
Espero. Não. Nem espero nem já despespero.
Estou aqui prostrado à espera que a vida, ou a morte?, decida o que fazer comigo.
Estou preso. Preso à realidade que a minha vida é real como ela é. Que só posso voar enquanto durmo, que só ganho asas enquanto sonho. E quando me drogam. Eu não preciso daquilo. Não me apaga as dores mentais, só as físicas. Não me serve de nada, estou a morrer. Vou morrer às 22h de dia 7. está quase já me vou poupar de todo este sofrimento, de todo este martírio, desta espera, deste desespero, de não saber o que querem de mim, porque não me poupam. Quais os desígnios daqueles que podem mudar o mundo? Não o mundo, mas o meu mundo. Não que possam fazer muito vou morrer mas nem me tiraram estas correntes Estas correntes que me prendem... Que não me deixam sair o pequeno do quarto do vão da escada. Está outra vez de castigo. O senhor da casa havia-o apanhado a ler o jornal, ou a tentar, supunha ele. Só os escolhidos podem ter educação. Olha para ti, achas mesmo que és um deles? Vais para a despensa e só sais de lá quando eu me lembrar que me esqueci de ti, falava o homem com a altivez e arrogância de um dos homens do Regime. Os Homens. Aqueles que proclamavam a necessidade de um mundo melhor, onde tudo é como devia ser. A pobre mãe do rapaz é que não está como devia ser pobre coitada a chorar e a trabalhar a trabalhar e a chorar Não tem por onde sair do buraco onde se meteu a ela e ao seu filho.
Quem sou eu O que sou eu Onde estou eu Quando estou eu. Não sinto não cheiro não vejo não ouço. Sou quase nada e a data deve estar a chegar. Finalmente vou para a guilhotina, mostrar-lhes que nem tudo é como eles querem. Quero. Cigarro. Já. JÁ!
Meu Deus, devo estar louco...