Que sentir ao ouvir o choro de um bebé?
Entendo que uma resposta apressada possa levar a palavras
como aflição, incómodo, tristeza ou preocupação. Mas se pararmos para pensar,
logo veremos que aquele choro é sinal de felicidade. Façamos um simples
exercício:
Quantas vezes vimos o pequenote da família a chorar?
Quantas vezes vimos os nossos pais a chorar?
Quantas vezes vimos os nossos avós a chorar?
É verdade: o número de lágrimas é inversamente proporcional
à idade de uma pessoa. “Porque nos tornamos fortes”, dir-me-ão. “Porque, como
bons e experientes lutadores, temos de estar preparados para sofrer”.
Não.
Nós deixamos de chorar simplesmente porque a fonte começa a
secar. Não porque nos tornemos fortes, não porque sejamos lutadores
experientes. Pelo contrário: a ausência de lágrimas revela resignação,
fraqueza, aceitação do inevitável sofrimento da vida. E quanto mais ela [a
vida] passa mais essa resignação aumenta, mais essa fraqueza que para muitos é
força cresce, mais essa tristeza sobeja.
O choro de um bebé deve ser símbolo de alegria, de vida, de
pujança, de esperança. Deve ser o grito de revolta que procuramos manter
durante toda a vida.
E que bom que seria que, anos passados, pudéssemos continuar
a chorar daquela forma.
Seria a irrefutável prova de que a vida não nos teria
vencido.
Álvaro Nuno
Sem comentários:
Enviar um comentário