segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

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Quatro horas, vinte e dois minutos e quarenta segundos, certos. É quanto me resta. Agora menos. Sinto a vida a ser sugada de mim, cada segundo a afastar-se tão rapidamente, tão subtilmente, que não consigo vê-la sequer. Toda a esperança a escapar-se-me por entre os dedos.


Ser um condenado à morte é diferente de tudo o que se pode imaginar. Se uma pessoa estiver à beira de ser assassinada e o souber, tem esperança. Esperança de que apareça alguém para o deter. Esperança para que o assassino falhe e a pessoa consiga fugir. Esperança de que a arma não tenha balas, por amor de Deus! Pode não ter mais nada, provavelmente não tem mais nada, mas a esperança, essa tem.


Num condenado à morte, esperança é coisa que não existe e, se a esperança é a última a morrer, então ela já morreu e, assim, também nós já o estamos. A data de óbito é a data da sentença. Aí é definitivo. Aquela hora vamos morrer, assassinados como, supostamente, assassinámos alguém. Mas eu não matei, mas ainda assim vou morrer. A única possibilidade de não ser executado surge se o mundo acabar primeiro, mas, até assim, eu saio morto da questão. Por isso, não vale a pena lutar, não vale a pena estrafegar, não vale a pena ter esperança, não vale a pena sonhar. Não vale a pena.


Bem, está na hora de fumar um cigarro. Depois deste já só tenho dois.

6 comentários:

Kikas disse...

Podia ser como num dos filmes do Jackie Chan e Owen Wilson (já não sei se é o Shanghai Knights ou o Shanghai Noon) em que estão prestes a ser enforcados quando há uma confusão que se instala graças a um(a) cúmplice e eles lá se conseguem desamarrar e escapam. :)

Se nunca matou, não daria para um sentença mais leve? Ele devia era ter pedido recurso em vez dos cigarros!:P

Estou a gostar da história, continua assim;)

Maldini disse...

No fundo os cigarros são a verdadeira sentença de morte...

Bad disse...

Mas ainda assim era preferível fumar, maldini...

Estou mesmo a gostar, other ;)

O Outro disse...

Kikas, a ideia é mais ele estar condenado à morte por um crime que nunca cometeu. Normalmente, que eu saiba, a pena de morte é só aplicada em casos de homicídio, mas é mais pelo que vejo nos meios de comunicação.. Daí a conclusão a omissão que pus ao resto da informação que achei desnecessária :P

Anónimo disse...

assim o blog vai morrer.. é preciso coisas bem mais apelativas..
o que é isto afinal?
uma biblioteca?

Mau disse...

É o que nós fazemos dele, anónimo. Não gostas não leias. Queres vídeos não é? Pois há quem goste de ler... eu sei que é uma vergonha, hoje em dia, gostar de ler. Mas ainda há gajos assim!

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