(Muda de narrador)
Morfina. Morfina era a sua droga. Apoderava-se da Raquel de uma forma incrível. E isso via-se bem nos seus olhos. Tão forte e tão poderosa que também conseguia absorver o Pedro. Parecia que a droga fazia os mesmos efeitos em ambos: Primeiro, vinha a sensação de relaxamento, depois de euforia. Ria-se com o Pedro, falava com ele. Tudo a fazia feliz. O Pedro, principalmente, porque estava sempre com ela. Nos bons e maus momentos. E da euforia passava para depressão respiratória, constrição muscular e acabava com o Pedro a vomitar a sua própria angústia. E dormia.
Pedro tratava-a admiravelmente bem. Administrava-lhe o sedativo com todo o amor. Limpava-lhe a boca, dava-lhe comida e até rejeitava que as auxiliares limpassem o seu vómito. Era ele que o fazia.
“Juntos vamos conseguir, querida.”
“Eu confio em si, Doutor!”
“Eu confio em si, Doutor!”
Pedro nunca fora muito bom aluno à dificílima cadeira de Introdução à medicina. E ,portanto, nunca soubera lidar bem com a relação médico-doente. Misturava sempre sentimentos e nunca mostrava frieza e distância perante o doente. Neste caso, apaixonara-se mesmo por Raquel e isso perturbava-o.
“Como é que me apaixonei por uma pessoa que tem poucas probabilidades de sobreviver? Como isso me aconteceu?” pensava.
“Eu tenho que lhe contar, não consigo guardar isto para mim. Acho que vai ser uma força adicional. E, juntos, vamos conseguir.”
“Eu tenho que lhe contar, não consigo guardar isto para mim. Acho que vai ser uma força adicional. E, juntos, vamos conseguir.”
Passou-se uma semana e outra semana, e a Raquel foi estabilizando. Pedro, pensava que chegara a hora indicada para lhe contar. Achava que aquele momento iria-se tornar no ponto chave para a sua verdadeira recuperação.
“Bom dia, Raquel!”
“Bom dia, Dr. Pedro. Hoje Madrugou!”
“Ontem a Raquel adormeceu mais cedo e, como já não tinha mais doentes, decidi ir para casa.”
“E o que o traz por cá tão cedo? Na verdade, ainda não são 7 da manhã”
“Bom dia, Dr. Pedro. Hoje Madrugou!”
“Ontem a Raquel adormeceu mais cedo e, como já não tinha mais doentes, decidi ir para casa.”
“E o que o traz por cá tão cedo? Na verdade, ainda não são 7 da manhã”
Pedro, embaraçado, replica:
“Isso pergunto-lhe eu, o que a traz por cá?”
“Isso pergunto-lhe eu, o que a traz por cá?”
Rita ri-se embevecidamente. O sentido de humor do Pedro deixava-a incrivelmente feliz.
“Sabe, vi um Doutor loiro e de olhos azuis entrar para este serviço. E, enquanto ele vestia a sua bata, decidi meter-me numa destas camas para ver se ele me dava alguma atenção!”
“Até parece que não lha dou!”
“Dá, mas…” E Pedro dá-lhe um beijo. Simples e meigo, prolongando-se por longos momentos.
6 comentários:
Maldini
Afinal, amanha não é "sexta" :)
Abracos
Hoje vai ser N O I T A O :)
moutinho e argolinhas ja sabem q hoje é para vir ter cmg!
Que texto genial! Quero mais moutinho!!!
Não confundiste a Rita com a Raquel?
Estou para ver a reacção da Raquel:)
Subscrevo o anónimo, mas talvez tenhas que incentivar um pouco mais o pessoal a fazer aquilo que realmente pretendes (segundo o que tinhas dito aquando da explicação de como seria esta série, seria o pessoal a especular o episódio seguinte).
Mas estás-te a revelar uma boa surpresa, comparando com o que nos habituaste a ler nas Teorias de Moutinho. ;)
Kikas
Nao, nao confundi :)
Tens razao, kikas. Esta iniciativa nao tem tido muita adesao...Nao sei como motivar estes selvagens :D
Beijinho
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