sábado, 4 de julho de 2009

Só neste país é que se diz: "só neste país..."

Neste país temos um aldrabão como primeiro ministro.
Neste país temos um (agora) ex-ministro a fazer uns "cornitos" na Assembleia da República.
Neste país temos poucos apoios ao que é nosso e apostamos no que é de fora.
Neste país a justiça não actua.
Neste país temos o Caso Freeport, mas não temos ninguém punido com isso.
Neste país temos o Caso Apito Dourado, mas não temos os principais suspeitos punidos com isso.
Neste país temos 120 mil professores (em 140 mil possíveis) numa manifestação e o Governo não lhes liga.
Neste país os Ministros anunciam os portugueses como "mão-de-obra barata" para os estrangeiros.
Neste país temos um Primeiro Ministro que usa a Cimeira Ibero-Americana para publicitar Magalhães...

Só neste país é que temos uma música chamada "Só neste país". Gosto muito de Sérgio Godinho e das suas canções de intervenção. Contudo não consigo entender como é que alguém que tanto lutou há uns anos está, agora, calado. E, ainda por cima, tem uma música que diz que Só neste país é que se diz: "só neste país!"

Parece-me uma crítica aos que criticam o nosso país. Mas, por outro lado, isto vindo do Sérgio Godinho (cantor tão importante no 25 de Abril) parece-me uma interpretação um pouco contraditória com as suas atitudes.

Tenho esperança que o verdadeiro sentido da música seja outro. Tenho esperança que ela tenha sido feita pensando naquilo que temos criticado nos posts anteriores: a velha ideia de que, em Portugal, a vaca da vizinha é mais gorda que a minha.

Eu quero interpretá-la assim. E, como a música, tal como a arte, a partir do momento em que é exposta passa a pertencer ao público e não ao seu criador... Aqui vos deixo uma música que, para mim, simboliza a ideia de que, apesar de devermos criticar o que está mal, devemos também apoiar o que de bem se faz por este país:


sexta-feira, 3 de julho de 2009

It's not fair (worship)

Pegando na crítica que o meu GRANDE amigo fez, deixo aqui mais um acontecimento interessante.

Maria João Pires, a "nossa" talentosa pianista que encheu o país de orgulho quando venceu o concurso internacional do bicentenário de Beethoven em 1970, tendo feito o seu primeiro recital aos cinco anos e tendo tocado um concerto completo de Mozart aos sete, decidiu renunciar à nacionalidade portuguesa. Esta tinha dupla nacionalidade, nomeadamente, a brasileira.



"Maria João Pires levou a cabo um projecto educativo original, na escola artística de Belgais (em Castelo Branco), mas a falta de apoio por parte do estado fê-la desistir em 2006. Desde então, a cantora, que já tinha dupla nacionalidade (portuguesa e brasileira), resolveu mudar-se para o lado de lá do Atlântico, instalando-se em Salvador da Bahia ." [in www.blitz.aeiou.pt]

Recorde-se que esta artista, farta dos "coices e pontapés que tem recebido do Governo português", conquistou em 1989 o Prémio Pessoa.

E pergunto-me: It's not fair? Quando temos um país que não se esforça minimamente para manter os seus talentos, guiando-se insistentemente pelo sentimento tipicamente português de que a vaca da vizinha dá mais leite que a minha. Então que hipóteses temos nós, portugueses, considerados dos melhores profissionais do mundo em determinadas áreas, de vingar cá? É claro que as grandes empresas portuguesas ainda são orientadas por portugueses. Mal fora se assim não fosse. Com isto não quero romper com o conceito de União Europeia, ou de Aldeia Global, dos quais sou apologista e incitador. Quero antes criticar o que já o El Gordo fez: que em caso de igualdade, a vaca da vizinha dá mais leite... Ou pelo menos quem manda assim o acha. It's not fair? É claro que não... Enquanto tivermos este sentimento idiota e não conseguirmos separa-lo da qualidade real dos dois indivíduos em causa, it's not fair... Contudo, não nos devemos encostar a esta desculpa para não arranjar emprego ou para justificar a promoção de um colega em detrimento da nossa, encostando-nos à sombra da bananeira. Deste modo, it's not fair, no entanto continuemos a trabalhar para que aqueles que decidem não se tenham de deparar com a dúvida da análoga qualidade.

Amália Rodrigues, Senhora Amália Rodrigues.


Não costumo fazer posts sobre música.
Não costumo fazer posts sobre grupos musicais.
Não costumo fazer posts sobre cantores.

E é exactamente por isso que hoje vou continuar a não fazer posts sobre música ou sobre cantores. Hoje queria falar-vos de muito mais que um tipo de música, que uma cantora ou que qualquer grupo musical: o Fado e a sua maior intérprete, Amália Rodrigues. Ou melhor, a Senhora Amália Rodrigues.

Se me perguntassem há um ano atrás se gostava de Amália Rodrigues a resposta mais provável seria um rápido "NÃO!".

Afinal de contas qual é o adolescente que gosta de Fado? E da Amália?

Hoje continuo o mesmo adolescente, com os mesmos defeitos e virtudes, mas com um ano de Faculdade e logo na tão bela Universidade de Coimbra. A pouco e pouco fui entrando na tradição académica, fui procurando saber mais e mais... até que cheguei às Serenatas e ao Fado de Coimbra. Daí até ao Fado de Lisboa foi um pequeno clique (no youtube, principalmente...). E daí até Amália ainda mais rápido foi.

Fiquei espantado quando ouvi as músicas dela, quando vi os comentários aos vídeos, quando comecei a sentir o mesmo arrepio que sinto ao ouvir a Balada da Despedida... Aquelas músicas são muito mais do que música.

Muitas vezes procurei entender o que era o Fado. Amália Rodrigues dá-nos a resposta a tudo isto. Se não gostarem do ritmo, se não gostarem da voz (duvido...), se não gostarem de nada daquilo... Oiçam na mesma, quanto mais não seja como fonte de cultura. Prestem atenção à letra.

E agora, "SILÊNCIO, que se vai cantar o Fado!"...



Perguntaste-me outro dia
Se eu sabia o que era o fado
Disse-te que não sabia
Tu ficaste admirado
Sem saber o que dizia
Eu menti naquela hora
Disse-te que não sabia
Mas vou-te dizer agora

Almas vencidas
Noites perdidas
Sombras bizarras
Na Mouraria
Canta um rufia
Choram guitarras
Amor ciúme
Cinzas e lume
Dor e pecado
Tudo isto existe
Tudo isto é triste
Tudo isto é fado

Se queres ser o meu senhor
E teres-me sempre a teu lado
Nao me fales só de amor
Fala-me também do fado
E o fado é o meu castigo
Só nasceu pr'a me perder
O fado é tudo o que digo
Mais o que eu não sei dizer

Almas vencidas
Noites perdidas
Sombras bizarras
Na Mouraria
Canta um rufia
Choram guitarras
Amor ciúme
Cinzas e lume
Dor e pecado
Tudo isto existe
Tudo isto é triste
Tudo isto é fado

Amor ciúme
Cinzas e lume
Dor e pecado
Tudo isto existe
Tudo isto é triste
Tudo isto é fado


Esta música foi, para mim, mais do que uma música. A própria letra deu-me resposta para o que eu procurava. Deu-me a definição do Fado. E deu-ma pela voz da enorme Amália Rodrigues.

Têm ainda outras músicas diferentes de Amália Rodrigues, mas igualmente bonitas e marcantes, como Uma Casa Portuguesa, Lisboa Não Sejas Francesa, Mariquinhas, Nem Às Paredes Confesso...

Mas preferida preferida tenho uma: esta. E, se clicaram nesta última que aconselhei, agora sim: pare tudo. Faça-se silêncio. Por aqui me despeço. Porque se está a cantar o Fado.

It's not fair

Pré-post: É verdade. O nosso amigo El Gordo decidiu dedicar-se a um novo blog. Chama-se "American Dreamer" e é, segundo El Gordo, "um blog de gordos". Este post foi escrito aqui e cedido por ele ao VaiPaSelva, porque continua a ser nosso amigo e colaborador.

Esta foi a melhor maneira que arranjámos para anunciar esta nova ligação do El Gordo. Continuará connosco, mas também no American Dream. Agora fiquem-se com o post.
Mau-r-à-dona


Esta é a altura da minha vida em que quero ser outra pessoa. Não uma pessoa melhor nem pior. Diferente. Essa diferença consiste em falar brasileiro, ter umas tranças no cabelo, diamantes nas orelhas, um cinto da Dolce and Gabbana e um empresário (não interessa quem seja ou o que faz, desde que se apresente como empresário de um jogador de futebol). Isto chegava. Nunca faltavam propostas no final de época.

A realidade do futebol (português, principalmente) é esta. Na dúvida, entre um português e um brasileiro, que venha o craque da praia. Mas atenção, a culpa não é dos atletas brasileiros que apenas desempenham o seu papel. O mal está nos treinadores, nos directores, nos presidentes.

Futebol em termos de contratações é cada vez mais um palco de teatro. E é triste.

Por isso, a partir de hoje falo brasileiro.

O resto?

O resto vem com o tempo...

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Duelo de titãs: Mitras vs Sangokus (com Záguers)

Outro dia assisti a um duelo de titãs...

Vinha eu de um teste de matemática e dirijo-me ao Dolce Vita, fortaleza máxima de todas as matilhas de Mitras e de Sangokus...

Eis que entro na casa de banho e até me assustei: estava lá um rapaz a soltar uns grunhidos assustadores... Pensei que se estaria a drogar, mas quando reparei no cabelo achei que provavelmente estava só a tentar transformar-se em super-guerreiro. Estava rodeado de mais 3 amigos, que provavelmente o tinham ajudado a encontrar as 7 bolas de cristal.

Pensei tal coisa porque ele era um Sangoku. Só quando eles começaram a falar entre si percebi que afinal não se tratava de uma tentativa de evolução. O Sangoku deitava sangue do nariz enquanto gemia e gritava que nem um porco durante a sua matança. Os outros davam-lhe força, agarravam-no, diziam-lhe para reagir.

De seguida ouvi uma história que me ficou marcada. Desde esse dia que admiro aquele Sangoku amitralhado (certamente um mitra que se passou para o lado dos Sangokus ou então um espião Sangoku que se infiltrou no mundo-mitra com objectivo de sacar informações) com uma camisola de cavas para mostrar uns bracitos que mal se viam. Tinha 50 Kgs e metro e meio de altura. Mas pela conversa que ouvi, é daqueles gajos que quando se vêem ao espelho não vêem o palito subnutrido que são, mas um gajo de 2 metros e 90 Kgs com abdominais definidos e uns braços musculados...

E então, o Sangoku-palito-amitralhado começa a contar:
- Não te preocupes! Dei um murro naquele palhaço daquele mitra que ele deu 2 cambalhotas no chão![NdR: ele disse mesmo isto. Não imaginam o esforço que fiz para me manter sério e concentrado no meu urinol...]
- Aqueles Mitras são mesmo broeiros! Deviam pagar-me para eu me vestir assim! [Fogo, tens um espelho à tua frente... já reparaste na tua figura, fo...?!]- dizia um gajo com o cabelo todo espetado até cerca de um metro acima da cabeça...
- GROINKKKK! AAAAAAAAAAAAHHHH! RKpttt [NdR: neste momento o Sangoku cuspia sangue...] - grunhia o Sangoku-com-o-nariz-partido.

Depois saíram. Enquanto lavava as mãos, não pude deixar de pensar que acabara de testemunhar uma verdadeira lenda urbana: a ressaca de uma batalha entre Mitras e Sangokus. Lembrei-me do Nigga (que nunca mais comentou no blog...). Prometi a mim mesmo voltar ao DV tantas vezes quantas pudesse, por forma a estudar melhor estas espécies que [infelizmente] têm tido um crescimento acentuado.

No mesmo dia, já à noite, passei na baixa. Vi um grupo de Záguers dirigirem-se a mim e a gritar "Che, mô puto!". Lembrei-me da história do Maldini e de seus 50 mitras.

Vi os cerca de 500 Záguers a aproximarem-se. "Mô puto o c...!", pensei! E pus-me a correr que nem um maluco. O problema foi quando eles, ao ver que não me apanhavam, me soltaram os esquilos (sim, porque Záguer que não tem esquilo não é Záguer).

A partir daqui só vos posso garantir que, nessa noite, a população de esquilos aquáticos do Rio Mondego aumentou substancialmente...

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