Regressei a casa. Com o dinheiro que tinha amealhado naqueles anos de civilização levei alguns luxos de que sentiria falta: chocolates, umas bolas de futebol, umas roupas... e muitos livros. Antes de partir tinha enviado duas cartas: uma para o Patorras e outra para o Sakunga a informá-los de que partira e porquê.
Foi emotivo. Já não via os meus pais há anos e anos... aqueles miúdos com quem jogava à bola estavam agora crescidos e serviam de guias na Selva. Conheciam-na como ninguém. Foi graças a eles que cumpri aquela grande vontade de entrar Selva dentro e conhecer os recantos escondidos. Tive tempo desde que voltei. Levaram-me a sítios fantásticos.
Faltavam-me o João, o Patorras e o Sakunga... mas finalmente, de regresso a casa, tinha recuperado a alegria de viver. Jogava futebol com os miúdos e com os graúdos (enquanto o corpo me permitia), conhecia a Selva, lia, sonhava...
Percebi o quão importante tinha sido para mim aquele sofrimento fora da Selva. Não, não tinha sido tempo perdido. Tinha sido tempo de sofrimento, de tristeza, de solidão...
Mas foi também um tempo em que aprendi muito. Aprendi a sofrer, a chorar. E com isso aprendi a dar valor ao sorriso, à felicidade. Aprendi a controlar o tempo: conseguia transformar o mais belo dia de sol no mais triste dia de chuva. E agora, aprendera a transformar os dias de tempestade da Selva em fantásticos dias de sol.
Lembro-me que na minha infância as tempestades me enchiam de medo. A mim e a todos os outros. Agora, tudo isso mudara. Quando havia uma tempestade era dia de festa na Selva.
Juntávamo-nos todos na Casa Grande. Acendíamos uma fogueira e viravam-se todos para mim. Aquecíamos o chocolate que de quando em vez ainda mandava vir para dias assim. E era lindo ver todos aqueles, velhos e novos, brancos e pretos, doentes e saudáveis a olhar para mim em silêncio com o seu chocolate quente na mão e tapados por umas mantas. Só uma voz ecoava entre as quatro paredes da Casa Grande: a minha. E quando eu os embalava e me deixava embalar pela leitura de um novo livro era lindo ver os raios de sol a entrar naquela tenda, pelo meio da tempestade.
Quando parava de ler já uns sonhavam com a história que acabara de contar, outros imaginavam-se parte dela e outros ainda saíam em silêncio para o meio da tempestade que acabara. Já não se sentiam com medo, já não tinham frio, já não estavam tristes...
Todos eles no dia seguinte acordavam a pensar numa frase:
Foi emotivo. Já não via os meus pais há anos e anos... aqueles miúdos com quem jogava à bola estavam agora crescidos e serviam de guias na Selva. Conheciam-na como ninguém. Foi graças a eles que cumpri aquela grande vontade de entrar Selva dentro e conhecer os recantos escondidos. Tive tempo desde que voltei. Levaram-me a sítios fantásticos.
Faltavam-me o João, o Patorras e o Sakunga... mas finalmente, de regresso a casa, tinha recuperado a alegria de viver. Jogava futebol com os miúdos e com os graúdos (enquanto o corpo me permitia), conhecia a Selva, lia, sonhava...
Percebi o quão importante tinha sido para mim aquele sofrimento fora da Selva. Não, não tinha sido tempo perdido. Tinha sido tempo de sofrimento, de tristeza, de solidão...
Mas foi também um tempo em que aprendi muito. Aprendi a sofrer, a chorar. E com isso aprendi a dar valor ao sorriso, à felicidade. Aprendi a controlar o tempo: conseguia transformar o mais belo dia de sol no mais triste dia de chuva. E agora, aprendera a transformar os dias de tempestade da Selva em fantásticos dias de sol.
Lembro-me que na minha infância as tempestades me enchiam de medo. A mim e a todos os outros. Agora, tudo isso mudara. Quando havia uma tempestade era dia de festa na Selva.
Juntávamo-nos todos na Casa Grande. Acendíamos uma fogueira e viravam-se todos para mim. Aquecíamos o chocolate que de quando em vez ainda mandava vir para dias assim. E era lindo ver todos aqueles, velhos e novos, brancos e pretos, doentes e saudáveis a olhar para mim em silêncio com o seu chocolate quente na mão e tapados por umas mantas. Só uma voz ecoava entre as quatro paredes da Casa Grande: a minha. E quando eu os embalava e me deixava embalar pela leitura de um novo livro era lindo ver os raios de sol a entrar naquela tenda, pelo meio da tempestade.
Quando parava de ler já uns sonhavam com a história que acabara de contar, outros imaginavam-se parte dela e outros ainda saíam em silêncio para o meio da tempestade que acabara. Já não se sentiam com medo, já não tinham frio, já não estavam tristes...
Todos eles no dia seguinte acordavam a pensar numa frase:
"Porque o Mundo somos nós que o fazemos..."
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Momento histórico no VPS
1 - A Selva
2 - O homem que deitava fogo pela boca
3 - We have a dream
4 - A Prenda
5 - O Novo Mundo
6 - Três Caminhos
7 - O Mundo era eu quem o fazia
8 - A minha primeira carta
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7 - O Mundo era eu quem o fazia
8 - A minha primeira carta
Fotografia tirada do site http://olhares.aeiou.pt/
8 comentários:
fabulous...
Amei este texto, como o último e o anterior...
Fantástica a ideia da evolução da escrita "acriançada", como lhe chamavas no início para isto, agora...
Está mesmo muito bonito, cheio de conteúdo e de segundos sentidos por trás de uma escrita elegante e que nos prende. Amanhã é o penúltimo, certo?
E tenho de acabar o meu comentário como acabo quase sempre:
Amanhã a que horas?
;)
Mau tu ficas para a historia meu irmão!!
As 11 lol :)
Não qero qe a história acabe :'x
Mau, presumo que já tenhas alterado algumas coisas de forma a alargar este "livro" ou pensado numa segunda série... ou é preciso fazermos uma petição??
E continuo sem saber qual foi a prenda xD
...fiquei a pensar na parte "aprendi a sofrer, a chorar"...
às 11 asus ;)
Não mudei nada, kikas... pensei nisso várias vezes mas preferi deixar como estava.
Atenção que amannha o capitulo e brutal xD
E quanto a 2ª serie... nao me parece, a serio ;)
E nem sabes o quão feliz me deixas quando te vejo a ti a comentar, pitt ;D
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