sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

10 - Preciso da sua simpatia, por Álvaro Nuno

Mais um. Bebo mais um e depois faço-o. Pronto. É agora ou nunca:

Beba um copo comigo. Preciso da sua simpatia.
Vejo que esta declaração lhe desperta espanto. Nunca teve uma súbita necessidade de simpatia, de auxílio, de amizade? Sim, com certeza. Eu aprendi a contentar-me com a simpatia. Encontra-se mais facilmente e, depois, não nos impõe nenhum compromisso.

Uau!

Sempre quis chegar a um bar, sentar-me ao pé de um desconhecido e dizer isto. É fantástico, não é? Reconheceu? As palavras não são minhas. Foi Camus que as escreveu. Gostei tanto delas que as repito mentalmente desde esse dia, mas nunca tinha tido o atrevimento de as usar. Até hoje.

Quer que lhe diga uma coisa…? Não sei bem ao certo porque queria vir ter consigo e dizer-lhe isto. No fundo acho que gostava de ser parte daquela história, de me sentir no desconcertante absurdo de Camus. Gostava de ver a reacção de alguém no mundo real àquela frase que me soou tão bem naquela noite em que a lia.

Tem toda a razão. E sabe que mais? Acho que estou satisfeito. Ou talvez não. De qualquer forma já tive tudo aquilo que lhe pedi. Não é todos os dias que nos dão aquilo que pedimos, sabe?

Precisamente, precisamente! Vejo que também gosta de ler… bem, mas não incomodo mais. Agradeço-lhe imenso o que me deu. Transformou mais uma noite escura no mais belo amanhecer.

Com a sua licença…

Sim? Ah, isso… ainda não acabei. Talvez um lho possa contar!

Álvaro Nuno

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