A partir daquele dia passámos a olhar os turistas de uma forma completamente diferente. Cada turista deixara de ser apenas uma pessoa que vinha visitar a aldeia. Cada uma daquelas pessoas podia ser uma porta para o Mundo, para o realizar do nosso sonho: ir para a Europa jogar futebol.
E, um dia, organizou-se um jogo entre turistas e nativos. Eu, o Patorras e o Sakunga brilhámos e fizemos jus ao nome da tripla VPS. Nessa mesma tarde o João vem ter connosco na companhia de um branco. Explicaram-nos que aquele senhor nos tinha visto jogar e que gostava de nos levar para uma equipa portuguesa. Aos 3! Não pensámos 2 vezes e largámos tudo. Fomos apresentados no clube uma semana depois.
Mas antes disso, o João chama-me e diz-me:
- Vola, guarda isto e não digas a ninguém que fui eu que to dei.
- Mas o que é isto? - perguntava eu enquanto me preparava para abrir o embrulho.
- Não abras! Leva-o contigo e nunca o percas. Só te peço que só o abras quando voltares à aldeia, um dia, depois de eu morrer... E mais uma coisa: quando chegares a Portugal vais procurar uma coisa que se chama livro. Pedes ajuda a alguém para to dar. Aí vais perceber porque te ensinei a ler...
- Está bem... - respondi, sem saber muito bem o que pensar daquilo tudo...
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Momento histórico no VPS
1 - A Selva
2 - O homem que deitava fogo pela boca
3 - We have a dream
Esta fotografia é do fotógrafo José Ferreira.
E, um dia, organizou-se um jogo entre turistas e nativos. Eu, o Patorras e o Sakunga brilhámos e fizemos jus ao nome da tripla VPS. Nessa mesma tarde o João vem ter connosco na companhia de um branco. Explicaram-nos que aquele senhor nos tinha visto jogar e que gostava de nos levar para uma equipa portuguesa. Aos 3! Não pensámos 2 vezes e largámos tudo. Fomos apresentados no clube uma semana depois.
Mas antes disso, o João chama-me e diz-me:
- Vola, guarda isto e não digas a ninguém que fui eu que to dei.
- Mas o que é isto? - perguntava eu enquanto me preparava para abrir o embrulho.
- Não abras! Leva-o contigo e nunca o percas. Só te peço que só o abras quando voltares à aldeia, um dia, depois de eu morrer... E mais uma coisa: quando chegares a Portugal vais procurar uma coisa que se chama livro. Pedes ajuda a alguém para to dar. Aí vais perceber porque te ensinei a ler...
- Está bem... - respondi, sem saber muito bem o que pensar daquilo tudo...
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3 - We have a dream
Esta fotografia é do fotógrafo José Ferreira.
10 comentários:
Sabendo que vocês se conheceram a jogar futebol começa a dar para perceber o que faz desta história também vossa.
E começa o mistério! Amanhã há mais, não é verdade?
Bem, dada a minha ausência e como ainda não tive oportunidade de comentar os posts anteriores, faço só uma "breve" referência a esses: o 2º chamou-me particularmente a atenção, não para aquilo que o Asus mais salientou mas para o facto de fazermos coisas que só nos prejudicam, o que considero contra-natura. Porque é que nos metemos a fumar para depois andarmos em tratamentos para largar o tabaco porque a nossa esperteza só nos levou a concluir que o tabaco fazia mal quando já nos afectava a saúde? Como isso há muitas outras coisas sem sentido: porque é que andamos sempre de carro e nos recusamos a andar a pé e depois achamos que estamos sedentários e gordos e vamos para o ginásio? É desperdício de recursos (combustível), de tempo e de dinheiro. Quantas coisas destas fazemos diariamente? Faz algum sentido?
Quanto ao 3º post, mostra como há coisas que numa cultura são desvalorizadas e noutra são demasiado sobrevalorizadas (desculpem-me a suposta repetição, mas não resisto), de tal modo que até parece ridículo para a primeira.
Finalmente, sobre este post, o pormenor de "só abrir a prenda depois de morrer" e em certa condição teve inspiração cinematográfica certamente, e estou a ver que só vamos saber o que realmente era a prenda no final da história. Mas agora estou curiosa para ver qual o 1º livro que o Vola vai ler;)
Aproveito também para te parabenizar Mau, mais uma vez confirmas o que já te tenho dito em comentário sobre a tua forma de escrever e de cativar os teus leitores;)
A prenda. As prendas são sempre especiais, e antes de serem abertas, guiam-nos para um mundo imaginário. Após a abertura o encanto desaparece, e fica a desilusão ou uma enorme satisfação perante algo especial (assim foi com algo que me ofereceste Mau em tempos e que guardo religiosamente e revejo frequentemente).
Quanto á série não percam de vista esta prenda...
Mais comentários ficam para outras núpcias porque acho que ainda agora a procissão vai no átrio...
O melhor está de certeza ainda para vir, e a espectativa vai aumentando para o climax final...
Aguardamos ansiosamente
Cheira-me que não vamos saber nem qual o primeiro livro que o vola vai ler nem qual a prenda que o João dá.
Tudo porque como diz o kapitao "A prenda. As prendas são sempre especiais, e antes de serem abertas, guiam-nos para um mundo imaginário. Após a abertura o encanto desaparece".
Se não soubermos qual é a prenda fica para sempre o encanto! Mas lá que me deixa curioso deixa...
Amanhã sairá o "Error 4: Teorias de Moutinho". O capítulo 5 sairá no sábado às 11 horas ;)
Já cá fazias falta, Kikas!
"Finalmente, sobre este post, o pormenor de "só abrir a prenda depois de morrer" e em certa condição teve inspiração cinematográfica certamente"
Por acaso não... era algo que tinha mesmo de entrar na história. Ficou como algo "anovelado" mas a ideia apareceu logo no início.
E sim, concordo com o Kapitão e com o Aris-tof quando dizem que as prendas têm sempre um sabor especial antes de serem abertas. A prenda do Vola é um parceiro nesta aventura dos 3 amigos... mesmo que continue por abrir.
Agora isso de só se saber no último capítulo... nunca se sabe. Nem todas as promessas são cumpridas, né? ;)
Kapitão,
"(assim foi com algo que me ofereceste Mau em tempos e que guardo religiosamente e revejo frequentemente)."
Também acontece comigo... seja por uma prenda ou por qualquer coisa que me faça recordar o passado, seja uma fotografia, uma dor no joelho ou uma cicatriz. Porque nem todas as dores são más.
Há algumas que nos fazem recordar grandes momentos, se é que me entendes ;)
Olá,
venho fazer este coment para vos dar o conselho de pôr os créditos da foto bem visíveis no post. Esta fotografia é do fotógrafo José Ferreira e foi provavelmente retirada do site Olhares.com. De qualquer das formas, devem colocar o nome do autor e o local de onde retiraram pois, caso não o façam, estão a cometer um crime. Digo isto não para vos chatear mas sim porque, trabalhando na área de fotografia, sei do que falo.
Já agora, parabéns pelo blog.. está excelente!
correcção feita, afonso.
Em todo o caso não vou seguir esse conselho porque eu não faço ideia de quem são os autores das fotos e caso haja algum que venha dizer que é o autor só teremos de pedir desculpa... mas o blog já existe há quase um ano e ainda ninguém cá tinha vindo exigir isso.
Mas se vier estou certo que compreenderá e nós faremos o nosso papel de colocar lá o nome do autor, como fizemos agora.
Obrigado pelo elogio ao blog ;)
Eu sigo o blog há bastante tempo não costumo é fazer comentários.
Quanto à fotografia compreendo o aspecto de não saberes de quem é mas, neste caso específico, como a fotografia está no olhares, podias vir a ter problemas. Lá no site começaram a deixar expresso o código de direitos de autor e como tal, não há como fugir a isso.
É mesmo só para vos evitar problemas futuros.. ;)
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