domingo, 28 de fevereiro de 2010

Só eu sei...

Aproveito para deixar aqui os parabéns ao grande Sporting. Como uma clara demonstração de fair-play, acredito que todos os benfiquistas concordam com a minha "parabenização". Isto, para que as pessoas percebam que o Benfica é, de facto, um clube diferente. A sua mística não o impede de dar os parabéns a um rival. Hoje mereceram. Parabéns SCP!


sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

I've got a (bad) feeling


Portugal é grande.

Agora parece que vamos ter o equipamento mais foleiro do Mundial. As cores da bandeira não ajudam, é certo, mas esta coisa do verde com o vermelho não dá. Não combina, fogo! Deixemo-nos de mariquices... estava tão bem o último equipamento!

Não deixa de ser engraçado, ainda assim, que o equipamento não me pareça assim tão mau nesta foto. Mas não é por isto que posto hoje.

O que me preocupa é o meu feeling, essa portuguesíssima palavra de ordem da Selecção Nacional no próximo mundial. E o que me preocupa mais é o facto de ter sido escolhida como música para o próximo Mundial uma música com letra... inglesa! Mas será que não há ninguém que cante bem em português? Podem dizer que é uma pancada minha, podem concordar com a música, podem dizer o que quiserem. Mas eu não posso deixar de achar isto mal. Com jogadores brasileiros e um lema e uma música inglesa... qualquer dia mudamos a bandeira, fogo!

Mas ainda não é isto o que me preocupa mais. Sabem o que é o pior de tudo? É que eu já estou com o "I've got a feeling" pelos cabelos e ainda faltam 4meses, 4(!) para o Mundial. Será que vou ter de continuar a ouvir isto todos os dias quando ligo o rádio, quando vou a um centro comercial, quando vou a um bar...?

Ah... fiquem-se com o vídeo (ridículo) do Queiroz a agradecer aos Black Eyed Peas:

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

1 - A história do simpático Carniceiro e do maníaco Salvador


A primeira pessoa que vou apresentar é o Salvador. Salvador é o nome fictício. Ele anda por aí a comentar e, se assim quiser, identificar-se-á. Contudo, qualquer que seja o nome que tenha, para mim, nesta rubrica, é o Salvador.

Para os que não me conhecem pode ser uma surpresa, mas quem me conhece sabe que acabo sempre por passar grande parte da época no departamento médico do clube. E, para não variar, por esta altura estava lesionado. Dores nos joelhos. Já me acompanhavam há um ano e aquilo era tudo menos agradável. Chegou a um momento em que tive de parar de jogar. Pelo meio meteram-se as férias de Verão e começou uma nova época.

É então que me aparece um artolas dum enfermeiro a sugerir que eu fosse para os treinos sempre uma hora mais cedo para, imagine-se, alongar!
"Este gajo é doido! Deve pensar que eu não faço nada da vida..." - pensei para mim mesmo.

É engraçado como as pessoas que acabam por me marcar de uma maneira especial teimam em suscitar-me uma primeira impressão bastante estranha... mas igualmente engraçado é o facto de que, muitas vezes, os que depois se vêm a revelar assustadores acabam por passar uma primeira impressão bem mais "normal".

Acho que o problema reside nessa normalidade que, apercebi-me com o tempo, acaba por ser um mau prenúncio. E a outra pessoa, aquela mais normal, mais distante, mas que não tinha ideias de me tirar uma hora de tempo livre todos os dias era aquela a que vou, carinhosamente, chamar de Carniceiro.

O Carniceiro era outro enfermeiro. Simpático! Tinha muito boa impressão dele. Nem queria pôr-me a fazer alongamentos todos os dias antes dos treinos nem nada! "Gajo porreiro, este!"

Acontece que, um dia, os meus bem-amados joelhos voltaram a fraquejar. Não era nada de especial. Problemas de crescimento, segundo me explicavam. Conseguia andar perfeitamente, mas a jogar limitava-me bastante. Entretanto, nessa altura, o Salvador tinha ido de férias. Estava cá o meu bom Carniceiro, pronto a curar-me!

Olhou para os meus joelhos, franziu o sobrolho e ditou a sentença:
- Mau-r-à-dona, tu acabaste a época.
- Está a falar a sério? Mas a época ainda nem começou!
- Pois. Mas tu vais ter de meter gesso. Nos dois joelhos!

"Doidos! Estes gajos são doidos varridos!". Chegou mesmo a vir o treinador, o Dad-gar, com um ar bem fúnebre dar-me o seu apoio!
- Mau, se o Carniceiro acha que é o melhor... a tua saúde está em primeiro lugar!
- Mas qual saúde?! Mas você acha que eu vou andar com gesso nos dois joelhos?!?!

Acabou o treino. Tinha 14 anos na altura. No balneário não consegui evitar as lágrimas. Toda a equipa veio ter comigo, mas eu nem queria saber. A minha vida desmoronava-se. O futebol era a minha paixão, aqueles eram OS meus amigos. Não podia acabar assim.

À noite, em casa, liguei ao louco do Salvador. Não tinha a mínima confiança com ele. Expliquei-lhe o que se passava e ele disse que falávamos quando ele voltasse de férias. Voltou depressa. Durante um ano passei uma hora a mais por dia que (quase) todos os meus colegas naquele campo. A alongar. O Salvador estudou a doença que eu tinha, preparou exercícios, aconselhou-me a jogar com adesivo agarrado aos joelhos, o que veio a revelar-se um tormento, porque um gajo com 14 anos já tem pelos nas pernas e aquilo de arrancar o adesivo todos os dias era bastante incomodativo. A solução foi comprar umas tiras para os joelhos que me davam um ar de verdadeiro chulo da bola.

Tornou-se no primeiro verdadeiro amigo que tinha com uma idade bastante superior à minha. Tinha 8 anos a mais, mais coisa menos coisa. Lembro-me que dizia que era da idade do Luisão [penso não estar enganado no jogador]. Mas a minha primeira impressão do Salvador estava longe de estar errada.

Aquele gajo era, de facto, louco. Um verdadeiro maníaco! Ele não só conseguiu que um aleijado como eu jogasse os jogos todos [menos um] como fez muito, mas muito mais. Era ele que tratava da minha preparação física. Geria os esforços em conjunto com o treinador para que eu não me ressentisse. Chegou a dar-nos treinos antes do próprio treino a mim, ao JB e ao Terry para nos ensinar a saltar e a correr com técnica. Ainda hoje quando salto me lembro do conselho do enfermeiro que era muito, mas MUITO mais do que isso naquela equipa.

Acima de tudo, tornou-se um amigo e um elemento essencial no ano fantástico que tivemos. Os nossos caminhos separaram-se, mas o contacto permaneceu. Muitas, mas muitas histórias se poderiam contar. Uma delas será referida no post que aqui fizer sobre o Lesionadodependente, meu eterno companheiro de enfermaria.

Quando me lembrei desta rubrica decidi, logo à partida, que o primeiro post seria para ti, Salvador. Os outros vão ser feitos com uma ordem completamente aleatória. Mas este teria de ser para ti. Porque ao entrares nesta nova fase da tua vida merecias que te dedicasse algo do género. Tudo o que aqui escrevi será sempre pouco para agradecer tudo o que fizeste por mim. E dá-me um enorme prazer pensar que o meu futuro sobrinho (deixa-me tratá-lo assim) um dia mais tarde lerá este texto e ficará cheio de orgulho do Pai que tem.

E para ti, miúdo, que o lês, deixa-me dizer-te: todo o orgulho que sentes é pouco. Porque o que o teu Pai fez, faz, foi, é e continuará a ser e a fazer, nunca poderá ser explicado apenas através de um texto. Mas certamente que tu saberás isso melhor que ninguém...

Um muitíssimo obrigado e um enorme abraço,

r-à-dona, Mau-

domingo, 21 de fevereiro de 2010

As an old memory


Nos últimos dias tenho-me dado conta da importância deste blog. Não me perguntem como nem porquê, mas nestes últimos dias têm sido muitas as memórias, as recordações e as saudades. Não de alguém em especial, não de alguma coisa. O facto é que tenho puxado pela memória. Memórias de criança, coisas que me marcaram. E com essas memórias surgem outras e outras.

Dou por mim a chorar por pessoas que gostava de ter ao meu lado mas que já não tenho. E vejo o quão importante pode ser este blog.

Não sei se já viveram experiências semelhantes, mas há algo que me faz muita impressão quando perco alguém que amo: não ter algo palpável sobre essa pessoa. Ou, mesmo que o tenha, que seja pouco. E é aí que entra o blog.

Se, por algum motivo, eu morrer amanhã sei que há gente que me pode conhecer. Sei que eu fico vivo no VaiPaSelva. Não, não pensem que estou a ser fatalista. Não conto morrer amanhã nem depois. Mas pode acontecer, como pode acontecer a todos aqueles que amamos - é algo que muito pouca gente ousa lembrar, mas que a vida não se cansa de nos recordar.

Pensem, então, que a rubrica que se vai iniciar neste blog é uma forma de, um dia mais tarde, alguém (seja familiar, amigo, ou até desconhecido) poder estar comigo quando quiser. Pensem, portanto, que fiz isto para vocês. Para vocês que lêem isto no dia em que o posto no VPS e para vocês que eu posso nem nunca ter conhecido. É, na verdade, um prazer imaginar que estou a contar a minha história a uma pessoa que está por nascer mas que, daqui a 30 ou 40 anos, aqui vem conhecer-me.

Não pensem que vou falar de coisas tristes. Não. Isso fica comigo. O que vou fazer é, ao mesmo tempo, uma espécie de homenagem alguns (porque a todos seria impossível) dos meus amigos. E quando falo em amigos excluo a família. Porque essa está, obviamente, acima de qualquer homenagem.

Correndo o risco de o blog se tornar um pouco mais pessoal, há histórias divertidas que gostava de partilhar convosco. Muitos já as conhecem, mas certamente gostarão de as "rever". E afinal de contas o objectivo inicial do blog era unir um grupo de amigos. Pois bem, será sobre esse grupo que incidirão mais as minhas memórias. Gostaria imenso que as pessoas que conseguirem acrescentar algo, alguma memória ou história especial que o fizessem. Acho que podíamos conseguir recordar a história de 8 anos marcantes da minha (e penso que da vossa) vida.

Quem sabe se daqui a uns anos não haverá alguém como eu, que gostava de ouvir a história dos seus antepassados da boca dos amigos deles. Se alguém o quiser terá essa oportunidade através destes textos. Se, como é mais provável, não tiverem interesse por eles... nesse caso ficarei feliz por poder ter algo onde posso recordar a minha infância, um dia mais tarde.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Um ano convosco...


Faz hoje um ano que este post foi aqui publicado:

Vai pá selva!, por Mau-r-à-dona

A ideia de criar este blog surgiu quando pensava numa forma de reunir um grupo de amigos que já vem de há muito tempo, mas que a vida acabou por afastar... Não sei se isto servirá como uma forma de reunião da malta, mas achei que não custava tentar.

Pensem comigo: se isto resultar podemos manter-nos em contacto facilmente, partilhar histórias, opiniões, novidades e tudo o que quisermos. Podemos marcar jantares mais facilmente e reviver todos os momentos que passámos juntos. Se, por outro lado, não resultar, o mais que pode acontecer é continuar tudo como está e ainda ganham um motivo de gozo por eu ter acreditado que um blog podia voltar a unir a "equipa" que o tempo separou.

Achei que valia a pena correr este risco. Acho que NÓS valemos a pena. Apesar disso, no preciso momento em que escrevo este texto, continuo cheio de dúvidas: será que isto vai resultar? Será que vocês vão ligar alguma coisa a isto? Será que isto nos vai permitir manter-nos em contacto apesar de tudo o que nos afasta? Será que vai durar um mês, um dia, um ano...? ou será que nem sequer vai começar?


Espero, do fundo do coração, que vocês me ajudem a manter este grupo vivo, porque amigos como estes eu não quero perder...

Agora, um ano depois, tenho a minha resposta: resultou. Não só juntou um grupo de amigos, como acabou por trazer mais pessoas a este blog (o que não era um objectivo, inicialmente). Alguns deles, como o H-Raki, o Outro e o Moutinho já escrevem mesmo na Selva. Alguns continuam a preferir manter-se pelos comentários. Há uns que comentam durante uns tempos e depois desaparecem, há outros que aparecem sempre mas nunca comentam.

O VaiPaSelva no próximo ano e meio vai enfrentar um novo desafio. Se tudo correr como o previsto, teremos o Poulsen no Brasil, o Moutinho e o Argolinhas em Itália, o Outro que irá para a Bélgica (se não me engano), o Comumafebra (que não comenta) também por terras de Vera Cruz... e estes são só aqueles de que me lembro agora!

A própria Kikas vai para Itália e eu, se tudo correr bem, também não estarei por Portugal durante seis mesinhos... isto para além do Maldini que já anda por Espanha!

Por isso deixem-me expressar aqui o que desejo deste blog no próximo ano: que permita unir, a partir de agora, não só Portugal, mas o Mundo. Que cada um do seu cantinho consiga partilhar a sua experiência com todos os outros. E que assim se possam sentir, também, mais perto.

Ambicioso? Talvez... mas agora posso recordar-vos o comentário ao meu primeiro post:

2 selvagens já comentaram:

Maldini disse...

Sinceramente estou-me bem a cagar para isto...
Espero bem que daqui a 2 semanas te possa encontrar na rua esfregando-te na cara afincadamente a tua utopica tentativa de religar laços que (falo por mim) nunca estiveram cortados.

Agora falando um pouco mais a sério, porque não é o meu forte, espero que ninguém eskreva kom errox de otrogarfia, porque temos um nivel a manter!

Quanto ao teu nome, não percebo de onde plagiaste esse nome, mas como tem sido hábito nos últimos 10 anos, vá lá, está genial!

Vamos lá trabalhar para que isto resulte... Não custa nada chegar a casa pôr o pc à frente e começar a aparvalhar aqui no blog =)

Ah e por favor... Não façam cocó nos chuveiros.. A sério.. Não tem piada.. Depois quem se f*** são o Palmira e o Dad Gar..


Anónimo disse...

Parece-me mesmo que vamos ter de gozar com o mau, porque tá-se tudo a cagar para isto, ao que parece...

Portanto... que gozem agora comigo outra vez. Se daqui a um ano aqui estiver para fazer outro post... terá valido a pena!

Parabéns, VPS!

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Primeiro estranha-se...

Francisco é uma pessoa como qualquer outra. Uma pessoa como eu, que escreve o texto, uma pessoa como você, que o lê. Uma pessoa com medos, com mistérios, com uma história... com muitas "estórias". Uma pessoa que vive a sua vida como qualquer outra...

O que me levou a entrevistar o Francisco foi uma coisa que ele concordou partilhar comigo. Uma história sobre algo que mexe com muita gente. Já tinha ouvido muitos relatos sobre OVNIs, mas esta é a primeira vez que um amigo meu me conta que viveu, ele mesmo, algo do género.

Fala da história com um misto de confusão e de vergonha. Sabe que todos o chamariam de louco e é por isso que sugere o nome fictício de Francisco. Quando lhe peço para recordar o dia 4 de Julho de 2003 os seus olhos brilham.

Tinha 13 anos na altura. Como qualquer miúdo, queria aproveitar as férias de Verão. Mas nesse dia tinha acordado triste. O meu vizinho tinha ido de férias e eu fiquei sozinho em Telhins de Cima. Não há muito para fazer quando uma criança dá por si numa terra rural sem outras crianças com quem brincar, sabes? Por isso decidi ir dar uma volta de bicicleta. Sozinho. Precisava de pensar. Os adultos por vezes esquecem-se que os teenagers também precisam de momentos sozinhos. Naquela idade já há tanto a preocupar-nos...

A ideia parecia boa. Mas Telhins de Cima faz jus ao seu nome. A descer todos os santos ajudam, mas quando tinha de voltar para Cima... as forças faltaram. Nada de grave. Saí da bicicleta e levei-a à mão. Foi quando ia a meio de uma rampa que se passou algo que ainda hoje me intriga.

Olhei para o céu e vi, por entre os ramos das árvores, uma coisa a que chamei "aquilo", simplesmente por não o poder definir. Nunca aquilo poderá ser algo, nunca aquilo será "isto". Será um aquilo. Para sempre...

Mas dizia eu... quando olhei para o céu vi aquilo por entre os ramos. E aquilo era incrível. Não poderia estar a imaginá-lo porque nunca havia visto nada parecido. É por isso que se torna difícil de descrever. Tinha uma forma de bala com um vidro enorme que cobria a frente toda. Digo isto porque consegui ver, através dele, as nuvens do céu. Depois, a traseira... a traseira estava encoberta por um fogo amarelado, quase translúcido. Olhei com mais atenção porque ali a imagem ficava turva como se de uma onda de calor se tratasse. Ainda na traseira aparecia uma asa. Uma asa estranha. A coisa que já vi mais parecida com aquela asa é uma barbatana. Lembrava um golfinho. E dela vinha uma risca azul que rodeava aquilo e que se notava bem, pois contrastava com o tom escuro do resto d'aquilo.

Acontece que nunca acreditei em discos voadores. Sou um céptico. Custa-me acreditar no que não vejo. E nesse dia fui duplamente céptico: custava-me acreditar naquilo que via. Não sei dizer por quanto tempo fiquei ali parado a olhar para aquilo. Posso dizer-vos que hoje me parece que foram largos minutos. Podem ter sido apenas alguns segundos...

Quando, finalmente, faço um gesto com a mão, como que a apontar na direcção daquilo, algo aconteceu. Aquilo virou-se no ar sem fazer barulho nenhum. E depois arrancou a uma velocidade impressionante. Larguei a bicicleta na estrada e meti-me no meio daquelas árvores todas. Corri um bocado, mas perdi a noção do que se tinha passado. Desaparecera.

Voltei para a bicicleta. Estava desorientado. Triste. Sentia-me culpado e estúpido. Por que razão tinha eu ficado parado a olhar para aquilo? Eu podia ter-me aproximado, podia ter tentado perceber o que era. Quando me decidi a fazê-lo já era tarde.

Fui para casa o mais rápido que pude. Cruzei-me com o meu pai e perguntei-lhe:
- Pai, se eu te dissesse que vi um OVNI chamavas-me louco?
- Francisco, por favor! Não digas disparates...

Foi aí que decidi correr para o meu quarto e procurar algo onde escrever. Tinha de fazer um desenho d'aquilo. Tinha de escrever o que se tinha passado. Se não o fizesse correria o risco de, um dia, pensar ter-se tratado de um sonho. Mas não era e eu sabia-o. Desenhei o melhor que pude (com 13 anos não se consegue desenhar grande coisa, pelo menos eu não o conseguia...). E guardei tudo onde só eu o poderia encontrar.

Nunca mais falei disto com ninguém. Nem os meus pais sonham da existência desta história. Eu sei que ninguém acreditaria. Eu próprio não acreditei e, no entanto, aquilo estava à minha frente. Eu próprio achei que estava louco.

E depois, dou por mim a pensar: por que raio viriam os extraterrestres para Telhins de Cima?

A entrevista acabou com a minha pergunta que ficou e ficará sem resposta:
E por que não haveriam de ir para Telhins de Cima, Francisco?

A minha primeira entrevista


Ainda hoje sairá a minha primeira entrevista para este blog. Atenção que aquela história que poderão ler de seguida é TOTALMENTE verdadeira. Foi-me contada por um grande amigo meu, por isso tem para mim um significado ainda maior. Não sei, não posso explicar o que aconteceu. Sei apenas que é algo que me fascina desde sempre.

Recordo, ainda, que isto é o cumprir que fiz nos comentários a este post há uns tempos atrás.

Prometido é devido.

Até já ;)

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Síndrome da boa história num autoc(h)arro


O meu dia hoje foi incrível. Para que saibam, estou com gripe. Faltei pela primeira vez na vida a um jogo de futebol por causa de uma gripe. Isto, só para vos explicar o quão mal eu tenho estado...

Mas, dizia eu, o meu dia hoje foi incrível. Tinha de ir a Coimbra e como não me sinto em condições de conduzir fui de autocarro. Acontece que estamos nas férias de Carnaval e o autocarro que costuma ir cheio de velhotes hoje ia cheio... de mascarados! Eram muitos! Uns 20, 30... não sei! O que sei é que tive de ir de máscara (daquelas para a gripe A) no meio daqueles mascarados todos. O pior de tudo é que aquela gente pensou que a minha máscara era um disfarce de doente. Resultado: em vez de se afastarem de mim vieram todos ter comigo e dar-me os parabéns pela máscara!

Ia eu a arder em febre e com a minha máscara para afugentar as pessoas. E tinha de me acontecer isto?!

A coisa estava desagradável, mas havia pior... Acontece que aquela gente vinha toda de uma festa de Carnaval. Não vou, portanto, descrever-vos a mistura de cheiros a ganza, álcool, suor e sei lá o que mais que se sentia naquele autocarro...

Falavam para mim mas já nem os ouvia. Ardia de febre. Dei graças a Deus por ter o nariz entupido, porque se não fosse o caso certamente desmaiaria com o cheiro. Olhava para o condutor e pensava:
"Acelera. Acelera, fogo!"

Até que, ironia do destino, o autocarro pára.
"Que é que foi desta vez, pá?!"

A malta anima-se. Há uns gajos que começam no banco de trás a tocar uns instrumentos. Levavam tambores e violas. Não sei se não sabiam tocar ou se estavam simplesmente pedrados. Ou se, pior, não sabiam tocar e ainda estavam pedrados! O que eu sei é que faziam um barulho ensurdecedor. Eu estava com febre (não sei se já vos disse), acho que tremia. Tinha o nariz entupido e mesmo assim mal aguentava aquele cheiro. E as dores de cabeça?!
"Calem-se, por favor!", pensei. "O condutor! Tenho de chegar ao condutor..."

Perguntei-lhe o que se passava. O autocarro tinha encravado. Eles não se calavam e as portas não abriam. Tínhamos de esperar lá dentro. E eles que cantavam cada vez mais! E que cheiravam cada vez pior! E A MINHA CABEÇA A REBENTAR!!!

Peguei no martelo e parti o vidro que dizia "QUEBRAR EM CASO DE EMERGÊNCIA". Depois foi o pior. Veio a polícia. Aquilo não era uma emergência, diziam eles!

- Deviam ser vocês a estar ali fechado que logo viam se não era uma emergência!

Passei o dia na esquadra. Tive de pagar o vidro do autocarro.

Ah... agora estou no hospital à espera para ser atendido. Não pela gripe, mas porque foi-me aconselhado ir a um psiquiatra! Quando sair daqui dir-vos-ei algo.

Até já ;)


PS: Escusado será dizer que de toda esta história a única verdade é a parte em que disse estar com gripe e ter faltado a um jogo. O que queria saber era se não partilham da minha opinião: não vale a pena sacrificar um bocadinho a verdade para se ter uma boa história?

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Porquê o nome de VaiPaSelva? (O Segredo)


"Porquê o nome de VaiPaSelva?"

É uma pergunta que nos é feita frequentemente. Pois bem, com o aniversário do blog já no próximo dia 19, chegámos à conclusão que... seria melhor continuar a manter o segredo.

Na verdade o título do post é mesmo só para fazer os mais curiosos virem dar uma olhada. Isto, porque o nosso VaiPaSelva tem um desafio para todos os que aqui passam uns momentos:

Como já disse, o blog faz anos na próxima Sexta-Feira. O que se propõe é que, desta vez, sejam as pessoas que aqui vêm que dêem uma prenda à nossa Selva. Seja através de uma fotografia, de um texto, de um filme, de uma música... do que quiserem!

O que se vos pede é que participem à sua maneira neste primeiro aniversário. Depois, dependendo da quantidade de "prendas" que fossemos recebendo, podíamos fazer uma eleição da melhor/ mais original/ mais divertida (as categorias dependiam, como disse, do estilo e do tipo de prendas que nos fossem dadas...).

Agradecia que fossem avisando se tencionam ou não participar. Para isso utilizem a caixa de comentários... Depois de pronta a prenda, enviam-na para o e-mail eucasoumau@hotmail.com e avisam que o fizeram através de um comentário (porque só vou ao mail do blog quando me avisam que mandaram algo para lá).

Agora é convosco ;)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Sabem quem está quase a fazer anos?


Sim, o Ranhoca faz anos daqui a meia hora e o Nemo também faz esta semana. Mas o facto é que somos nós que estamos quase a fazer anos, já no próximo dia 19. Foi no dia 19 de Fevereiro de 2009 que começou o VaiPaSelva. Houve momentos fantásticos e outros (como o actual) de maior desinteresse pelo blog.

Eu sei que estamos em exames. Isso explica muita coisa. Mas há outra que nos tem feito imensa concorrência: o Facebook. O tempo livre que antes tínhamos para passear pela Selva agora é usado para tratar da nossa quinta ou para fazer um joguinho por lá. Mas sempre nos soubemos levantar. O mundo dos blogs é mesmo assim. Há umas fases melhores e outras piores.

O que se passa é que queria pedir a ajuda dos (poucos) que ainda aqui vêm. Como acham que devemos celebrar o aniversário do VaiPaSelva? Bem sei que isto anda morto. Mas nos últimos 12 meses houve no máximo dois que foram assim, mais parados. Por isso acho que devíamos fazer qualquer coisa para re-activar a nossa Selva. Qualquer coisa que marcasse o dia como ele merece.

Deixem as vossas sugestões na caixa dos comentários, por favor.

Aqui fica um belo vídeo do nosso grande rival ultimamente:


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Ah... Finalmente, o falso doce do cigarro. Uma breve luz ao fundo do túnel. uma breve paz no meio da confusão. Uma breve sanidade no meio da loucura, antes de chegar a minha hora.



Estou louco, ou estava, já não sei. Mas ao menos vivi as minhas loucuras, não como outros que nem a loucura vivem, nem a falta dela.



Todos somos condenados à morte. Todos temos uma data de sentença. Todos vamos morrer.



Esta prisão em que vivo, este corpo que não me deixa voar, que não me deixa alcançar o que sonho.



No entanto, todos somos loucos, todos temos os nossos rasgos de loucura. Todos vivemos, realmente, nem que seja por breves momentos. O mundo somos nós e nós somos o que quisermos. O mundo é o que nós quisermos que ele seja. Basta querer. Querer e lutar, por aquilo que se quer. A diferença, entre uns conseguirem e outros não, é que os primeiros querem mais do que os segundos e, por isso, lutam mais ferozmente, mais impiedosamente. A mente é indubitavelmente o organismo mais poderoso do mundo.

Queiram. Lutem. Vivam.



Eu já não estou a fazer nada aqui, este mundo já não é meu. Esta prisão já não é minha. Por isso chegou a altura de ser a vossa vez. A vossa vez de decidirem se querem continuar a fazer do mundo a miséria que ele ainda é hoje, ou se querem que ele seja um lugar melhor. Se querem hipocrisia, falsidade, escuridão, ou a luz. Mas não se esqueçam, meus caros, quanto maior a luz, maior a escuridão. A não ser que iluminem tudo. Para isso, sejam irmãos, de sangue. Porque todos somos iguais. Não há nenhum mais iluminado que outro. As luzes que nos iluminam é que são diferentes.



Ah... Nem o último cigarro começo a conseguir saborear...



Mas eu não quero morrer...



Deixem-me viver a minha loucura mais um pouco, só mais um pouco.



A minha hora não pode estar a chegar.



Ou será que já o tinha?

domingo, 7 de fevereiro de 2010

A viagem na cabeça


"Do meu quarto andar sobre o infinito, no plausível íntimo da tarde que acontece, à janela para o começo das estrelas, meus sonhos vão por acordo de ritmo com a distância exposta para as viagens aos países incógnitos, ou supostos, ou somente impossíveis."
de Bernardo Soares

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Há coisas estranhas...

Ontem à noite vi este anúncio no facebook de um amigo:



Achei-lhe piada mas acabei por ficar um bocado desiludido. Pensei que, como é costume nestas coisas ambientalistas, nos mostrassem o quão dramático pode ser usar um saco de plástico a mais, quanto tempo demora a "desaparecer"... enfim, uma coisa que chocasse mais. Tal como estamos habituados. Afinal de contas saiu-me um vídeo de certa forma cómico sobre um tema bem sério.

Pensei para mim: "estes gajos passaram-se. Acho que com aquela coisa do drama habitual (e real) conseguem mobilizar muito mais pessoas do que a fazer humor..."

Hoje fui ao Continente e, pela primeira vez senti uma enorme vontade de comprar um saco de pano em vez de trazer aqueles sacos todos de plástico. Talvez pela abordagem diferente (da qual eu até nem gostei muito), não sei... o certo é que resultou. Se resultar com mais uma pessoa graças a este post, já ficarei contente. Porque essa pessoa pode fazer com que resulte com outra. E a outra com ainda outra...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Uma situação deveras preocupante, por Mau-Maria!


Neste meu regresso das trevas, do mundo escuro e triste dos exames, venho trazer-vos mais uma preocupação. Lamento por vocês e por mim, mas como isto é um blog sobre tudo (ou um blog sobre nada) e é, sobretudo, um espaço de partilha, aqui vai:

Isto do blog é tudo muito bonito. Acontece que tenho ganho bastantes "inimigos". Começando pelo Niga, passando pelo Teixeira e por uns quantos mitras e sangokus, a coisa foi-se tornando cada vez mais negra.

O que me traz aqui hoje é a vontade de tanta gente em esfregar-me na cara as coisas que aqui vou escrevendo. Qualquer dia acontece-me o mesmo que ao Mário Crespo, à Manuela Moura Guedes...

Esta preocupação tem-se acentuado nos últimos dias:

Tenho muitos benfiquistas a dizer que no final da época cá virão "re-postar" as minhas bocas quando o Jesus assinou pelo Glorioso (Argolinhas e Pablito10 foram os que demonstraram a maior sede de vingança). Do mal o menos. Esta é aquela profecia que eu espero que se realize...

Por outro lado há os portistas que cá vinham comentar todos os textos sobre futebol. Esses são "inimigos" crónicos. Curiosamente, estes ficaram sem vontade de comentar as escutas ao Dr. Jorge Nuno que, já se sabe, nada provam. Dentro desta vasta fauna destaco os sempre irados PMinistro e El Gordo.

Numa espécie em vias de extinção aparece-me também o Gordo e Feio que, sempre que a conversa é sobre futebol, tem a opinião contrária à minha.

Mas não é isto que me tem preocupado. A espécie protegida que me inquieta é a dos zebordinguistas. Aqui destaco elementos desaparecidos destes meios, como o Moutinho, o Pitt, o JB... Lembro-me perfeitamente que o Moutinho chegou mesmo a dizer que me "ia esfregar na cara tudo o que eu tinha escrito de mal sobre o sporting". Porque o zbording ia dar a volta por cima, claro está.

E é este o clube que me tem impedido de dormir. Polémicas à parte, não é bom saber que estes fanáticos têm como figuras do clube o temível boxeur Sá Pinto e o enorme Levezinho. Perante as contratações de Inverno (sim, o clube onde não havia dinheiro foi o que mais gastou a nível europeu no mercado de inverno, salvo erro...) comecei a temer que esta ameaça do Moutinho [o do blog, penso que o outro ainda não ameaçou ninguém] se tornasse realidade.

E é por isso que o medo me tem acompanhado. Ao ponto de nem conseguir dormir. Dou-vos um exemplo: tinha dois exames na Quarta-Feira e não preguei olho a noite toda. Não sei bem porquê, passei a noite com uma música a ecoar dentro da minha cabeça. Deixo-a aqui para que possam tentar decifrar o porquê da minha noite mal passada:


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

9


Espero. Não. Nem espero nem já despespero.

Estou aqui prostrado à espera que a vida, ou a morte?, decida o que fazer comigo.


Estou preso. Preso à realidade que a minha vida é real como ela é. Que só posso voar enquanto durmo, que só ganho asas enquanto sonho. E quando me drogam. Eu não preciso daquilo. Não me apaga as dores mentais, só as físicas. Não me serve de nada, estou a morrer. Vou morrer às 22h de dia 7. está quase já me vou poupar de todo este sofrimento, de todo este martírio, desta espera, deste desespero, de não saber o que querem de mim, porque não me poupam. Quais os desígnios daqueles que podem mudar o mundo? Não o mundo, mas o meu mundo. Não que possam fazer muito vou morrer mas nem me tiraram estas correntes Estas correntes que me prendem... Que não me deixam sair o pequeno do quarto do vão da escada. Está outra vez de castigo. O senhor da casa havia-o apanhado a ler o jornal, ou a tentar, supunha ele. Só os escolhidos podem ter educação. Olha para ti, achas mesmo que és um deles? Vais para a despensa e só sais de lá quando eu me lembrar que me esqueci de ti, falava o homem com a altivez e arrogância de um dos homens do Regime. Os Homens. Aqueles que proclamavam a necessidade de um mundo melhor, onde tudo é como devia ser. A pobre mãe do rapaz é que não está como devia ser pobre coitada a chorar e a trabalhar a trabalhar e a chorar Não tem por onde sair do buraco onde se meteu a ela e ao seu filho.


Quem sou eu O que sou eu Onde estou eu Quando estou eu. Não sinto não cheiro não vejo não ouço. Sou quase nada e a data deve estar a chegar. Finalmente vou para a guilhotina, mostrar-lhes que nem tudo é como eles querem. Quero. Cigarro. Já. JÁ!


Meu Deus, devo estar louco...

8


Será que é esta a sensação de não sentir Não sentir Fico isolado do mundo mas quando deixei de o fazer


Já não sei quem sou o que sou o que serei Nada serei mais o que seria de mim Quem seria eu se não morresse Dava tudo para me redescobrir partir em busca de mim do mundo do que sou partir para fora fora desta prisão deste país que me retém refém Partir para a Ásia para a Europa para onde quer que seja fora apenas fora daqui Queria apenas saber quem sou ir-me embora daqui Farto das pessoas das ideias das hipocrisias que vivo todos os dias


Já nem sinto por isso para quê Não sinto o mundo à minha volta mas a diferença não é grande já teria eu deixado de sentir Será que sentimos no nosso dia-a-dia Na vasta intensidade e fluxo de sentimentos de responsabilidades do quotidiano em que todos temos mil e uma coisas para fazer a velocidades inacreditáveis em que pura e simplesmente não paramos Não paramos para pensar para sabermos quem somos para sentirmos o que somos Mas não é o fim


Quanto tempo faltará Quanto tempo faltará para a minha execução para o extermínio da minha identidade da minha humanidade? Para o fim?

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