Estou a ler a Criação, de Gore Vidal. A certa altura, aparece-me à frente dos olhos o diálogo que passo a transcrever:
" - O Barão K'ang anunciará novos impostos. Sobre toda a gente. Ninguém vai ser isento. É a única maneira de se arrancar dinheiro aos ricos.
- E de arruinar os outros -. Fiquei alarmado. O imposto de guerra tinha sido cobrado alguns meses antes para desespero de todos os cidadãos. Nessa ocasião Confúcio tinha avisado o de que o imposto era excessivo. - Pior - dissera ele - ao tirares assim tanto para o Estado, reduzes a capacidade de criação de riqueza. Até o bandido da floresta nunca leva mais de dois terços de caravana de um mercador. Afinal, é do interesse do bandido que o mercador prospere para que haja sempre alguma coisa para ele roubar."
Lembrei-me do meu país. Já nem um terço nos deixam. Em breve levarão tudo. E nós ficamos por cá, a suspirar por bandidos como os do tempo de Confúcio...