sábado, 30 de abril de 2011

Faz a tua [Queima]


Há um ano atrás, neste mesmo dia, fazia aqui um post a elogiar os cartazes da Queima das Fitas 2010. Pois parece que a análise desses cartazes vai virar tradição...

No ano passado a aposta foi em frases fortes aliadas a uma simplicidade gráfica. O preto e o branco sobre um fundo negro eram quanto bastava para o impacto ser (maior que) o esperado. Este ano a aposta foi outra.

O choque parece ter sido a aposta para 2011: as conjugações de cores (o fundo amarelo com as letras vermelhas é o melhor exemplo) e os desenhos a conferirem segundos sentidos acabam por deixar o conteúdo das frases para um plano secundário.

Quanto à minha opinião é simples: estas frases são menos marcantes que as do ano passado. Mas não me parecem menos válidas. Um cartaz no estilo do ano passado com a frase (deste ano) "Queima: Faz a tua" parece-me um cartaz apelativo. Um cartaz que, como acontece, associa à frase o Bob Marley remete para o segundo significado relacionado com a droga.

O mesmo para o cartaz com o Michael Jackson e a frase relacionada com o escândalo da pedofilia: "A Queima não é para meninos". Ou mesmo a belíssima frase "Traz um amigo também", onde era desnecessária a politização que lhe é colada com a imagem do grande Zeca Afonso.

Posso ser eu o careta. Mas continuo a ser fã da simplicidade: branco no preto e com frases fortes. Acho que a aposta no choque e nos segundos sentidos acabaram por tornar uma campanha que seria positiva numa campanha em que as piadas de mau gosto imperam. 

PS: A propósito da Queima convém ainda dar os parabéns pela dinamização do seu Facebook oficial durante este ano. Foi, sem dúvida, uma mais-valia e uma animação nesta preparação para a grande semana. Ah... e parabéns também pela grande quantidade de actividades (e dos seus cartazes) promovidas. Nota-se a evolução na organização de ano para ano!





Arte de Rua


Esconde-se normalmente sob o vulto da criminalidade e é, por isso, pouca a atenção que na Europa prestamos a este tipo de coisas. É óbvio que é crime andar a pintar as paredes das casas. E é também óbvio que isso tem de ser punido e combatido. Mas se passearmos pela Lapa prestando atenção às paredes vemos coisas tão bonitas que nos fica a dúvida se aquilo será ou não autorizado pelas autoridades locais. Esta é uma dúvida que ainda não consegui esclarecer: o que vemos pela Lapa são paredes cedidas para que as pessoas possam expressar a sua arte ou são os próprios artistas que se dão asas à sua criatividade nas mesmas?

Como dizia acima, em muitas cidades este tipo de arte de rua é visto como uma coisa suja. Talvez no Rio o seja também, daí a falta de pessoas a olhar para ela com um olhar diferente. Felizmente, graças à já referida A Alma Encantadora das Ruas (neste post), eu pude olhar para aquelas paredes de uma maneira diferente.

Quando viajamos pelas ruas da Lapa durante o dia temos a oportunidade de ver enormes paredes com pinturas grandiosas, belas, imponentes. É por lá que vemos dos mais diversos tipos de “quadros ao ar livre”:

Uma parede, outrora branca, hoje pintada de forma a imitar a fachada de um prédio – e que, do outro lado da estrada, causa uma ilusão de óptica engraçada, porque engana de verdade.

Outra parede, velha e cheia de pinturas degradadas, na qual sobressai uma: estão representadas diferentes pessoas, umas dançando, outras jogando futebol, outras brincando, fazendo ginástica, andando de bicicleta… e com uma dedicatória “ao povo carioca”.

Ainda outra pintura, com uma mulher grávida sentada a tocar viola e a cantar. Ao lado, o artista Selarón, com uma frase da sua autoria e um quadro na mão que diz:

“Viver na favela é uma arte.
Ninguém rouba.
Ninguém escuta.
Nada se perde.
Manda quem pode.
Obedece quem tem juízo”.

Uma outra, fantástica, com um miúda de castanho a olhar para nós de ar assustado e com um rolo de fotografias aberto ao seu lado, com três crianças a sorrir.

Ou aquela pintura que começa na parede, passa pelas portas e continua do lado seguinte da parede, onde se vê um homem a tocar viola e palavras coloridas por trás a exultar a lapa, a liberdade, as raízes do povo carioca.

A que, em tons de azul, com as casas a negro e a cinzento conta com palavras soltas como Paz, Amor, Vida, Tempo… e duas pessoas no cimo das casas, de mãos dadas e a cantar com o céu azul como fundo. Uma tem um coração na mão, a outra aponta para o ar, no qual se levantam palavras coloridas. Esta tem um poema no canto, que tinha um poema de Uriel Coelho Barbosa chamado “Tempo”, no qual se lia:

“Tempo que vai e volta
Tempo da vida
Tempo de beber, comer e morrer
Tempo que passa pelos nossos olhos.”

É esse o nosso tempo. No Rio ou em qualquer outra parte do mundo. Mas no Rio, e estando apenas num programa de intercâmbio, o tempo é tão curto que passa pelos nossos olhos a uma velocidade impressionante. E que pena seria sair do Rio sem aproveitar estes autênticos museus ao ar livre que são os das pinturas anónimas espalhadas por toda a cidade…

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Havia dúvidas?


Um conselho: deixem os nacionalismos radicais (que só revelam no que não interessa) e desfrutem de um dos melhores jogadores da história do futebol.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Bons tempos em Copacabana...

 

Casa.

22 horas.

Que fazer? Raios, que havemos de fazer hoje?!

Não sou de dançar, não sou de cantar – ou talvez até o seja, mas o ambiente para os que me rodeassem tornar-se-ia insuportável caso o fizesse –, não sou gajo para ir para uma boite (discoteca em português) até às tantas da manhã.

"Já sei. Copa!" Mensagem no facebook para os amigos do costume e siga p’ró calçadão beber caipirinhas a 3 (no início da minha estadia) ou 4 reais (no final, que os preços aumentaram…).

Assim foi. Era o festejar do aniversário de um amigo espanhol. Na verdade era o 3º festejo de aniversário da mesma pessoa no espaço de duas semanas. Pouco importa. Todas as desculpas são boas para uma noite daquelas…

O conceito é simples: boa companhia, uma paisagem fantástica num calçadão em cima da praia, boas caipirinhas e uma música baixinha como fundo. Havia aulas no dia seguinte, por isso a festa foi curta.
À meia-noite brasileira o Espanhol fazia anos. Festejos!

“Cumpleaños felices, cumpleaños felices, te deseamos todos… CUMPLEAÑOS FELICES!”

Que proeza a de conseguir passar a meia-noite em plena praia de Copacabana acompanhado de caipirinhas e de bons amigos portugueses, franceses, peruanos, espanhóis e cariocas.

“Pero en España son 3 horas más. Lo que quiere decir que son 3 de la mañana en España!”
“E então, Espanhol?”
“Es que nací por las 3 horas e medio de la mañana ESPAÑOLAS! Entonces si nos quedamos aquí media hora más podré festejar la hora de mi nacimiento!”

E lá esperámos meia hora para celebrar pela quarta vez em duas semanas o aniversário do Espanhol. Os festejos foram tantos que já não sei em quais deles acabámos com um mergulho nocturno no mar.

O dia seguinte era duro. As 7 e meia da manhã já eu estava na aula, na qual se discutia Kant. Porém, para mim, a reflexão era outra. O sono era grande e o sacrifício imenso. Só a felicidade me moldava o pensamento de forma a que tudo se tornasse não só suportável, como agradável: “Que a manhã custa é verdade… Mas caramba, esta já ninguém me tira!”

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Mais um vídeo fantástico sobre Sócrates...


Vídeo do 31 da  Armada.

Vale a pena dizer mais alguma coisa? Continuem, continuem... ontem já aparecia na frente de uma sondagem da TSF. Não me surpreende. Vivo em Portugal...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Pare, Escute, Olhe


Quando vejo filmes como o já aqui postado Aquele Querido Mês de Agosto, ou Pare, Escute, Olhe há algo que em mim muda. São filmes diferentes daqueles a que estamos habituados - o segundo é um documentário - e é isso que, para mim, os torna tão especiais.

Pare, Escute, Olhe é um filme-documentário de Jorge Pelicano sobre a - tão bela - linha do Tua. Não é o lado político que quero explorar, mas sim o que de comum têm estes dois filmes tão portugueses: o facto de revelarem, profundamente, Portugal.

Naqueles filmes a grande preocupação é conseguir que através de diálogos entre pessoas de uma mesma terra se consiga construir uma história. E é esse lado que me parece impressionante e tocante: a forma como as pessoas ficam ali tão reais, como é possível sem representação construir um filme interessante do princípio ao fim. Chegamos ao final e pensamos: "caramba! Eu mesmo poderia ter feito este filme...".

Porque o que vemos no filme é o nosso avô, o nosso amigo, as pessoas da terra onde jogamos futebol, o pessoal sem formação. É a vida que nos passa ao lado vista daqui, das cidades. Daqui, do "desenvolvimento".

E, porém, aquelas pessoas, aquelas vidas, aqueles problemas são bem reais e existem bem próximo de nós. Quando vejo aqueles filmes sinto que, de facto, o maior mérito da arte é conseguir suscitar sentimentos em quem a aprecia. E eu dormi bem disposto e sonhei (a dormir e acordado) que um dia seria capaz de transmitir assim o que as pessoas falam, sentem e pensam...

sábado, 9 de abril de 2011

Marketing, por Chupa Chups



Para ser sincero já não consigo ouvir o Socas. Aquela voz dá-me náuseas. Todas aquelas palavras são pensadas, todo este papel de vítima é não mais do que isso - um papel -, todas as preocupações com a imagem se destinam a uma coisa: vender um político como quem vende chupa-chupas.

As pessoas riem-se do vídeo em que se vê o homem a perguntar ao Luís se fica melhor a olhar para um sítio ou para o outro. Eu não consigo rir. Isto revela simplesmente o quão estudada está a sua estratégia. Preocupa-se até com os pequenos pormenores, revela conhecimentos profundos sobre coisas que nos passam despercebidas.

A última evidência disto mesmo foi o facto de, no (repugnante) congresso do PS - em que o zé se encarregou de passar a ideia de que todo o trabalho de 6 anos de governo foi destruído por causa de uma decisão da oposição - os jornalistas terem sido proibidos de se aproximar para tirar fotos ao socas. 

Porquê? Porque as únicas fotos permitidas seriam aquelas tiradas pelos profissionais de marketing e imagem da campanha do ex e (creio) futuro Primeiro Ministro deste país (sim, com "p" minúsculo). O mais incrível? É que o DN aceitou participar na manobra de marketing publicando a foto que a equipa de imagem desejava...

Uns vendem chupa chupas, outros vendem políticos. Mas, neste país, eu acho que será mais fácil o segundo... por isso, como gosto de marketing e me quero preparar para o meu futuro, já comecei a estudar aquele que deverá ser o meu público-alvo daqui a uns anos:

"O asno (Equus africanus asinus), chamado ainda de burro, jumento, jegue ou asno-doméstico é um mamífero perissodátilo de tamanho médio, focinho e orelhas compridas, utilizado desde tempos pré-históricos como animal de carga. Os ancestrais selvagens dos asnos foram domesticados por volta de 5000 a.C., praticamente ao mesmo tempo que os cavalos, e desde então tem sido utilizados pelos homens como animais de carga e montaria.

Os asnos se classificam dentro da ordem dos Perissodáctilos, e à família dos Equídios, à qual também pertencem os cavalos, pertencendo ambos a um único gênero Equus."

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