Estamos aqui no primeiro "Natal VaiPaSelva" e eu não podia deixar de falar um bocado sobre esta altura do ano - tendo um bocadinho de esperança de que vocês partilhem também um pouco do que sentem nesta altura.
Ora lembro-me bem dos tempos em que os meus primos mais velhos me fechavam no quarto do fundo com os mais novos, esperando a chegada do Pai Natal. Depois, aparecia alguém a abrir a porta para dizer a frase tão esperada: "Já está! O Pai Natal já deixou os presentes!". E saímos todos a correr com uma sapatilha calçada e outra junto ao nosso caixote cheio de presentes. Quando chegávamos perto das caixas era normal atirarmo-nos de joelhos pelo chão de madeira encerado e... lá se iam mais umas calças! Mas chegávamos às prendas, finalmente!
Lembro-me também do dia em que um desses meus primos mais velhos nos diz que já tinha visto as nossas prendas ainda antes da hora de abrir os presentes. O Natal passou-se e depois perguntei à minha mãe se de facto o Pai Natal existia ou não. Lembro-me do ódio com que fiquei a esse meu primo e que demorou uns tempos a passar...
E desde esse Natal que metade do encanto se foi perdendo... Sobrou o prazer de estar em família, de ver os meus priminhos mais novos a correr para as prendas da mesma forma que eu o fiz um dia. E aqui nascem uma nostalgia e inveja saudáveis...
Mas o Natal não era feito apenas do Pai Natal. Era muito mais que isso. Era dos momentos com os meus primos à frente da lareira a ver os papéis dos brigadeiros roubados antes do tempo previsto com enorme prazer. Era da felicidade de ver toda uma enorme família ali, reunida numa enorme mesa dentro de uma enorme casa cheia de uma enorme vida. Era da minha vontade de me meter entre os adultos a ouvir as conversas deles.
Hoje em dia o Natal é do orgulho de já um dia ter partilhado coisas com algumas pessoas que foram exemplos para mim e que, infelizmente, partiram. É um dia que, juntamente com essa alegria de antigamente, me enche de tristeza por ver os lugares da mesa sem as pessoas que ainda lá deveriam estar. É um dia em que a alegria e a tristeza se juntam, em que fico a pensar no papel que tenho neste mundo. A pensar nos que já partiram e nos que vieram depois disso. É o momento em que, mais do que nunca, tenho a oportunidade de presenciar esse ciclo da vida [e da morte]. Perderam-se pessoas e a família cresceu. Apesar da alegria por todos os que nasceram, não consigo que esta época me faça esquecer a saudade dos que já partiram.
E com toda a saudade, com toda a alegria e tristeza misturadas num único sentimento que não consigo definir ao certo... vos desejo um Feliz Natal.
10 comentários:
obrigado por partilharem a vossa emoção xD
Mais um excelente post Mau...
Conseguiste através de um simples texto abranger todos os sentimentos que emanam desta época.
Concordo plenamente contigo. Permite-me só acrescentar, que o Natal deve ser uma ponte para o resto do ano, na medida em que os sentimentos de partilha desta época deveriam ser aplicados durante todos os dias do ano.
Permitam-me igualmente deixar um conselho: coloquem de lado o materialismo das prendas, e aproveitam cada momento desta época na companhia de todos os que vos são queridos. Tal como se percebe das palavras do Mau, nunca se sabe quando é o último natal na companhia de alguns. Assumam os vossos sentimentos, e aproveitem para dizer a essas pessoas o quanto as amam.
Feliz Natal para todos...
Só tu aturas estes meus posts lamechas, kapitão...
É sempre bom saber que alguém se revê nalguma das parvoíces que escrevo ;D
Merry X-mas my friend ;D
Para mim o Natal já não tem esse encanto de que muitos falam mas sinto a mesma nostalgia de coisas que vivi e presenciei e que já não vejo. Lembro-me de num Natal para a missa do Galo ir vestida de pastora; ali todos íamos a rigor, cada um vestindo a sua personagem para ir "adorar" o bebé que naquele ano fazia de Menino Jesus.
Lembro-me também das festas de Natal das empresas onde os meus pais trabalham e que reuniam os filhos dos trabalhadores. Além de ser uma tarde bem passada, o pessoal queria era o lanche e o presente. E que lanche que era! Um ano dei esse presente a uma menina do Ninho. Nunca lá tinha ido, porque era sempre a minha mãe que levava lá alguma roupa que já não me servia, mas naquele ano também fui para dar a boneca que me tinham dado. Tinha uns 10/11 anos mas lembro-me da menina: chamava-se Cláudia, era loira e tinha dentes de quem ia para a cama sem os lavar. Era simpática mas o seu sorriso era ignorante da sua situação. Estava ali porque tinha os pais toxicodependentes e não tinham condições para a sustentar e educar.
Fiquei com pena da menina, e hoje penso: "porquê este consumismo tremendo por causa de não sei quantas prendas que só servem para habituar mal os miudos como se o sentido da sua vida se baseasse no materialismo?" Tantas pessoas com carências afectivas e sociais, e esta gente numa correria em busca de uma porcaria de um presente fútil!
Sim, por um lado concordo contigo, kikas. Mas por outro também acho muito bem que se dêem prendas às crianças até porque nós próprios confessamos que quando éramos miúdos apenas dávamos o devido valor à festa e ao entusiasmo da chegada do Pai Natal.
Sei que não querias defender que se deixe de dar presentes, mas a última frase deixa um pouco no ar essa ideia. Só queria deixar claro que, quanto a mim, ainda bem que me fomentaram esse consumismo que, como dizes, só serve "para habituar mal os miudos como se o sentido da sua vida se baseasse no materialismo". E ainda bem que "esta gente [andou] numa correria em busca de uma porcaria de um presente fútil".
Porque para mim esses natais foram... fantásticos:')
Deixa os presentes. Os tempos voam mas as recordações ficam. Ainda bem :)
Acredites ou não, este Natal não comprei presentes. E as prendas que se devem dar às crianças, a meu ver, devem ser coisas didáticas e que as façam crescer. Agora quando vais a um hipermercado e vês miúdos a fazerem uma birra tremenda porque querem aquela Barbie ou aquele carro telecomandado e os pais só para eles se calarem cedem, a mim revolta-me.
Quando falo de prendas fúteis é as pessoas andarem feitas baratas tontas à procura de um presente, porque nem sequer sabem o que hão-de dar. Se não sabem, porque dão? Para não parecer mal? Se é para dar uma coisa sem jeito nenhum, mais vale não darem. Eu sou apologista de prendas quando elas são úteis e fazem falta. Agora dar simplesmente porque parece bem, não.
mau eu sei q pode parecer um bocad panisga (tal iqual cmo este nome q voces me meteram =P) ms sinto orgulho em ti.. ja tivest d passar po algumas coisinhas bem tristes na tua vida (algumas q falas neste post) i msm assim es aquele gajo q vejo smp a rir..
Grand post.. tu escreves msm bem xD
Aí não concordo contigo, kikas. Também não vou dar nada este Natal a quase ninguém. Mas ainda assim acho muito bem que haja prendas. A vida não é só trabalho e não concordo que as prendas devam ser para fazer as crianças crescer. Se há quem possa dar porque não há-de o fazer?
É claro que respeito e entendo a tua opinião. Mas quando tiver um filho vou fazer tal e qual os meus pais fizeram comigo. Procurar saber os seus desejos e andar até "feito barata tonta à procura de um presente, porque nem sei o que mais hei-de dar". Porque sei, por experiência própria que os presentes que são surpresa absoluta são muitas vezes tão bons quanto aqueles que desejo há muito tempo e só no Natal os consigo ter.
Sejam fúteis ou não, o certo é que me diverti muito com uma bola, com um carro telecomandado, com um boneco dos pokemons ou com umas cartas do dragonball.
E estou aqui.
Não sou muito bom da cabeça, é certo... mas não me parece que seja por causa dos presentes ;D
Titi, panisgas é o tarzan taborda... tu és simplesmente o gajo mais abichanado que já vi! ahah
Tou a brincar... Já viram aqui no blog que também gosto de abichanar nestes posts lamechas. Por isso...
Quanto ao sorriso mesmo com contrariedades... todos vamos passar por elas. As lágrimas que deixamos são sinal de que perdemos alguma coisa que já nos fez sorrir.
So...
keep smiling ma frend :D
*keep YOURSELF smiling ma frend :D
;)
Enviar um comentário