As searas cantam com a música do vento. Douradas como os belos cabelos de uma donzela pertencente a uma corte de tempos idos. Ao longe, uma criança correr. Pequena, enérgica, feliz; a brincar com o aviãozinho de madeira oferecido pelo pai no aniversário. O mundo era só ele, o céu azul, as searas douradas, e o seu avião. Não era preciso mais nada para a vida ser perfeita.
- David, vem para casa! - grita a mãe, lá do fundo, junto a um enorme alpendre de uma vivenda das antigas, de madeira.
Ao longe, a casa parecia agradável. Paredes pintadas de branco, a cadeira usual no alpendre, ele próprio virado para oeste, de modo a que o sol lá irradie a sua alaranjada luz nos longos fins de tarde do Verão, enquanto um homem lá está sentado, bem vestido, a ler o seu jornal. Um homem como um qualquer outro homem de negócios bem sucedido, que procura descontracção na pacatez de uma casa no meio de uma enorme herdade como que abandonada, como que uma galáxia no centro do Universo.
- Vamos rápido comer para depois ouvirmos a novela da noite na rádio. - disse a mãe com ansiedade.
- Chama lá a Maria, para nos vir servir, a ver se nos despachamos. - retorquiu o homem com firmeza.
Aparece então a Maria, depois de chamada, com a panela da sopa para servir o patrão e a família. Trazia o seu pequeno consigo, camuflado no meio das suas saias. Ele ainda tinha medo do escuro, não podia ficar sozinho.
A criança, a meio do serviço da mãe, assusta-se com o olhar severo lançado pelo adulto e puxa as saias da mãe. Caldo entornado. Literalmente. Sujou a mesa toda, incluindo o patrão e o filho com o seu avião de madeira. O pequeno com medo do escuro tinha agora, como sempre, ainda mais medo do patrão e, petrificado com terror das represálias que iriam surgir, fica imóvel com o olhar pregado no chão.
- Merda do surdo que não há meio de desaparecer da nossa vida!
7 comentários:
Continuem a fazer disto um livro online..
Assim não admira que o número de visitantes baixe substancialmente.
E atençao que nao ponho em causa a qualidade de cada texto, até penso que devem ser publicados no blog, mas de outra forma.
Está a faltar criativade, falar de assuntos actuais, de situações vividas, engraçadas ou até tristes ou embaraçosas.
Ou seja, voltar a ser como era..
Amigo Anónimo:
Concordo com tudo o que disse. Contudo peço a sua compreensão para o facto de sermos todos estudantes, e de estarmos em época de exames, estando assim atulhados em trabalho.
Sim, devíamos ter pensado nisto mais cedo e ter escrito uns textos de reserva para irmos publicando. Não o fizemos. Esta história é a única coisa que já estava pronta para publicar.
Os textos são excelentes, porém assumo que sejam demasiado pesados para o que o acostumámos neste blogue.
Daqui a uma, duas semanas já o vou ver a comentar os textos divertidos e actuais que todos queremos rever neste blogue.
Um abraço/beijinho sexy:
Maldini
Os posts com piada levam o seu tempo. Mas estão para chegar!
Não tenho andado por aqui, para dizer a verdade. ainda não tive tempo para ler tudo. E acho que é como dizes, anónimo:
"E atençao que nao ponho em causa a qualidade de cada texto" mas
"Está a faltar criativade, falar de assuntos actuais, de situações vividas, engraçadas ou até tristes ou embaraçosas.
Ou seja, voltar a ser como era.."
Mas há uma coisa, que o Maldini já referiu, que tens de ter em conta: a grande maioria dos frequentadores são estudantes. Como tal o teu outro argumento não é necessariamente verdadeiro:
"Continuem a fazer disto um livro online..
Assim não admira que o número de visitantes baixe substancialmente."
Repara que a Kikas, o Asus e o Aris-tof (que não conheço mas que presumo que sejam estudantes), o tiago, o titi, o el gordo, o Pministro, o gordo e feio, o kafka, EU... não temos cá andado por falta de tempo: isto baixa muito as visitas.
Sei que há muita coisa que nos anda a passar ao lado. O Sá Pinto podia ser mais explorado, o Pinto da Costa idem, o kindler e o ipad merecem uma referência, os planos de erasmus e o que representam, os exames... há muita coisa sobre a qual tenho vontade de escrever.
Mas para que gostem dos textos há que ter em conta uma coisa: não somos máquinas. Depois de horas de estudo não é possível vir para aqui fazer textos DE QUALIDADE que é aquilo que queremos neste blog.
Assim como também não dá vontade aos postadores de fazerem essas postas sabendo que as pessoas andam em exames e não lhes apetece perder muito tempo a ler textos. São fases. Outras houve, outras haverão.
Não desanimem. Daqui a uma/ duas semanas estamos de volta, malta ;)
Até lá há sempre os posts do outro que agradeço que continuem a ser publicados. Porque mesmo que agora não tenha muito tempo para os ler, sei que quando passar esta fase será a primeira coisa que farei ;)
Sim, têm razão.
Abraço.
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