segunda-feira, 27 de julho de 2009

O Homem da cadeira (Série 2, Ep.01)


Para aqueles que têm acompanhado a série Figueira Pie, aqui vos deixo mais um episódio imperdível que vem dar continuação a esta saga.

Depois de ler os últimos episódios questionava-me sempre: como é possível acontecer tanta coisa digna de post, em tão curto espaço de tempo? A verdade é que acabei por ter a felicidade (ou infelicidade, ainda estou para perceber) de obter a resposta a esta minha dúvida na primeira pessoa.

Tudo começou na última sexta feira. Estava a ser uma semana fantástica! Tinha dedicado o meu tempo única e exclusivamente na tentativa de ganhar um bronze minimamente apresentável. Bem... mas, nesse dia, encontrei a dupla protagonista de Figueira Pie com PMinistro no areal da Figueira. Foi um efeito curioso.

Ia eu a meio da minha corridinha à beira-mar quando, de relance, avisto três marmanjos com cara de quem não faz nada da vida. Nisto forcei um pouco a vista, foquei aquela imagem e logo me deparei com a personagem-mor completamente a fritar. Lá estava ele, João Moutinho, imbuído em óleo da cabeça aos pés, ainda branco como cal da parede. Fiquei em êxtase! Senti ali que, de alguma forma, a minha vida ia mudar para sempre! Ali estavam eles, na primeira pessoa, as personagens principais da fantástica série Figueira Pie que por inúmeras vezes me tinha deixado colado ao monitor do meu portátil e ansioso enquanto aguardava por um novo episódio!

Fui ter com eles. Conversámos, rimos e, entre muitos assuntos, falámos no VaiPaSelva. Estava tudo a correr bem, até que João Moutinho teve a melhor intervenção de sempre, em que me questiona: “Ranhoca, como é? Hoje vamos apanhar a puta?”. Fiquei perplexo. Durante toda a conversa ele insistia nesta expressão e eu teimava em não a perceber. Fiquei preocupado porque tinha consciência da minha condição física e admito que em sprint qualquer chulo era capaz de me alcançar e duvido que tivesse resistência suficiente para acompanhar uma puta em alta correria. Nisto, ele rectificou antes que eu soltasse uma sílaba: “A sério, sai connosco. Vamos beber uns copos e curtimos a noite da Figueira”.

UFA!! Fiquei super aliviado e com isto soltei logo um "SIM!" sem pensar, porque estava convencido que tudo era melhor que apanhar uma puta!! Mais tarde, viria a perceber que, se calhar, deveria ter pensado melhor antes de ter dado aquela resposta.

Eram 23h e João Moutinho e Argolinhas aguardavam-me na estação de comboios da Figueira da Foz. Estava a chegar de Coimbra, pois tinha ido lá fazer a mala visto que o João Moutinho me tinha convidado para passar a noite em sua casa. Sentia-me cansado. Não adivinhava grande noite, para ser sincero.

Começámos no casino. Sentia-me cansado, admito, mas toda aquela azáfama me animou. Decidi arriscar no BlackJack. É um jogo que gosto de ver e já me tinha dado uns trocos umas noites atrás. Esta noite não foi excepção. Saí de lá a lucrar 25eur. João Moutinho teve de se contentar com um pouco da minha felicidade, para compensar o dinheiro que perdeu na roleta... “Que tolo”, disse eu, “Ninguém aposta na roleta. É uma estupidez!!” . Mais uma vez viria a arrepender-me de ter dito tal coisa.

Contentes e felizes fomos encharcámo-nos em canecas de cerveja. Tudo isto para aquecer. Subimos ao Picadeiro e fomos directos às litradas. Meu Deus! Quando demos conta, João Moutinho tentava convencer toda a gente que era aluno de Gestão e que tinha feito Contabilidade com uma perna às costas. Mas quando digo toda a gente, é mesmo TODA a gente. Mesmo quem não era de gestão era obrigado a sabê-lo.

Eu permanecia calado e quieto, enquanto as espanholas se pavoneavam à entrada com altos decotes. A todo o instante decidia arriscar, mas havia sempre um zum-zum a lembrar-me que não podia ter daquilo. “Ranhoca, aquilo só se conduz com carta de pesados e tu só tens de ligeiros, e mesmo essa não dura muito tempo”. Triste…

Com isto convenci a malta a sair daquele antro de perdição e rumar para outras paragens. SHOTS! Senti que andámos quilómetros até termos encontrado o bar dos shots baratos. Os efeitos das litradas estavam à vista. João Moutinho já vinha a cantar e a dar indicações aos carros em como estacionar e Argolinhas vinha com uma cadeira de esplanada às costas! Uma cadeira! Deitei as mãos à cabeça!

"No que isto vai dar..." Eu também contribuía para aquele berreiro parvo. Seguimos para os shots. No último shot, lembrei-me que o Casino ainda deveria estar aberto e digo ao Moutinho “Moutinho, hoje é a nossa noite de sorte. Saí de lá com 25 euros, mas agora vamos lá e com 10 euros vamos ficar ricos”. Moutinho nem recuperou o fôlego do penalty de absinto e respondeu logo, “Siga! Mas temos que ir já que daqui a 20min fecha!”. Lá fomos nós.

O berreiro continuou à saída do bar. Em todo o instante soltava-se a veia benfiquista de João Moutinho a gritar pelo grande Benfica. Senti ali que o álcool por vezes se comporta como elixir da sinceridade.

Chegados ao Casino, fomos logo barrados pela polícia. "Oh jovens, de onde é que vem essa cadeira que traz às costas?!". “Meu Deus, polícia não, pf” –, desejei eu com todas as minhas forças. Mais uma vez iria-me arrepender de ter desejado tal coisa. Dissemos que nos tinham fornecido a cadeira e apontámos para a primeira cara de empregado de mesa que se encontrava nas redondezas. “Vá, então se querem entrar vão lá entregar a cadeira ao Dono”, lá fomos nós, então, directos ao tipo a quem apontámos e a tentar desenhar uma desculpa minimamente plausível.

Por unanimidade, a decisão foi sermos sinceros. Dirigimo-nos ao homenzinho e desbobinámos a desculpa previamente articulada. Depois de soltarmos todo aquele discurso, eis que nos responde, “Iu non perceber protuglesh, Russian”. Meu!! Maldita hora em que falou na Russia. Naquele momento todos nós falámos russo. Falámos em Arshavin, perguntámos se ele era filho de Putin, falámos de tudo... Nisto ele reconsiderou e depois de termos dito que adorávamos Vodka sentiu que havia ali como uma sintonia e ficou com a nossa cadeira.

E aí, em coro e a plenos pulmões, fomos cantando:
"Eu vou, eu vou, p'ró Casino agora eu vou! Caratchipum caratchimpum! Eu vou, eu vou agora eu vou!"

6 comentários:

PMinistro disse...

O melhor/pior ainda estava para vir xD

Anónimo disse...

essa é a segunda parte xD

Kikas disse...

"...grande Benfica...elixir da sinceridade." Há aqui qualquer coisa que não bate certo, mas enfim.

Duvido que o Moutinho tivesse conseguido convencer alguém de Gestão que tivesse feito Contabilidade com uma perna às costas...vê-se mesmo que não sabe o drama de um estudante de Ciências Empresariais...nem com um pé, quanto mais com uma perna.

Sweety*** disse...

o joao moutinho ainda vai gritar muito pelo benfica :D

Anónimo disse...

ainda não acredito naquilo que se passou

Mau-r-à-dona disse...

E que tal fixar um horário para a publicação de posts desta segunda série?

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