com o peso do passado e da semente
Esperar tantos anos torna tudo mais urgente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
e a sede de uma espera só se estanca na torrente
Vivemos tantos anos a falar pela calada
Só se pode querer tudo quando não se teve nada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só quer a vida cheia quem teve a vida parada
Só há liberdade a sério quando houver
A paz, o pão
habitação
saúde, educação
Só há liberdade a sério quando houver
Liberdade de mudar e decidir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir
quando pertencer ao povo o que o povo produzir

http://letras.terra.com.br/sergio-godinho/498108/

Arranja-me um emprego:
Tu precisas tanto
de amor e sossego
e eu preciso de um emprego
se mo arranjares
eu dou-te o que é preciso
por exemplo o paraíso
anda ao deus-dará
perdido nessas ruas
vou ser mais sincero
sinto que ando às arrecuas
preciso de galgar
as escadas do sucesso
e por isso é que eu te peço
arranja-me um emprego

Arranja-me um emprego
pode ser na tua empresa
com certeza
que eu dava conta do recado
e para ti era um sossego

Se meto os pés para dentro
a partir de agora
eu meto-os para fora
se dizia o que penso
eu posso estar atento
e pensar para dentro
se queres que seja duro
muito bem serei duro
se queres que seja doce
serei doce, ai isso juro
eu quero é ser o tal
e como tal reconhecido
e assim digo-te ao ouvido
arranja-me um emprego


Arranja-me um emprego
pode ser na tua empresa
  com certeza
que eu dava conta do recado
e para ti era um sossego

Sabendo que as minhas intenções
são das mais sérias
partamos para férias
mas para ter férias
é preciso ter emprego
espera aí que eu já chego
agora pensa numa casa
com o mar ali ao pé
e nós os dois
a brindarmos com rosé
esqueço-me de tudo
com o por-do-sol assim
chega aqui ao pé de mim
arranja-me um emprego

Arranja-me um emprego
pode ser na tua empresa
  com certeza
que eu dava conta do recado
e para ti era um sossego

Se em mandasse neles
os teus trabalhadores
seriam uns amores
greves era só
das seis e meia às sete
em frente a um cassetete
primeiro de Maio
só de quinze em quinze anos
feriado em Abril
só no dia dos enganos
e reivindicações
quanto baste ma non troppo
anda, bebe mais um copo
arranja-me um emprego

Arranja-me um emprego
pode ser na tua empresa
com certeza
que eu dava conta do recado
e para ti era um sossego

http://letras.terra.com.br/sergio-godinho/498048/
O Charlatão
Numa ruela de má fama
faz negócio um charlatão
vende perfumes de lama
anéis de ouro a um tostão
enriquece o charlatão 

No beco mal afamado
as mulheres não têm marido
um está preso, outro é soldado
um está morto e outro f´rido
e outro em França anda perdido  

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra 

Na ruela de má fama
o charlatão vive à larga
chegam-lhe toda a semana
em camionetas de carga
rezas doces, paga amarga

No beco dos mal-fadados
os catraios passam fome
têm os dentes enterrados
no pão que ninguém mais come
os catraios passam fome

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Na travessa dos defuntos
charlatões e charlatonas
discutem dos seus assuntos
repartem-se em quatro zonas
instalados em poltronas

P´rá rua saem toupeiras
entra o frio nos buracos
dorme a gente nas soleiras
das casas feitas em cacos
em troca de alguns patacos

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão

Entre a rua e o país
vai o passo de um anão
vai o rei que ninguém quis
vai o tiro dum canhão
e o trono é do charlatão

É entrar, senhorias
a ver o que cá se lavra
sete ratos, três enguias
uma cabra abracadabra

http://letras.terra.com.br/sergio-godinho/498125/
Não vou eu estar a analisar os poemas verso a verso. Acho que está bem claro para quem neste país vive que, infelizmente, isto é bem mais actual do que nós desejaríamos.
Mas reparem:
"  Só há liberdade a sério quando houver a paz, o pão, habitação, saúde, educação. Só há liberdade a sério quando houver liberdade de mudar e decidir, quando pertencer ao povo o que o povo produzir."    - de tão evidente que é, torna-se inútil explicar a relação com a actualidade, não acham?
O mesmo se pode dizer do charlatão. Começa no título e acaba em abracadabra. Um hino ao Portugal dos nossos dias. 
E, finalmente...
" Arranja-me um emprego, pode ser na tua empresa com certeza que eu dava conta do recado e para ti era um sossego. Se meto os pés para dentro a partir de agora eu meto-os para fora. Se dizia o que penso eu posso estar atento e pensar para dentro. Se queres que seja duro muito bem eu serei duro, se queres que seja doce serei doce, ai isso juro."   - não é isso mesmo que nós, recém licenciado, estamos a fazer? A fazer tudo por um emprego que tão difícil de assegurar se afigura? A trabalhar as horas que forem precisas para garantir a ninharia que ganhamos ao fim do mês? Se for preciso sermos duros nós sê-lo-emos, se for preciso sermos doces também. Tudo porque precisamos de um emprego...

(E, pensando bem, não estaremos nós mesmos a arruinar o nosso futuro? Ao aceitar trabalhar em péssimas condições, a recebermos uma quantidade ridícula de dinheiro e... a tirar o emprego aos que estão há mais tempo nas empresas e que, como tal, se recusam a ser explorados? E quando, um dia, casarmos, tivermos filhos e não tivermos tempo nem forças para trabalhar da forma que trabalhamos? Começaremos a reivindicar os nossos direitos? Pois nessa altura virão outros fazer aquilo que nós fizemos um dia para assegurar o emprego... e já se sabe onde nós acabaremos!)

E agora digam-me se não é triste e assustador 
eu ouvir um concerto com músicas feitas para
o tempo da ditadura e sair de lá
com tendências revolucionárias...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Para que conste...

 
Queria explicar a todos a que se deve esta ausência de movimento no blog. Acontece que já há muito que este blog deixou de ser um espaço de participação de todos aqueles que se propuseram a criá-lo. Ou seja, o que se passa actualmente é que um blog que era composto por 5 ou 6 pessoas está, actualmente, a cargo de uma única.

Mas esse último moicano não vai deixar este espaço morrer, isso vos garanto. O VaiPaSelva vai voltar. O problema é que, neste momento, ando mais preocupado em lançar um outro espaço. Tenho agora uns tempos sem aulas e, por isso, é esta a altura que tenho de aproveitar para nele trabalhar a fundo. 

Peço, assim, a todos os selvagens - engraçado que os mais activos até são aqueles que não participaram na fundação do blog, como o Kafka, o Titi, a Mafalda, a G, o Yaúca... - que tenham um bocadinho de paciência. 

A paixão pela escrita mantém-se. A que sinto por este espaço também. Por isso vos posso prometer: para já, a Selva não morrerá.

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