Na inconsciência. É nela que reside a felicidade.
Para quê interrogarmo-nos sobre o sentido de algo que não
o tem? Se a vida tivesse sentido, porque é que toda ela nos
encaminharia ao seu oposto? Não há, na vida, sentido. Porque vivemos
com a finalidade inevitável da morte.
É, portanto, na ausência da reflexão que reside a verdadeira felicidade.
Nada do que faço é feito por uma razão.
Simplesmente é feito.
Nada do que faço é feito com um objectivo.
Mas faço-o.
Que felicidade me traria procurar compreender o
incompreensível? Procurará, porventura, uma pedra saber porque existe?
Procurará uma pulga entender o seu papel no mundo?
Então para quê procurar arranjar motivo para andar, para respirar, para
pestanejar? O mundo não tem de ser explicado. A vida também não.
Toda a vida é um cortejo.
Deixemo-nos, portanto, levar
neste passo fúnebre
rumo a um caixão
frio e cheio
de escuridão.
Mário Carvalho
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