segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Sonhos Perdidos

1 - A Selva


Selva. O perigo esconde-se à espreita. A qualquer momento, do meio do barulho das árvores a abanarem ao vento, pode surgir qualquer coisa. Um caçador, um animal, até um selvagem ou um canibal.

Assim era quando Vola nasceu. Para ele a Selva era um mistério. Era, ao mesmo tempo, aquilo que mais o assustava e que ele mais desejava. O Vola-de-Neve nasceu numa aldeia perdida algures na Selva. Chamava-se assim porque a mãe, que o fora registar, trocava os B's pelos V's. Nascera pobre, algures num recanto perdido da Selva Africana.

Cresceu com uma bola de trapos nos pés e rodeado de meninos que nasceram na sua aldeia. Foi numa clareira que Vola passou a sua infância e que tantos amigos fez. E foi também aí que conheceu o Patorras e o Sakunga. Sempre foram os melhores amigos e sempre foi o trio que mais brilhava com a bola nos pés: a tripla VPS!

Sempre lhes foi proibido o acesso à Selva. Se queriam brincar podiam fazê-lo na aldeia ou na clareira. Tinham comida trazida pelos pais nos dias de caça e de pesca, um riacho, uma bola de trapos e uma clareira onde podiam jogar futebol. Que mais poderiam querer?

E assim viviam os 3, desconhecendo que o mundo era bem mais que aquela clareira, aquelas casas de pau e aquela Selva tão assustadora quanto tentadora. Mal eles sabiam que tinham um mundo para descobrir, uma vida inteira pela frente...
2 - O homem que deitava fogo pela boca

Foi num dia de sol que eu [Vola], o Patorras e o Sakunga vimos um homem branco. Vinha com qualquer coisa a deitar fogo na boca e com o corpo coberto por umas coisas esquisitas. Falava um língua estranha. Viemos a saber mais tarde que aquilo que o senhor falava se chamava "português". E que o que tinha vestido era a "roupa". E na boca trazia um cha.. chaar... "charuto"!

E foi esse senhor que viria a mudar a nossa vida. O senhor chamava-se João. Passou uns dias connosco e foi-se embora. Mais tarde voltou e instalou-se definitivamente na nossa aldeia. Explicou-nos que inicialmente era um "turista" e que ele era "professor". Nenhum de nós sabia o que aquilo era.

Passados uns tempos com ele já nos entendíamos minimamente.
- João, para que serve a roupa que só tu trazes vestida? - perguntei.
- Serve para duas coisas: para não ter frio e para ficar mais bonito.
- Mas aqui ninguém tem frio e não usa roupa. E para ficar bonitos andamos assim, de tanga. - replicava o Sakunga.
- Ah, já sei! Os brancos têm vergonha de andar como nós porque são brancos! Querem ficar parecidos connosco, mais pretos! - exclamava o Patorras.
- Talvez seja isso, meninos... talvez seja isso. - explicava o João não disfarçando um sorriso.
- E o charuto, João? Para que serve?
- Hmmm... o charuto... O charuto faz mal. As pessoas que fumam fazem mal à sua saúde... À sua e à dos outros! Mas também não sei bem para que serve... Só que, sabes, habituaram-me assim, lá no sítio onde nasci...
- E onde nasceste?
- Em Portugal. Na Europa!
- E lá em Portugal as pessoas andam todas vestidas para ficarem bonitas e fumam charutos para se matarem?
- Hmm... Todas não. Mas muitas sim... - disse o João, pensativo.
- São estranhas as pessoas da tua terra, João...

3 - We have a dream

Um dia, estávamos nós com o João e começamos a ver chegar outros brancos. Pareciam conhecidos do João. Vinham vestidos como ele tinha vindo quando chegou. "Mais turistas", pensei...

Eram, de facto mais turistas. Mas passaram a vir mais e mais... Eles gostavam de visitar a nossa aldeia, sabe-se lá porquê. E foi isso que, um dia, eu perguntei ao João:
- Porque é que os brancos gostam tanto de visitar a nossa aldeia?
- Porque é diferente dos sítios onde eles vivem...
- A selva deles é diferente da nossa?
- Não, Vola... Eles nem têm Selva! Vivem em cidades.
- O que é uma cidade, João?
- Nunca viste uma cidade? Vem comigo, então... Vou-te mostrar umas fotografias da minha terra.
- Umas quê? - perguntei...

Ele não respondeu. Limitei-me a chamar o Patorras e o Sakunga e fomos todos atrás do João.

E esse, posso dizê-lo, foi o dia que mudou a minha vida. Fiquei apaixonado pelas gentes, pelas casas, pelas tradições, pelas histórias que o João nos contava.
- Imaginem, meninos, que há gente que consegue ficar rica a jogar futebol, como vocês fazem... - explicava-nos ele.
- A jogar futebol?! Que fixe... - respondíamos os três com ar sonhador...

E passou a ser esse o nosso sonho: "Um dia vamos jogar futebol numa equipa da Europa e vamos ser ricos e felizes!"

4 - A Prenda


A partir daquele dia passámos a olhar os turistas de uma forma completamente diferente. Cada turista deixara de ser apenas uma pessoa que vinha visitar a aldeia. Cada uma daquelas pessoas podia ser uma porta para o Mundo, para o realizar do nosso sonho: ir para a Europa jogar futebol.

E, um dia, organizou-se um jogo entre turistas e nativos. Eu, o Patorras e o Sakunga brilhámos e fizemos jus ao nome da tripla VPS. Nessa mesma tarde o João vem ter connosco na companhia de um branco. Explicaram-nos que aquele senhor nos tinha visto jogar e que gostava de nos levar para uma equipa portuguesa. Aos 3! Não pensámos 2 vezes e largámos tudo. Fomos apresentados no clube uma semana depois.

Mas antes disso, o João chama-me e diz-me:
- Vola, guarda isto e não digas a ninguém que fui eu que to dei.
- Mas o que é isto? - perguntava eu enquanto me preparava para abrir o embrulho.
- Não abras! Leva-o contigo e nunca o percas. Só te peço que só o abras quando voltares à aldeia, um dia, depois de eu morrer... E mais uma coisa: quando chegares a Portugal vais procurar uma coisa que se chama livro. Pedes ajuda a alguém para to dar. Aí vais perceber porque te ensinei a ler...
- Está bem... - respondi, sem saber muito bem o que pensar daquilo tudo...

5 - O Novo Mundo

Chegámos a um novo mundo para jogar nos escalões jovens desta equipa de topo. Muitos sonhos pela frente numa realidade completamente nova. Instalaram-nos aos 3 no mesmo quarto. Inscreveram-nos, também, na escola.

Já tínhamos aprendido a ler e a escrever com o João, bem como a fazer contas e outras coisas mais básicas. E foi num desses dias de escola que nos deram a conhecer a tal coisa de que o João me tinha falado: o LIVRO!

Lembro-me que mal ouvi essa palavra comecei a ouvir a professora com toda a minha atenção. Ia finalmente descobrir o que havia de tão especial num livro. Porque queria o João que eu procurasse um livro quando cá chegasse?

- O Livro é um amigo - dizia a professora.

"O Livro é um amigo. O Livro é um amigo." Aquelas palavras ecoavam na minha cabeça. No final da aula fui falar com a professora. Queria que ela me desse um livro. Ela foi comigo a uma livraria e deu-me um escolhido por ela.

Nessa noite não dormi. Comecei a ler e não mais parei até que me chamaram para tomar o pequeno-almoço e ir treinar. Tinha descoberto um mundo novo, um poder especial. Tinha finalmente entendido o pedido do João. Ele queria mostrar-me o que de melhor há na civilização: o livro.

Comecei a desleixar-me no futebol. Ao contrário do Patorras e do Sakunga eu tinha descoberto uma nova paixão, tinha renovado os meus sonhos. A partir de agora queria ser professor. Como o João. Queria ler, queria aprender, queria... ensinar outros meninos como a mim me ensinaram um dia.

6 - Três caminhos


Estávamos num treino quando, de repente, vimos um colega nosso a contorcer-se no chão com dores. Tinha-se lesionado gravemente no joelho. Aquela expressão de dor marcou especialmente o Sakunga.

Ao notar o efeito que aquele momento tinha tido no meu amigo decidi levá-lo a uma biblioteca. Mostrei-lhe alguns livros do corpo humano. Leu-os de uma ponta à outra. Depois mostrei-lhe alguns de medicina pensando, sinceramente, que ele não ia achar piada nenhuma àquilo, visto que era uma linguagem muito técnica. Efeito contrário: era frequente ver o Sakunga a chegar ao quarto à noite com diferentes livros debaixo do braço. Todos eles com um tema em comum: medicina.

Assisti, assim, ao nascer de mais um sonho. Todos os dias o Sakunga lia mais qualquer coisa, queria aprender algo mais sobre o tema. Depois começou a aparecer lesionado nos treinos. Ainda hoje desconfio que inventava lesões de modo a aprender com os médicos que o tratavam...

E, assim, anos depois, surgiu o dia que tanto temíamos: o dia da separação. Todos nós tínhamos traçado o nosso caminho.

Eu ficaria em Portugal a estudar para um dia ser Professor de Língua Portuguesa (apesar de não me limitar a estudar apenas Língua Portuguesa, porque senão não poderia cumprir o meu sonho de ensinar tudo como o João um dia fez comigo).

O Sakunga ia para Espanha. Teria de aprender uma língua nova e de adaptar-se a uma nova cidade ainda maior: Barcelona. Iria estudar Medicina, como desejava...

O Patorras continuaria a jogar futebol, como sempre desejou. Não conseguiu ficar na equipa que tinha representado durante todos estes anos. Tinha sido emprestado a uma equipa da 2ª Divisão Italiana.

Foi um dia muito triste e marcante para nós: três meninos que se conheceram no dia em que nasceram e que nunca se afastaram até ao dia em que os seus sonhos os separaram. Assim, sem mais nem menos. Sem certeza, sequer, de que se voltariam a ver...

7 - O Mundo era eu quem o fazia


Durante anos pouco falei com o Patorras e com o Sakunga. A vida tem destas coisas: para se perseguir um sonho temos, por vezes, de deixar a terra que amamos e as pessoas com quem somos felizes.

Eram muitas as vezes que eu, um preto no mundo dos brancos, me via ali encostado à janela de minha casa, a pensar no que tinha perdido para perseguir, primeiro, o sonho de ser jogador profissional e, agora, de ser professor. Sim, tinha saudades de casa, da família. Tinha uma enorme mágoa: a de ter vivido tantos anos na selva sem que a tenha explorado devidamente.

Cumpri o meu sonho de tirar um curso. Tive boas notas. Tornei-me conhecido. Tinha uma boa casa, um bom carro, finanças equilibradas, emprego garantido, salário generoso... e livros. Muitos livros!

Por outro lado olhava para trás e sentia uma lágrima a correr-me pela face. Tinha a vida com que todos sonhavam... todos menos eu. E era comum ficar ali, encostado à janela a sonhar acordado, a chorar um sonho cumprido. Ficava parado com um chocolate na mão e as lágrimas a escorrerem-me pela face, a ver a chuva a cair. E via a chuva a cair mesmo que estivesse um dia de Sol. Porque naqueles momentos eram a saudade, a tristeza, a vontade de partir que me invadiam. E por mais Sol que estivesse na rua não faria sentido eu estar triste e a chorar sem chuva a cair. Por isso, para mim, a chuva caía. E quanto mais Sol estava mais eu a via a cair.

Tinha aprendido que o mundo era eu que o fazia. E conseguia transformar o dia de Sol mais radioso num dia de chuva. Conseguia mesmo. Tudo porque a tristeza tem esse poder... e a saudade também.

8 - A minha primeira carta


Foi em meados de Dezembro que recebi uma carta em minha casa. Vinha em muito mau estado. Parecia ter sido enviada já há bastante tempo e ter percorrido um longo caminho, cheio de moradas erradas até chegar às minhas mãos.

Abri-a, encantado. Era a primeira vez que recebia uma carta... pensei que fosse do João. Logo percebi que não era. Quem me escrevia era alguém em nome dos meus pais. Li a carta. Parei numa frase. Li-a novamente. Li, reli e voltei a reler para ter a certeza de que estava a ler bem.
"O João morreu doente aqui na Selva. Perguntava muitas vezes por ti. Dizia-nos muitas vezes que tu havias de voltar. Pedia-nos que, quando isso acontecesse, te recordássemos da promessa que lhe tinhas feito no dia em que partiste..."

Sentia os olhos, o cérebro, o coração, o corpo a rebentar...

"O João morreu doente aqui na Selva."
"O João morreu doente aqui na Selva."
"O João morreu doente aqui na Selva."

O João... ele que me dera o mundo a conhecer. Tinha morrido sem mim por perto. Tinha morrido sem que eu pudesse estar no funeral dele ou sem que, sequer, soubesse a tempo e horas o que havia acontecido. E agora, que seria das crianças de lá? Quem lhes mostraria o mundo, quem as ensinaria a ler, a escrever... quem lhes mostraria o que era um livro e para que servia? Quem?

Aí, triste demais para chorar, respondi para mim:
- EU.

E lá fora... lá fora começara a chover...

9 - Bom filho...


Regressei a casa. Com o dinheiro que tinha amealhado naqueles anos de civilização levei alguns luxos de que sentiria falta: chocolates, umas bolas de futebol, umas roupas... e muitos livros. Antes de partir tinha enviado duas cartas: uma para o Patorras e outra para o Sakunga a informá-los de que partira e porquê.

Foi emotivo. Já não via os meus pais há anos e anos... aqueles miúdos com quem jogava à bola estavam agora crescidos e serviam de guias na Selva. Conheciam-na como ninguém. Foi graças a eles que cumpri aquela grande vontade de entrar Selva dentro e conhecer os recantos escondidos. Tive tempo desde que voltei. Levaram-me a sítios fantásticos.

Faltavam-me o João, o Patorras e o Sakunga... mas finalmente, de regresso a casa, tinha recuperado a alegria de viver. Jogava futebol com os miúdos e com os graúdos (enquanto o corpo me permitia), conhecia a Selva, lia, sonhava...

Percebi o quão importante tinha sido para mim aquele sofrimento fora da Selva. Não, não tinha sido tempo perdido. Tinha sido tempo de sofrimento, de tristeza, de solidão...

Mas foi também um tempo em que aprendi muito. Aprendi a sofrer, a chorar. E com isso aprendi a dar valor ao sorriso, à felicidade. Aprendi a controlar o tempo: conseguia transformar o mais belo dia de sol no mais triste dia de chuva. E agora, aprendera a transformar os dias de tempestade da Selva em fantásticos dias de sol.

Lembro-me que na minha infância as tempestades me enchiam de medo. A mim e a todos os outros. Agora, tudo isso mudara. Quando havia uma tempestade era dia de festa na Selva.

Juntávamo-nos todos na Casa Grande. Acendíamos uma fogueira e viravam-se todos para mim. Aquecíamos o chocolate que de quando em vez ainda mandava vir para dias assim. E era lindo ver todos aqueles, velhos e novos, brancos e pretos, doentes e saudáveis a olhar para mim em silêncio com o seu chocolate quente na mão e tapados por umas mantas. Só uma voz ecoava entre as quatro paredes da Casa Grande: a minha. E quando eu os embalava e me deixava embalar pela leitura de um novo livro era lindo ver os raios de sol a entrar naquela tenda, pelo meio da tempestade.

Quando parava de ler já uns sonhavam com a história que acabara de contar, outros imaginavam-se parte dela e outros ainda saíam em silêncio para o meio da tempestade que acabara. Já não se sentiam com medo, já não tinham frio, já não estavam tristes...

Todos eles no dia seguinte acordavam a pensar numa frase:
"Porque o Mundo somos nós que o fazemos..."

10 - O regresso


Sinto-me hoje velho e cansado. Mais do que o costume. Chegaram os meus dois amigos de sempre à aldeia: Patorras e Sakunga. Tal como eu chegara um dia, vinham cansados mas felizes. Tinham voltado a casa.

Tal como eu tinham imensas histórias para partilhar. Juntos passámos para a Selva todos os nossos ensinamentos. Explicámos tudo o que sofremos, o quanto tivemos de lutar para conseguirmos aquilo que queríamos. Mostrámos o Mundo a todos aqueles que o quiseram descobrir. Ensinámos a ler e a escrever, mostrámos como um livro podia ser uma boa companhia.

Distribuímos um pouco de nós por cada um daqueles com quem partilhámos as nossas experiências. Missão cumprida. Era uma longa vida, muito cheia de felicidades e de tristezas. Era uma longa vida muito vivida.

Já há muito que sei o que é a prenda que o João me deixara. A cada dia que passa sinto que se aproxima o momento de o partilhar convosco...

11 - No final eu morro


E no final eu morro. Simplesmente porque não poderia ser de outra forma. Não vos quero tristes pela minha morte, não quero que sofram. Morro simplesmente por isso mesmo: porque tem de ser.

Chega, então, o momento de vos revelar o que o João me tinha dado de presente. Aquilo que ele me pedira para abrir no dia em que voltasse à Selva, já depois de ele morrer. Foi o que fiz. Cumpri a promessa e passei anos com a prenda comigo. E só no dia em que voltei, já sem o João por cá, é que descobri o que tinha sido, então, esta tão secreta prenda.

Abri o embrulho. De lá saíram... um livro e uma caneta. Abri o livro: em branco. Havia apenas um curto texto que vocês bem conhecem, logo na 1ª página:

"Selva. O perigo esconde-se à espreita. A qualquer momento, do meio do barulho das árvores a abanarem ao vento, pode surgir qualquer coisa. Um caçador, um animal, até um selvagem ou um canibal.

Assim era quando Vola nasceu. Para ele a Selva era um mistério. Era, ao mesmo tempo, aquilo que mais o assustava e que ele mais desejava. O Vola-de-Neve nasceu numa aldeia perdida algures na Selva. Chamava-se assim porque a mãe, que o fora registar, trocava os B's pelos V's. Nascera pobre, algures num recanto perdido da Selva Africana.

Cresceu com uma bola de trapos nos pés e rodeado de meninos que nasceram na sua aldeia. Foi numa clareira que Vola passou a sua infância e que tantos amigos fez. Foi aí que conheceu o Patorras e o Sakunga. Sempre foram os melhores amigos e sempre foi o trio que mais brilhava com a bola nos pés: a tripla VPS!

Sempre lhes foi proibido o acesso à Selva. Se queriam brincar podiam fazê-lo na aldeia ou na clareira. Tinham comida trazida pelos pais nos dias de caça e de pesca, um riacho, uma bola de trapos e uma clareira onde podiam jogar futebol. Que mais poderiam querer?

E assim viviam os 3, desconhecendo que o mundo era bem mais que aquela clareira, aquelas casas de pau e aquela Selva tão assustadora quanto tentadora. Mal eles sabiam que tinham um mundo para descobrir, uma vida inteira pela frente..."

Logo percebi a ideia: teria de ser eu a continuar a história. E, em memória ao João, mas também em memória de todos aqueles com quem partilhei momentos da minha vida, foi o que fiz. É por isso que digo que morro no fim. Num livro que deve ser escrito até ao fim dos meus dias o final é inevitável.

Morro no fim. Parto, porém, com a certeza de que o mundo somos nós que o fazemos.

FIM

1 comentário:

Rain disse...

gostei do que li, parabéns

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