Como já tinha sido falado a propósito de um post da série “Sabias que…”, foi-me proposto investigar o Código da Praxe. Assim, eis aqui algumas das coisas que muitos podem não saber:
Quem anda no secundário (os designados Bichos) não se livra das praxes, porque depois da meia-noite pode ser trupado estando sujeito aos mesmos termos aplicáveis aos caloiros.
Tal como os bichos, os paraquedistas (aqueles que foram colocados numa das faculdades da Universidade de Coimbra mas que ainda não fizeram a matrícula) podem usar capa e batina, não podendo, contudo, transpor a Porta Férrea ou porta de qualquer faculdade.
Os caloiros só podem pegar na pasta da praxe (estando livres se sanção), se entre esta e as mãos colocarem qualquer peça de vestuário ou lenço.
O preceito de ter que usar a capa sobre os ombros e a pasta da praxe para praxar um caloiro só se aplica aos semi-putos (aqueles que estão no 1º ciclo e têm 2 matrículas, estando no 1º período da praxe, que medeia entre três dias antes da abertura oficial da Universidade de Coimbra e três dias após o início das férias do Natal).
Os professores universitários com direito ao uso de Borla e Capelo podem ser sancionados por um qualquer doutor ou veterano à futrica, caso infrinjam os termos a si atribuídos.
Só os veteranos podem mobilizar para trabalhos domésticos, e se estes se efectuarem em suas casas e em proveito próprio.
Os caloiros não podem ser pintados.
Se forem abordados por uma trupe, convém saberem responder “o que são pela Praxe” (caloiro pastrano, novato, semi-puto, candeeiro, …), pois se a resposta estiver errada são declarados “debaixo de trupe”, podendo vir a ser sancionados, pelo facto de serem ignorantes quanto à vossa condição.
“O caloiro que ficar debaixo de trupe para lhe ser aplicada uma sanção pode desafiar o chefe [todas as trupes têm que ter um chefe] para a pancada, e jogá-la, antes desta actuar.”
Os doutores ou futricas podem proteger os caloiros e os bichos de acordo com certos preceitos, e ao contrário do que muitos pensam, “os abrigos das paragens dos autocarros, bem assim como todos os telheiros ou alpendres, não protegem”.
Os “animais” que levarem consigo guitarra ou viola e demonstrarem perante a trupe que sabem tocar, ficam protegidos, denominando-se protecção de instrumento, tal como aos “fortemente embriagados” lhe é concedida a designada protecção do “Deus Baco”.
“Os que usarem Pasta da PRAXE devem trazer dentro dela, pelo menos um livro de estudo, uma sebenta ou um caderno de apontamentos ou, na falta destes, um papel com o mínimo de cinco palavras escritas pelo seu portador.”
“Não é permitido bater palmas na Sala dos Capelos.”
“Deve colocar-se a Capa caída sobre os ombros:
a) Na passagem da Porta Férrea.
b) Dentro da Sala dos Capelos.
c) Nas aulas teóricas leccionadas por professor catedrático, salvo com autorização do professor.
d) Em sinal de respeito para com a pessoa com que se está a falar ou a acompanhar.
e) Em sinal de respeito devido ao local onde se está, tal como: igreja, catedral, cerimónia académica, entre outros.”
Finalmente, falemos da diferença entre estar trajado e “estar de capa e batina”:
Estar trajado é, basicamente, estar com o traje vestido, como o nome indica; “estar de capa e batina” já obedece a alguns preceitos que por vezes são esquecidos, como não usar pulseiras, relógio, piercings visíveis e brincos, no caso dos rapazes – no caso das raparigas os brincos são tolerados se forem discretos e de tamanho inferior ao lóbulo da orelha. Os emblemas da capa (que não podem ser de clubes ou marcas comerciais) também não podem ser visíveis quando esta está sobre ombros e se a capa estiver sobre um único ombro, a gola tem que estar para a frente. No que toca às raparigas, a saia deve estar “com uma mão-travessa acima do joelho”.
E quanto ao número ímpar de emblemas na capa, só há essa norma no Instituto Politécnico ou pelo menos em algumas escolas/institutos que dele fazem parte, não havendo nada no Código da Praxe que refira isso.
24 comentários:
Só umas quantas correcções :P
Para não criar algumas imprecisões em relação aos Bichos, é verdade que eles não se livram das praxes, como tu disseste, mas é importante dizer, que estão APENAS sujeitos à praxe de trupe, ou seja, continuam a não poder ser mobilizados usualmente.
Semi-Puto não é só aquele que tiver duas matrículas, quando se estiver no primeiro período de praxe. Isto é aplicável apenas aos cursos que tenham uma duração de três anos (dado que, como por exemplo Economia e outros, não têm mestrado integrado). Em todos os outros cursos, semi-puto é-o em todo o 2º ano.
Finalmente falta apenas referir que o indivíduo abordado pela trupe, não é sancionado se não souber a resposta à pergunta "O que é perante a praxe?". É sancionado, a forma fica a depender do grau hierárquico e condições da crina, entre outros, conforme não respeite as imposições existentes no código da praxe. Bem, se ele não souber a resposta à pergunta, para além de ser sancionado, provavelmente com mais alguma maldade, quem sabe, é BURRO!
Ah, e quanto ao trajado. Até me custa ouvir, obviamente que a capa e batina é um traje académico, mas, por favor, tenham brio na vossa indumentária e chamem-lhe capa e batina. É um nome bem mais elegante do que quando se cede à facilidade de expressão "traje".
UAU! Que heresia, Mag! Há coisas piores na vida, pá... digo eu!
Mas qual é o mal de dizer traje?
Não é heresia. Há coisas piores na vida, claro, mas sempre podemos chamar os bois pelos nomes verdadeiros.
Asus, já leste o código da praxe?
Diz-me uma vez em que lá, no código da praxe, seja dito traje. x)
Obrigado pelas correcções Magnífico, e é verdade que a palavra traje não aparece uma única vez no Código da Praxe (basta pôr a procuarar no pdf que não são encontrados quaisquer resultados:P), mas também para mim não me faz diferença. Até porque andar com a capa enrolada no tronco e a batina enfiada entre o tronco e a capa para mim não é andar de capa e batina...nessas alturas, mais vale dizer que se anda de traje.
E por falar em trupe, nunca achei piada a isso mas soube há bem pouco tempo o porquê das trupes existirem:
Há uns bons aninhos, quando ser doutor era um luxo, havia muitos estudantes que eram da aldeia, do mundo em que só se fazia o culto da terra e onde toda a gente se dedicava à agricultura. Ora, nessa altura, depois de tanto sacrifício dos pais, o que é que os estudantes, habituados a só verem terra e enxadas, faziam com a mesada que lhes era dada? Esbanjavam o dinheiro com as meninas da vida. E, para que os doutores não se perdessem, havia grupos de estudantes mais resistentes à tentação que andavam durante a noite a ver se apanhavam algum para o pôr na ordem e nos bons caminhos.
Mas agora como ir às meninas já deve ser normal, dão em dar tesouradas nos cabelos só porque os estudantes vão estudar para casa de colegas, esquecem-se das horas e só depois de muitas pestanas queimadas é que regressam a casa, já de madrugada. É uma injustiça!
Kikas, a história é um bocadinho mais complexa do que essa. Há bastantes anos atrás havia algo nesta universidade que se chamava Polícia Académica. Essa polícia era responsável por bastantes coisas. Desde garantir que os estudantes não andavam nas ruas a horas indevidas, até guardar os presos. Sim, havia estudantes da UC presos. Um dos casos, por exemplo, eram os livros roubados na Biblioteca Joanina, em que os infractores, quando eram descobertos, iam para uma solitária. Mas não, não se escapavam às aulas! Eram escoltados de manhã, já não me lembro bem das horas, até à sua faculdade e ao toque das 6 badaladas da tarde, eram reencaminhados para as celas, durante o período da sua pena. Ora, o estudante, que é estudante, refila. Refilaram tanto que o reitor acabou com a Polícia Académica.
No entanto, os próprios estudantes sentiram falta deste sistema de supervisão, se lhe quiserem chamar assim, e então criaram as trupes, que, até há uns tempos eram embuçadas. Daí a verdadeira origem das trupes.
Quanto ao termo capa e batina, eu faço parte de um grupo de fomentação de praxe e tradições académicas, por isso é normal que tente fomentar as verdadeiras tradições e costumes e os verdadeiros costumes e tradições, não é usar símbolos em número ímpar, como tu disseste, não é praxarem como quiserem, é outras coisas, uma das quais a denominação de "capa e batina".
Quanto à descrição que fizeste, quando um estudante anda com a capa "à bêbedo" e com a batina encaixada junto ao tronco, diz-se que essa pessoa anda à futrica, tal como se andasse com umas calças de ganga e uma t-shirt. Tu só andas de capa e batina a partir do momento em que vestes a batina(no teu caso o casaco) e, só aí, ficas sujeita às limitações existentes no código da praxe.
Então porque é que podem punir quem anda sem batina,já que acaba por ser "o mesmo" do que quem anda com ela "encaixada junto ao tronco"?
Isso também foi a dúvida que me surgiu. Se eu andar so com a capa encaixada no tronco e sem a batina não me podem punir?
E se andar só com a batina na mão e sem a capa?
Porque, se como dizes estou à futrica não me podem fazer nada ou podem? E se sim, porque é que podem se eu estou à futrica?
Punir quem anda sem batina ou punir quem anda sem capa? Não percebi.
Pa, é tudo muito simples. Imagina-te todo vestido, todo xpto como, enquanto não-veterano podes mobilizar/praxar um caloiro.
Imagina que estás so de colete e tudo mais, não interessa, a tua capa pode estar em casa e a tua batina em minha, ou uma delas ao pe de ti e a outra onde quiseres, que nao te acontece nada. Por exemplo, um espertinho deixou a capa nalgum sitio, ou a uma gaja, ou porque era muito pesada, ou porque nao lhe apetece andar com ela.
É simples, se tiver a batina vestida, leva nas unhas, se não tiver batina, ou mesmo se tiver a batina, despida, na mao, é tranquilo.
"É simples, se tiver a batina vestida, leva nas unhas" ...não percebi o porquê disso.
Quanto à minha pergunta, isso aconteceu com um colega meu: levou nas unhas porque não trazia com ele a batina, e não estava a praxar.
Não deve ter sido bem essa a situação. Se é quem eu estou a pensar, eu estava presente, o rapaz levou nas unhas, porque estava de batina sem capa. x)
E tu por acaso ja te ocorreu pensar pq é q ele estava de batina sem capa?
Mas qual é o interesse na razão? Nenhum! Quando, por alguma razão, só estou na posse da minha batina, e não tenho a capa comigo, tiro a batina, ponto.
oh mas tu és o maior pq conheces o código de praxe todo, eu nao. desculpa :x
Lol. O que é que saber o código de praxe todo ou não tem a ver com respeitá-lo?
Comportem-se, crianças!xD
Se bem que nesse aspecto tenho de concordar um bocado com ambos. Se por um lado não acho bom desrespeitar o codigo tb acho que a tuna devia olhar para ela de vez em quando... mas acho que ja chega de parvoices, nao?
E respeitar as pessoas, nao? ;)
Sim, também é verdade... se em vez de darem nas unhas explicassem o que tu explicaste agora se calhar era mais útil, não, magnifico?
Nao, estes seguidores do codigo da praxe levam a letra o seu evangelho. Podiam era fundar uma nova religiao x)
Mas pronto, pelo menos aprendeste, PMinistro xD
"oh mas tu és o maior pq conheces o código de praxe todo, eu nao. desculpa :x"
LOL entao andas de capa e batina porque? é fixe? é espetacular? não tens o minimo interesse em saber porque?
"Nao, estes seguidores do codigo da praxe levam a letra o seu evangelho. Podiam era fundar uma nova religiao x)"
já tu andas de capa e batina para ser da cena e nao tens o minimo interesse em saber os seus custumes e regras. a tua religiao deve ser a estupidez, e tu, es um grande sacerdote.
oh anónimo, provavelmente, tu nem sabes o que aconteceu por isso limita te à tua ingenuidade e está caladinho. Tenho todo o interesse em saber os costumes e regras e respeito as. Mas para mim ha coisas mais importantes.
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