sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Cortar o tempo

“Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano, 
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade de acreditar
que daqui para diante vai ser diferente”.
Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

AAC, eleições e divulgação


Estamos em época de eleições na Associação Académica de Coimbra. Estas eleições ganham uma maior importância devido ao grande trabalho (ironia, ironia!!!) realizado pela última Direcção Geral. A necessidade de uma liderança forte, de um corte com o que foram os erros do mandato anterior, é imperativa. Mas é sem tomar qualquer tipo de partido em relação às duas listas que vão à segunda volta que constato o vazio que são as campanhas de uns e de outros.

Senão reparem:
1 - Num dia chego à FEUC e tenho a parede da minha Faculdade forrada com cartazes de uma das listas. No dia seguinte estão cartazes de outra lista colados por cima dos primeiros. Depois disso fui operado e (haja um lado positivo) não tive de aturar todos os brindes distribuídos nem de acompanhar o arrancar de cartazes de uma lista para se colarem os de outra por cima. Mas a guerra em que se tornou ter uma parede de uma faculdade forrada com cartazes de campanha eleitoral faz crer que as diferentes listas acreditam que é com base nos cartazes que se vai, ou não, ganhar uma eleição.
2 - No Facebook sou verdadeiramente bombardeado por verdadeiro spam eleitoral. São imagens de apresentação com o símbolo das respectivas listas, são frases vazias como "Vota C nos dias 5 e 6 de Dezembro. Ainda é possível despertar a AAC" ou "Dias 5 e 6 de Dezembro vamos ter de voltar às urnas. Liga-te e VOTA L!" ou outras milhares de variações cuja mensagem é pura e simplesmente: "vota na minha lista porque sim". Mais uma óptima forma de influenciar a decisão dos estudantes indecisos.
3 - Mesmo através do telemóvel tenho recebido mensagens - autênticos testamentos - de amigos que reencaminham um texto predefinido para todos os números que têm no telemóvel. Aí não posso, sequer, dizer se as mensagens são ocas ou não. Tal como faço quando recebo uma mensagem a desejar feliz Natal que não é pessoal, apago sem sequer acabar de ler. Uma postura mais aberta, uma conversa pessoal, seriam muito mais importantes do que qualquer mensagem reencaminhada para 10000 pessoas. Mas isso é só a minha opinião.
4 - Este ano realizaram-se alguns debates entre os vários candidatos à presidência. As mensagens partilhadas no Facebook por apoiantes das duas listas eram hilariantes. Cheguei a contar 10 pessoas num dia, 6 apoiantes de uma lista e 4 apoiantes de outra, a darem os parabéns ao respectivo "chefe" por este ter, segundo eles, ganho o debate - o que é mais uma forma de tentar influenciar os "amigos" do Facebook.

A minha questão é, portanto: será que tudo isto influencia, de facto, os eleitores? Será que isto os faz ir às urnas?

No livro Buyology, de Martin Lindstrom (que aproveito para aconselhar vivamente a quem é de Gestão e a quem não tem nada a ver com Gestão) descobri que muitas vezes as mensagens que nos parecem mais inofensivas têm um efeito bastante forte no nosso cérebro que nos leva, muitas vezes, a agir de forma diferente daquela que vemos como sendo a mais racional. Mas será que temos um cérebro assim tão defeituoso que não nos permite, sequer, ver algo tão evidente como o vazio que todos estes apelos guardam por trás de cada uma das letras?

Eu vou continuar a acreditar que o meu cérebro não se deixa enganar e que tudo isto é um enorme falhanço de divulgação por parte das listas candidatas. Vou acreditar que os candidatos é que ainda não perceberam que cada vez mais se querem argumentos em vez de apelos sem fundamento. Mas talvez seja demasiado optimismo da minha parte. Porque acredito que há muito boa gente que vota com base nestes apelos vazios dos seus amigos...

sábado, 26 de novembro de 2011

Mais um animal que descobriu o fogo


Ontem, a propósito da rede de segurança que separou os adeptos do Zbordém do resto dos adeptos escrevi isto:
"Não entendo mesmo essa polémica. Por uma simples razão: a "jaula" visa isolar as claques adversárias do resto do estádio. Estou farto de ver as cenas vergonhosas que tenho visto neste tipo de jogos. As claques são compostas por verdadeiros animais e é como tal que devem ser tratadas. Se os adeptos do benfica e do sporting que fossem ao estádio fossem como eu ou como tu [pessoas que gostam do seu clube mas que são incapazes de andar a partir cadeiras, a atirar pedras etc.] entendia-se a indignação, agora neste caso não posso entender. É óbvio que por causa do pecador paga também o justo, mas é difícil fazer a distinção nestes casos. Para mim neste tipo de jogos era "jaula" neles todos, sejam do benfica, zbordém, porto, braga ou académica... enquanto não metem uns quantos na jaula que de facto mereciam ;)"

Hoje, no final do jogo, vejo que esses mesmos adeptos incendiaram o Estádio da Luz. Se deveriam ser tratados como pessoas? Talvez... mas só se fosse para os meter na prisão.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Facebook cada vez mais assustador


O Facebook assusta-me e vou começar a ter cada vez mais cuidado com ele. Esta é a razão por que escrevo este texto. Sempre me fez um bocado de confusão esta coisa de estar a disponibilizar bastante informação sobre mim, os meus amigos e a minha vida na internet. 

Comecei por aderir ao Facebook por estar curioso com a febre da altura, o jogo FarmVille, e acabei por achar piada à coisa. Esta rede social permitiu-me ter contacto quase permanente com muitos amigos que se encontravam afastados fisicamente e tornou-se um importantíssimo meio de divulgação - o que, para quem estuda Gestão e tem uma paixão pelo Marketing e a Publicidade é algo interessante. E, mais do que isso, foi uma ferramenta essencial durante o período em que estive em intercâmbio no Rio de Janeiro, porque me permitia partilhar quase em tempo real aquilo que vivia do outro lado do oceano.

Desde sempre se soube que a disponibilização de informação na internet nos deixa automaticamente, permitam-me a expressão, "cadastrados". Mais: sabemos que tudo o que fazemos na internet deixa rasto. A questão é que o Facebook permite a todas as pessoas que são suas "amigas" (também aqui o termo me parece bastante discutível, uma vez que de 1000 "amigos" numa rede social uma pessoa aproveita 5 (?), 10 (?) na vida real) saibam de onde se escreve, há quanto tempo, onde se foi na noite anterior, o que se fez no dia X etc. Ora se eu não conto onde estou em cada momento aos 10 amigos da vida real, por que raio o dizemos permanentemente a esses 10 e aos outros 990 que são só "amigos" - leia-se "conhecidos".

Mas o que me levou a escrever este texto é aquilo que me leva, de hoje em diante, a reduzir imenso a minha actividade no Facebook. Não sei se todos os utilizadores já terão reparado, mas no canto superior da página aparece uma caixinha que diz A CADA SEGUNDO o que CADA UM dos seus 1000 amigos fazem naquela rede social - desde meter gosto na foto de outra pessoa que eu nem preciso de conhecer, a um comentário feito numa outra página qualquer, passando pelas novas relações de "amizade" que se estabelecem. Tudo isto SEGUNDO A SEGUNDO. Para mim foi a gota que fez transbordar o copo.

É um excesso de exposição, uma violação de privacidade. Por isso, de agora em diante, Facebook apenas como instrumento de divulgação ou conversas privadas. Pelo menos até que toda a gente se revolte contra a, como foi baptizada por um amigo, "caixinha da cusquice". E que esta desapareça...

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

A romper com o passado (e com o ligamento)


Foi no Sábado passado que rompi definitivamente com o ligamento. Uma pessoa tem de ter saber dizer basta e, como a nossa relação já estava demasiado desgastada, decidi ver-me definitivamente livre dele. Afinal de contas que sentido faria continuar com alguém que nos magoa diariamente?! 

Falo do ligamento cruzado anterior do joelho direito, claro está. É importante clarificar isso uma vez que, poligâmico como sou, desejo muito manter estáveis as relações com todos os outros ligamentos do meu corpo...

Para romper uma relação de 21 anos, tive de recorrer à ajuda de especialistas neste tipo de coisa. Decidiram que a melhor maneira de romper definitivamente com tudo era tendo os dois especialistas por perto, ou seja, que eles próprios tratariam de tudo. Mas, para isso, eu tinha de me manter acordado, porque não podia retirar completamente de mim a responsabilidade de uma separação destas, claro está...

E assim foi... iniciámos com o ligamento uma conversa que durou cerca de duas horas e pouco. Confesso que foi tão longa que eu, cansado por só ter dormido uma hora na noite anterior, acabei por adormecer. Quando acordei percebi que devia ter havido alguma discussão. O ligamento não concordava com a separação. Tivemos, portanto, de avançar para o divórcio litigioso. 

Por essa altura só ouvia os dois especialistas a trocarem palavras como "Ora bolas... estava aqui. Será que esteve aqui desde o início e nós não o vimos?". Percebi, então que o ligamento andava a esconder-se, como é tão habitual em pessoas que têm algum peso na consciência. Foi com um misto de alívio e de susto que o ouvi a dizer "Não sei... mas corta, corta lá isso de uma vez!". E assim se consumou a quebra total.

O pior veio depois, durante dois dias, como é hábito neste tipo de coisas. Uma pessoa habitua-se a viver com um ligamento durante 21 anos e acaba sempre por sentir a sua falta... cheguei até a meter-me na droga para esquecer a dor, mas o pior momento foi quando sabia que não podia consumir mais, sob risco de overdose, e mesmo assim a dor não passava. Foi uma relação demasiado intensa durante tantos anos...

A partir daí a coisa melhorou. Comecei a conviver mais com os meus dois vizinhos - um deles também acabado de romper a relação com um ligamento (e, ainda por cima, depois de se ter zangado com o menisco) - e cada dia, cada passo, cada movimento sem o meu outrora querido ligamento era uma batalha. Foi importante o parceiro de luta, Sérgio, que, como eu, sofria imenso a cada gesto. Nesta altura valeram-nos o sabor a vitória no final de cada batalha e o sorriso causado pelo Sr. João, o outro companheiro de batalha, sempre preocupado em elevar o moral das tropas.

A guerra será longa - relações tão duradouras não se esquecem facilmente - e só vencendo batalha a batalha poderemos ganhá-la. Por agora ficam ainda as dores naturais neste tipo de separação e a convicção de que daqui a seis meses já não precisarei de me lembrar diariamente do ligamento cruzado anterior do joelho direito...

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Todos juntos agora!


Numa televisão com programas tão fraquinhos e com anúncios tão mauzinhos... eis que chega uma daquelas campanhas de propaganda que vale a pena destacar.

O mérito é da Optimus e da sua campanha alicerçada na música "All together now", dos Beatles. Já gostava do primeiro anúncio da série, mas tenho gostado principalmente dos desenvolvimentos. Serve o presente post para vos apresentar a campanha e os vídeos disponíveis até ao momento. Nos "duetos improváveis" acho que há um claro destaque para a "dupla" Carminho/Moonspell. Fica, portanto, o meu aplauso:

 "All together now":


"Duetos Improváveis: Carminho e Moonspell":

"Duetos Improváveis: Manuel João Vieira e Mónica Ferraz":

"Duetos Improváveis: Rui Reininho e Quim Barreiros":

"Duetos Improváveis: Mind da Gap e Avô Cantigas":

sábado, 12 de novembro de 2011

Ficção científica... sem a parte da ficção.


Deixo o link para o vídeo que me deixou de boca aberta. Já é, creio, de há dois anos... mas continua muitos anos à frente do meu tempo. 

Faz-nos acreditar que é um daqueles filmes de ficção científica... mas sem a parte da ficção. É que isto é bem real. São 8 minutos, mas garanto-vos que valem a pena.

sábado, 5 de novembro de 2011

Limpem a Academia


Durante três anos de estudos na Universidade de Coimbra passei sempre um pouco ao lado das questões políticas que lhe estão inerentes. Este ano, porém, por diversas razões, comecei a estar mais atento à política na Associação Académica de Coimbra e a tudo o que dela depende.

Sempre achei que era nos estudantes que devia estar a vontade de mudar, de romper com "aquilo" que vemos no nosso país. De romper com os políticos que vemos no poder. De limpar a sujidade que deixou Portugal na situação em que está.

Acontece que ao olhar para o que se passa na nossa Academia, facilmente percebemos que ao contrário do que desejava... não são estes estudantes que farão o país sair do buraco em que se meteu. É incrível, assustador e, arrisco, repugnante o que se assiste nas polítiquices dos estudantes da Universidade de Coimbra.

Os joguinhos de interesses, os favores, os votos no Zé para um cargo em troca do voto no Manel para outro, as pressões, as ligações entre as juventudes dos partidos políticos e a Academia... tudo, mas tudo me faz lembrar o que deixou o país no estado em que está. Também aqui os eleitos se esquecem de que se comprometeram com os estudantes e não consigo mesmos e com os seus próprios interesses. E eu, quando vejo o que vejo, fico sem saber o que hei-de fazer ou pensar.

Quando a falta de escrúpulos e as votações compradas começam quando há em jogo coisas tão banais e pequeninas como estas, quando não há princípios e nem sequer vergonha e quando isto começa desde que eles são pequeninos...só posso sentir-me repugnado com estas pessoas.

Já estamos habituados a que sejam os incompetentes e as pessoas sem escrúpulos e princípios a triunfar na política nacional. Provavelmente quem está mal é quem não abdica de determinados princípios, mesmo que para isso tenha de abdicar de outras coisas de que gostaria imenso. Tenho orgulho de fazer parte desse grupo de pessoas e tenho orgulho de ter um primo que se vai candidatar mesmo sabendo que é, à partida, o candidato derrotado. Fá-lo consciente disso em nome de, vejam lá, princípios. Por isso digo que, mesmo que daqui a uns dias vejam o Francisco como candidato derrotado a Comissário Geral da Queima das Fitas... será sempre o maior vencedor dessa eleição. Porque se candidatou por amor e porque, por esse mesmo amor, recusou trair os seus próprios princípios mesmo sabendo que isso lhe poderia dar a vitória. E este, para mim, é um exemplo de pessoa que poderia ajudar a mudar este país - por oposição a todos os outros que, certamente, um dia o estarão a governar.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Bom dia e até ao meu regresso!


A última vez que escrevi para o VaiPaSelva (VPS) foi a 4 de Agosto deste ano, há precisamente três meses atrás. Nunca, desde o início do blog, este tinha estado tanto tempo parado. Mas como este espaço se foi tornando cada vez menos o espaço de reunião de um grupo de amigos e cada vez mais um espaço meu, também a necessidade de o manter actualizado deixou de ser tanta.

Hoje vejo o VPS como uma espécie de livro de memórias. Desde 19 de Fevereiro de 2009 que este espaço existe e, com ele, muitas discussões, muitas partilhas, muitos sorrisos e algumas saudades. É precisamente pela necessidade de manter esta memória à distância de um clique que resolvi regressar a esta casa - que é tão mais minha do que o Facebook.

Há umas semanas confessara a alguém, um pouco embaraçado, que neste momento aquilo que mais prazer me dava tinha voltado a ser jogar futebol. Era por um lado a desorganização em que se tinha tornado a minha vida fora do campo, por outro a felicidade que sentia por as coisas me estarem correr bem dentro dele. O brilhozinho nos olhos sempre que entrava em campo, que se tinha esfumado um pouco há já alguns anos, tinha voltado.

Como imagem da minha alegria escolho a minha mãe, preocupada, a ver-me chegar a casa a coxear depois de um jogo e a perguntar-me o que se tinha passado. Vinha com um pé torcido e inchado, umas dores na virilha que me tinham deixado em dúvida até ao último segundo e que, depois do esforço, tinham piorado, e uma pequena mazela no gémeo que não me deixavam andar direito. Quando vi o ar preocupado dela tentei sorrir - digo tentei porque também tinha apanhado uma cotovelada que me abrira o lábio - e disse-lhe:
- Marquei um golo e ganhámos! Achas que podia estar melhor?!

Era nesta vontade de jogar, de ganhar e de marcar, de tentar ajudar a minha equipa, que a minha vida se baseava nesta fase da minha vida. Até ao dia 23 de Outubro de 2011, dia do jogo em Tábua. Devido às já referidas lesões estive em dúvida, mais uma vez, até à hora do jogo. Resolvi jogar, mesmo que com dores. Tudo estava a correr bem, como nos últimos jogos até que, pelos 20 minutos de jogo, corro para tentar chegar à bola antes do guarda-redes adversário e sem que ele me toque sinto uma dores horríveis no joelho. Caí de imediato no chão. Logo ouvi os adversários a mandarem-me levantar, pensando que estava a tentar "sacar o penalti". Gritei-lhes que tinha sido sozinho, para mandarem entrar algum médico...

Ajudaram-me a sair do campo, fui visto pelo fisioterapeuta da minha equipa - que logo me fez o teste para ver se seria rotura de ligamentos ou não. O joelho passou no teste e, apesar de a dor se manter, nunca aumentou quando ele fez os movimentos para o testar. Pedi-lhe: "deixa-me tentar entrar. Pode ter sido só um susto".

Entrei, corri até ao meio campo e quando tentei disputar uma bola pedi substituição. Nessa altura percebi que era grave. Não saí de campo até ao meu colega estar pronto para me substituir. A certa altura, há um cruzamento para o segundo poste onde o extremo ganha a bola de cabeça enviando a bola para a pequena área. Vejo que a bola vai a passar à minha frente quando, qual apaixonado pelo jogo, decido rematar - mesmo sabendo que depois disso as dores iam ser terríveis. A bola entrou e eu caí agarrado ao joelho, já dentro da baliza.

Esperei os festejos dos meus colegas de equipa, mas o árbitro tinha assinalado fora-de-jogo quando o jogador da minha equipa cabeceou. Não interessa nada dizer agora que o golo foi limpo - a minha certeza quanto a isso é absoluta. O que interessa dizer, isso sim, é que marquei um golo com - confirmou-se hoje - uma rotura do ligamento cruzado anterior do joelho direito e que a minha única mágoa é que o árbitro não o tenha validado.

A minha vida mudou desde esse dia, mas a vontade de melhorar e a força para reagir são bem mais fortes do que tudo o resto. Este desporto tudo nos dá e tudo nos tira. Talvez até tire mais do que dá. Mas o prazer que sinto a jogar futebol é bem maior do que a quantidade de coisas que me tira. E, se depender de mim, na próxima época lá estarei a sorri de novo com a bola nos pés. E com mais força ainda... 

Até lá há que esperar pela operação e, depois dela, de trabalhar durante seis meses para voltar a ser quem sou. E são seis meses em que a vida fora dos relvados terá de se organizar. Este desporto nunca passou, para mim, de um hobbie que amo. E agora, de repente, o tempo que tenho para me concentrar noutras coisas aumenta brutalmente. Fica a mensagem para todos aqueles que se têm revelado tão preocupados que aguentaram até ler este testamento até ao fim: estou forte, confiante e... vou sair daqui ainda mais forte do que fui até àquele jogo que nunca mais irei esquecer.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O Último a Sair, por Pedro Girão


Foi o último a sair. O último Erasmus (pelo menos dos "meus" Erasmus) a abandonar a minha cidade neste semestre. Hoje não pude ir despedir-me dele à estação (à semelhança do que tinha feito com o Reinder) ou simplesmente ir dizer-lhe adeus (como aconteceu com a Magda).

Hoje não pude correr até ao comboio, cheio de malas, em busca de ver alguém de quem gosto na minha cidade por mais uns segundos. Confesso que os comboios perderam aquela aura romântica, em que se viam partir lentamente, por entre choros e rezas daqueles que ficavam e dos que partiam. Hoje as paragens são de dois minutos, nem mais um segundo. Senti-o particularmente na pele quando, na despedida do Reinder fui obrigado a atirar para dentro do comboio uma recordação que lhe queria oferecer em mão, porque as portas já se estavam a fechar.

Mas, como dizia, não pude ir até à estação. Engana-se, porém, quem pensa que não me fui despedir do Johannes. Hoje vi claramente vista a partida do meu velho alemão para o Porto, para aí comer a sua francesinha (o prato) em jeito de despedida deste seu novo país. E vejo-o a pegar nas malas e a seguir para o aeroporto. Não estive lá fisicamente, mas posso assegurar que vi o Johannes da estação, a partir num daqueles comboios a vapor, lentamente, e a dizer adeus com uma lágrima de saudade a escorrer pela cara, debruçado sobre a janela e acenando com um lenço branco, como noutros tempos se fizera. Por essa altura vinha, não sei bem de onde, a música "Coimbra tem mais encanto na hora da despedida"...

O Johannes foi o último a sair de Coimbra e, por isso, se tornou para mim e para muitos dos meus amigos, um "Buddy adoptivo". A despedida teria de ser emocionante, portanto. Mas havia uma coisa com que não contava nesta despedida e que me abalou imenso: o facto de ele ser MESMO o último a sair. 

É que com a saída do Johannes não parte apenas ele. Partem também a Magda, o Reinder, o Folco, o Josef, o Yacine, o Enrico... e Coimbra como que hiberna até ao regresso dos Erasmus. Mal eles sabem que quando chegarem estão a trazer-me de volta um grupo de pessoas fantásticas que nem sequer conhecem. Até lá espero impacientemente, sentindo que parte de mim está espalhada pelo mundo. Mais uma vez...


Sentes que um tempo acabou
Primavera de flor adormecida,
Qualquer coisa que não volta que voou,
Que foi um rio, um ar, na tua vida.
E levas em ti guardado
O choro de uma balada
Recordações do passado
O bater da velha cabra.
Capa negra de saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo p'rá vida.
Sabes que o desenho do adeus
É fogo que nos queima devagar,
E no lento cerrar dos olhos teus
Fica a esperança de um dia aqui voltar.
E levas em ti guardado
O choro de uma balada
Recordações do passado
O bater da velha cabra.
Capa negra de saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo p'rá vida.
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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Record batido...


Já aqui tinha notado uma vez que o jornal desportivo Record estava a tornar-se numa revista cor-de-rosa. Hoje, escrevo este post para notar que, para o bem de todos, este jornal devia deixar de ser apresentado como um desportivo. Porquê? Ora vejam a notícia: http://www.record.xl.pt/jogo_vida/interior.aspx?content_id=709359.

Como, espero, o texto irá ser corrigido, passo à sua transcrição:
"A temperatura subiu, e de que maneira, nas férias de Alexandre Pato e Barbara Berlusconi. O casal de namorados deixou-se levar pela emoção e acabaram por ser apanhados pelas lentes dos paparazzi em cenas escaldantes em Itália, pela costa Smeralda.

O jogador de futebol deu largas à paixão a bordo do iate da família da namorada, filha de Silvio Berlusconi, primeiro-ministro de Itália e presidente do Inter Milão, onde o brasileiro atua. As imagens já fazem furor na revista italiana “Diva e Donna”. Prova que o romance está a aquecer! Ele até já levou a bela ragazza ao Brasil e apresentou-a aos pais. Um namoro que estápara durar. Pelo menos, paixão não lhes falta!"
Façamos, então, um exercício: o que há de relevante ao nível desportivo nesta notícia? Nada. Mas, compreende-se, fala de Alexandre Pato, jogador de futebol, e de Silvio Berlusconi, um homem do futebol (e não só) italiano. Está, portanto relacionado com desporto. Mas o que é engraçado é que a única referência ao desporto é feita quando se refere que "O jogador de futebol deu largas à paixão a bordo do iate da família da namorada, filha de Silvio Berlusconi, primeiro-ministro de Itália e presidente do Inter Milão, onde o brasileiro atua".
Bem sei, bem sei... uma revista cor-de-rosa não tem de saber que o Berlusconi não é presidente do Inter, nem que o Pato também não actua lá. Uma revista cor-de-rosa não precisa de saber que eles "actuam" precisamente no grande rival: o AC Milan. Mas então, que se assuma como aquilo que é: uma revista cor-de-rosa. E que se deixe, de vez, de divulgar como jornal desportivo...

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Buddy Program, ou Erasmus na tua própria cidade?


Durante este semestre tive a espectacular oportunidade de viver um bocadinho do Erasmus na minha própria cidade. Quando voltei do Brasil inscrevi-me no Buddy Program. Uma das perguntas que me fizeram na hora da inscrição foi em que línguas conseguia comunicar. Pouco confiante das habilidades no inglês, resolvi colocar: "português, espanhol e inglês, apesar de o inglês ser muito fraco talvez consiga comunicar, quanto mais não seja através de gestos". 

Pensei que seria suficiente para que não tivesse de falar inglês. Calhar-me-ia algum espanhol, argentino, peruano, uruguaio, brasileiro... mas enganei-me. Uns meses mais tarde recebia o seguinte e-mail:

"Caro estudante,

No seguimento da sua inscrição para o Programa “Buddy - Adopta um Estrangeiro”, vimos informar que lhe foram atribuídos os seguintes estudantes:

NOME(s)
CONTACTO(s)
Não interessa (I) (PL), área de Gestão
Não interessa (II) (NL), área de Gestão
naointeressai@hotmail.com
naointeressaii@hotmail.com

Agradecemos que estabeleça contacto com os estudantes com a maior brevidade possível."

Mais havia escrito, mas a minha leitura parou por aqui: SOCORROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO!!!

Começou assim. Começou assim aquele que viria a ser o meu primeiro semestre de Erasmus na minha própria cidade. Olho hoje para trás pensando que há muitas coisas que poderia ter feito de maneira diferente, mas sinto ao mesmo tempo, que ganhei amigos durante estes seis meses. Não apenas os dois que ajudei, mas bastantes outros. 

Agradeço a todos eles (Polacos, Holandeses, Alemães, Italianos, Franceses, Checos...) o que me ensinaram e peço-lhes desculpa por não ter agido mais cedo. Certamente que não cometerei os mesmos erros com os próximos colegas de Erasmus. Os primeiros jogo e jantar serão realizados MUUUUUUUUUUITO mais cedo do que desta vez.
Permitam-me infiltrar-me um pouco no sentimento do vosso Erasmus: eu próprio sinto que irão embora peças importantes desta cidade. Não sei como será sair à noite sem a certeza de encontrar pelo menos um de vocês. Partam, porém, com uma certeza: a de que serão bem recebidos quando regressarem.

E, deixo-vos eu partir, também, com um desejo: de que voltem depressa!
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quinta-feira, 23 de junho de 2011

Até já


Há palavras que guardamos e que só quando já é demasiado tarde ousamos largar. Partiste hoje mas deixaste-me bem mais do que pensas. Lamento apenas as palavras que não disse, as coisas que não fiz... mas vejo-te a ir sabendo que grande parte de ti fica em mim. Para mim serás sempre a Mina, comigo estarão sempre a varejeira, as histórias do Sr. David, as refeições dadas à janela de minha casa e, claro, o monstro que vivia no fundo da rua...

Até sempre. Até já...

sábado, 18 de junho de 2011

O antes, o agora e o depois...



Ao olhar para o novo Governo, conhecido no dia de ontem, há algo que me salta à vista: a ausência, em termos gerais, dos políticos de profissão, dos tradicionais cola-cartazes que nos têm representado durante os últimos anos. São pessoas de mérito nas respectivas áreas e isso é algo bastante importante. Até pode vir a revelar-se um desastre, mas parece-me um ponto bastante positivo - e é, confesso, uma surpresa para mim.
Mas passo, agora, à análise do ministro de uma das pastas mais polémicas dos últimos anos: Nuno Crato, novo ministro da Educação. E faço-o porque o considero o retrato da passagem de testemunho. Senão reparem: nos últimos anos Portugal tem evoluído bastante em termos estatísticos na área da Educação. De súbito, os portugueses - que eram péssimos a Matemática - passaram a ter óptimas notas, a quantidade de alunos no Ensino Superior disparou, o número de pessoas com formação também. Criaram-se as Novas Oportunidades, baixou-se o nível de exigência e, milagre, Portugal cresceu bastante nos indicadores que à Educação dizem respeito.

Obviamente que tudo isso é pura fachada. Mas isso era a imagem de um Governo que tinha como Primeiro-Ministro alguém que concluiu uma licenciatura a um Domingo. O que interessava era a imagem, era melhorar nos indicadores externos, subir nos rankings. Era a época do facilitismo. Agora, pelo menos se Nuno Crato aplicar o que sugere no vídeo em baixo, a conversa é outra.

O ministro da Educação defende a exigência como factor central no ensino em Portugal. Defende que os exames não devem ser realizados por uma instituição ligada ao Ministério da Educação, caso contrário estarão a ser realizados pelo organismo que se pretende avaliar. Defende, portanto, o fim da governação das aparências, dos rankings, da fachada, do facilitismo. 

Mas há um grave problema nisto tudo e é precisamente por isso que escrevo este texto: é que Portugal vai ser visto, novamente, como um país em recessão ao nível da educação. Não tenho dúvidas de que com mais exigência haverá menos licenciados, de que sem as Novas Oportunidades haverá menos gente com o 12º ano. Isso será reflectido nos indicadores, nas estatísticas e nos rankings. E, provavelmente, será usado daqui a uns anos contra este governo.

Por isso mesmo o escrevo aqui hoje: prefiro um país com menos licenciados mas com gente que tenha capacidade para o ser, do que o país da fachada e do facilitismo que tem sido nos últimos anos. Há que formar, sim, mas há que formar BEM.

PS: espero que Nuno Crato se lembre de que para exigir nos exames é necessário ter a mesma exigência para com o seu próprio ministério. Os programas actuais de algumas disciplinas são irreais. Mais vale aprender menos e aprender bem, do que criar um programa tão extenso que será impossível de cumprir. Os exames são importantes, sim, mas não creio que esse seja o primeiro passo. 

Que se adeqúem os programas, que se revejam os métodos, que se avaliem os professores - não sei até que ponto será exequível a avaliação com base na evolução das notas dos alunos - e que, aí sim, se exija mais nos exames. Porque, sempre o defendi, o professor exigente não é o que dá más notas: é o que exige aquilo que ensina aos seus alunos. A grande tarefa deste ministro será, primeiro que tudo, conseguir reformular os programas para que possa ser exigido aquilo que de facto é possível ensinar no limitado tempo que se tem disponível.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Intercâmbio - o que sentiste? O que mudou?

"Fizeste intercâmbio? Como é que foi? Sentiste que mudaste?"

São perguntas delicadas, mas são aquelas a que um ex-intercambista tem de se habituar a responder. Não é fácil conseguir resumir um período em que se foge da realidade em que se viveu durante tantos anos. Não é fácil explicar "como foi" ou "o que mudou". É, aliás, dificílimo fazê-lo.

Qualquer pessoa que tenha estado a estudar no estrangeiro acaba por ser confrontada com a curiosidade de todos. O problema é que não há muita gente que tenha paciência para ouvir a resposta tal como ela deve ser dada - com pormenor.

Costumo dizer que não é a experiência de intercâmbio que nos muda. São as experiência, os episódios, as dificuldades, as loucuras que, dentro do intercâmbio, fazem com que voltemos pessoas diferentes. Pessoas com novas ideias, conhecedoras de novas culturas, mais conhecedoras de si mesmas. Pessoas com mais mundo, com mais vida. Pessoas que foram obrigadas a sair da sua realidade, a saltar para uma dimensão completamente nova. Que tiveram de reorganizar os seus hábitos, de se adaptar a novas culturas, de enfrentar os seus medos ou de resistir às saudades. Que, sob pena de passarem vários meses solitários num país diferente, tiveram de fazer amigos numa idade em que normalmente já se tem um grupo formado. São, acima de tudo, pessoas que tiveram de renascer.

No fundo o intercâmbio é isso: um renascimento. É um regresso à infância, no sentido de que temos todos de voltar a ter aquela abertura que nos permite falar com pessoas novas, procurar conhecê-las deixando de lado os estereótipos e preconceitos formados durante anos de vida. A experiência é tão nova, tão única, que não é facilmente explicável a quem a não viveu.

Talvez seja precisamente por isso que são os que já foram que, no regresso, incentivam os outros a ir, também. E talvez o façam por perceberem o que teriam perdido se tivessem ficado por "casa"...

domingo, 15 de maio de 2011

Bar da FEUC

 
Ontem dava por mim a ler o livro Espaços Perdidos, Coimbra e a pensar o que teria acontecido desde então para que os cafés deixassem de ser os espaços de calorosas discussões entre os estudantes. Não há, pelo menos para os alunos da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), um'A Brasileira ou um Arcádia. Mas talvez isso tenha uma explicação: o facto de a Faculdade ter um bar incorporado.

Acho que ninguém sabe muito bem o nome do bar em que o grupo se encontra sempre que tem aulas. "Bar do Sr. Carlos", "Bar da Feuc" ou simplesmente "Bar" são os nomes não oficiais. O oficial é coisa que não interessa para os relatos...

Estamos no ano de 2011, último ano do curso para o grupo que havia de dar forma a um dos carros do curso de Gestão deste ano. Quem chega à faculdade, mesmo que atrasado para as aulas, costuma subir as escadas e dar uma espreitadela ao grupo que se encontra no bar àquela hora. Se for de manhã é vulgar ver o Jorge na varanda a tomar o seu café, impaciente por se ter sentido obrigado a acompanhar a namorada, Carolina, em mais uma aula de madrugada. Obviamente que não pode entrar logo às 8h da manhã, razão pela qual faz o seu pequeno intervalo para repor energias. É um pouco mais tarde que o grupo se começa a compor.

A Sara, a Carolina, o Jorge, a Sequeira, as Beas, a Carla, a Mariana são quase sempre das primeiras pessoas a dar forma ao grupo, embora por razões diferentes. Os elementos femininos porque não se deixam seduzir pelos lençóis e se conseguem levantar da cama para enfrentar as duríssimas aulas da manhã. O elemento masculino, porque - para mal dos seus pecados - tem de acompanhar o seu par...

Não seria justo para ninguém se não se referisse que, durante este semestre, também eu sou sempre dos primeiros a chegar. Não seria MESMO justo que não se referisse a disciplina mais conhecida no seio do grupo: Sociedade Portuguesa Contemporânea, com aulas na Quinta e Sexta-Feira às 8 horas da manhã. Não pensem que ela se tornou famosa por ser do interesse do pessoal. Não. O que acontece é que só eu é que a escolhi - sim, sou mesmo a única pessoa do meu curso a fazê-la - e, perante o horário, é inevitável que o pessoal me moa a cabeça com isso...

Ou seja, é raro ver, de manhã, o grupo todo reunido. Mais: é até bastante raro ver o grupo todo reunido. O dia em que isso costuma acontecer é às Terças-Feiras, quando o pessoal tem aulas das 8 da manhã às 8 da noite. Dia cansativo, hem?

Pois ele começa como de costume. O grupo da manhã vai-se compondo - nestes dias juntam-se, aos já referidos, o Pê, a Inês, o Barreto, o Pedro Costa, o Janeiro, a Rita, a Ana Isabel, a Marta, a Íris (muito de vez em quando), a Sofia, o Digas, o Paulo, a Catarina, o Ventura... até que atinge o seu auge por volta das 14 horas, já com o almoço tomado.

É por essa hora que o grupo começa a ganhar alma. Com a chegada do Pipo, do Mica, do Carlos, do Chefe Leal e do Duarte - que são contra qualquer aula antes das duas da tarde - começa o grupo benfiquista a formar-se. Chegam também o Adriano e o Avé, do contingente sportinguista. Ah, claro, e O Político Chico Có, a cantar pelo seu "Mágico Braga".
Quando estes se encontram reunidos é vulgar surgir uma onda de terror. Está, por vezes, a conversa bastante animada, quando se vê, ainda ao longe, um enorme dossier com pernas a surgir nas escadas. O pânico é instantâneo. As pessoas dispersam, fazem-se distraídas, tentam sair às escondidas... todas as estratégias já foram tentadas. É que por trás do dossier está a Sequeira, que é tesoureira do carro da Queima. E neste grupo estão os maiores fornecedores do mesmo, tal é a quantidade de multas por atraso nos pagamentos que acumularam.

Mas todos eles acabam por ceder. É que as aulas já recomeçaram e mais vale voltar ao bar e pagar mais uma multa, do que entrar naquela coisa horrível a que chamam "sala de aula". Fica então quase completo o clã do futebol. Mas a discussão não começa sem uma música solenemente cantada a plenos pulmões, que anuncia a chegada do Pedro e que deixa um bar cheio de gente em silêncio a olhar com ar escandalizado para os colegas mal-educados que já nele se sentem como em sua casa:

PEDRO MARQUES BELÍSSIMO!
PEDRO MARQUES FANTÁSTICO!
ÉS A NOSSA FÉ!
PEDRO MARQUES ALÉ!!!

Estão compostas as equipas: eu, Pipo, Duarte, Mica, Ventura Leal e Carlitos, pelo Benfica; Adriano, Avé e Barreto, pelo Anti-Benfica; Pedro Marques, Pê e Digas, pelo Porto; e o Chico Có Político, pelo Braga. O penalty que foi e o que não foi, o árbitro que é super-dragão, o Xistra, o Olegário, o Falcao, o Hulk, o Cardozo, o Roberto, o Zbordém (essa é a fase em que o pessoal relaxa e se ri um bocadinho)... os temas da actualidade desportiva são avaliados jogada a jogada, com as repetições imaginárias dos lances a acalentarem discussões bem acesas. Está lançado o mote para uma tarde de aulas bem passada...

Quando o tema deixa de ser futebol entram em acção o Pipo e o Carlos. O Pipo é mais exuberante, o Carlos mais discreto - embora certeiro, mesmo mortífero nos comentários que faz. O Digas não se faz rogado e entra na conversa com a sua análise do significado do desvio de um olhar ou de um cruzar de pernas. É que ele é "como o professor de Estratégia: não anda nesta vida só por andar!".

Já a tarde vai longa quando eis que aparece, no seu único dia de aulas semanal, o grande Boy, orgulho de todo um curso. Famoso pelos belíssimos cozinhados que faz em tachos de primeiríssima qualidade, é recebido com mais um caloroso aplauso, que deixa todo o bar mais uma vez escandalizado com a falta de educação daquela gente. Não raro ouve-se a música O BOY NA DG, agradecida pela personagem principal da mesma com os braços no ar e um V triunfante feito com os dedos.

Com a presença dos três grandes políticos do grupo (Chefe Leal, Chico Có Político e Boy) o tema passa para a política. Aí o divertimento habitual é bater no Sócrates e em toda a porcaria que fez nos seus anos de Primeiro-Ministro. Como bater numa pessoa que não está lá deixa de ser divertido, tudo se faz para trazer o Jorge para a conversa e aproveitar para lhe moer a cabeça por causa do argumento "ele é mau mas os outros são piores".

As 18 horas aproximam-se e o pessoal começa a dispersar. É que a essa aula não se pode mesmo faltar. Quem a não tem vai para casa descansar e preparar-se para a noite que se aproxima, quem a tem vai ter de a gramar. E é com sonoros lamentos do Pê a dizer "que dia puxado, hoje", que todos entramos, cabisbaixos, no Anfiteatro 2.2...

Nota: Pela primeira vez na história do VaiPaSelva são utilizados os nomes reais dos intervenientes. Mas num texto que pretende gravar para a posteridade três anos de curso com enormes discussões à mistura, esta homenagem tornou-se essencial.

sábado, 30 de abril de 2011

Faz a tua [Queima]


Há um ano atrás, neste mesmo dia, fazia aqui um post a elogiar os cartazes da Queima das Fitas 2010. Pois parece que a análise desses cartazes vai virar tradição...

No ano passado a aposta foi em frases fortes aliadas a uma simplicidade gráfica. O preto e o branco sobre um fundo negro eram quanto bastava para o impacto ser (maior que) o esperado. Este ano a aposta foi outra.

O choque parece ter sido a aposta para 2011: as conjugações de cores (o fundo amarelo com as letras vermelhas é o melhor exemplo) e os desenhos a conferirem segundos sentidos acabam por deixar o conteúdo das frases para um plano secundário.

Quanto à minha opinião é simples: estas frases são menos marcantes que as do ano passado. Mas não me parecem menos válidas. Um cartaz no estilo do ano passado com a frase (deste ano) "Queima: Faz a tua" parece-me um cartaz apelativo. Um cartaz que, como acontece, associa à frase o Bob Marley remete para o segundo significado relacionado com a droga.

O mesmo para o cartaz com o Michael Jackson e a frase relacionada com o escândalo da pedofilia: "A Queima não é para meninos". Ou mesmo a belíssima frase "Traz um amigo também", onde era desnecessária a politização que lhe é colada com a imagem do grande Zeca Afonso.

Posso ser eu o careta. Mas continuo a ser fã da simplicidade: branco no preto e com frases fortes. Acho que a aposta no choque e nos segundos sentidos acabaram por tornar uma campanha que seria positiva numa campanha em que as piadas de mau gosto imperam. 

PS: A propósito da Queima convém ainda dar os parabéns pela dinamização do seu Facebook oficial durante este ano. Foi, sem dúvida, uma mais-valia e uma animação nesta preparação para a grande semana. Ah... e parabéns também pela grande quantidade de actividades (e dos seus cartazes) promovidas. Nota-se a evolução na organização de ano para ano!





Arte de Rua


Esconde-se normalmente sob o vulto da criminalidade e é, por isso, pouca a atenção que na Europa prestamos a este tipo de coisas. É óbvio que é crime andar a pintar as paredes das casas. E é também óbvio que isso tem de ser punido e combatido. Mas se passearmos pela Lapa prestando atenção às paredes vemos coisas tão bonitas que nos fica a dúvida se aquilo será ou não autorizado pelas autoridades locais. Esta é uma dúvida que ainda não consegui esclarecer: o que vemos pela Lapa são paredes cedidas para que as pessoas possam expressar a sua arte ou são os próprios artistas que se dão asas à sua criatividade nas mesmas?

Como dizia acima, em muitas cidades este tipo de arte de rua é visto como uma coisa suja. Talvez no Rio o seja também, daí a falta de pessoas a olhar para ela com um olhar diferente. Felizmente, graças à já referida A Alma Encantadora das Ruas (neste post), eu pude olhar para aquelas paredes de uma maneira diferente.

Quando viajamos pelas ruas da Lapa durante o dia temos a oportunidade de ver enormes paredes com pinturas grandiosas, belas, imponentes. É por lá que vemos dos mais diversos tipos de “quadros ao ar livre”:

Uma parede, outrora branca, hoje pintada de forma a imitar a fachada de um prédio – e que, do outro lado da estrada, causa uma ilusão de óptica engraçada, porque engana de verdade.

Outra parede, velha e cheia de pinturas degradadas, na qual sobressai uma: estão representadas diferentes pessoas, umas dançando, outras jogando futebol, outras brincando, fazendo ginástica, andando de bicicleta… e com uma dedicatória “ao povo carioca”.

Ainda outra pintura, com uma mulher grávida sentada a tocar viola e a cantar. Ao lado, o artista Selarón, com uma frase da sua autoria e um quadro na mão que diz:

“Viver na favela é uma arte.
Ninguém rouba.
Ninguém escuta.
Nada se perde.
Manda quem pode.
Obedece quem tem juízo”.

Uma outra, fantástica, com um miúda de castanho a olhar para nós de ar assustado e com um rolo de fotografias aberto ao seu lado, com três crianças a sorrir.

Ou aquela pintura que começa na parede, passa pelas portas e continua do lado seguinte da parede, onde se vê um homem a tocar viola e palavras coloridas por trás a exultar a lapa, a liberdade, as raízes do povo carioca.

A que, em tons de azul, com as casas a negro e a cinzento conta com palavras soltas como Paz, Amor, Vida, Tempo… e duas pessoas no cimo das casas, de mãos dadas e a cantar com o céu azul como fundo. Uma tem um coração na mão, a outra aponta para o ar, no qual se levantam palavras coloridas. Esta tem um poema no canto, que tinha um poema de Uriel Coelho Barbosa chamado “Tempo”, no qual se lia:

“Tempo que vai e volta
Tempo da vida
Tempo de beber, comer e morrer
Tempo que passa pelos nossos olhos.”

É esse o nosso tempo. No Rio ou em qualquer outra parte do mundo. Mas no Rio, e estando apenas num programa de intercâmbio, o tempo é tão curto que passa pelos nossos olhos a uma velocidade impressionante. E que pena seria sair do Rio sem aproveitar estes autênticos museus ao ar livre que são os das pinturas anónimas espalhadas por toda a cidade…

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Havia dúvidas?


Um conselho: deixem os nacionalismos radicais (que só revelam no que não interessa) e desfrutem de um dos melhores jogadores da história do futebol.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Bons tempos em Copacabana...

 

Casa.

22 horas.

Que fazer? Raios, que havemos de fazer hoje?!

Não sou de dançar, não sou de cantar – ou talvez até o seja, mas o ambiente para os que me rodeassem tornar-se-ia insuportável caso o fizesse –, não sou gajo para ir para uma boite (discoteca em português) até às tantas da manhã.

"Já sei. Copa!" Mensagem no facebook para os amigos do costume e siga p’ró calçadão beber caipirinhas a 3 (no início da minha estadia) ou 4 reais (no final, que os preços aumentaram…).

Assim foi. Era o festejar do aniversário de um amigo espanhol. Na verdade era o 3º festejo de aniversário da mesma pessoa no espaço de duas semanas. Pouco importa. Todas as desculpas são boas para uma noite daquelas…

O conceito é simples: boa companhia, uma paisagem fantástica num calçadão em cima da praia, boas caipirinhas e uma música baixinha como fundo. Havia aulas no dia seguinte, por isso a festa foi curta.
À meia-noite brasileira o Espanhol fazia anos. Festejos!

“Cumpleaños felices, cumpleaños felices, te deseamos todos… CUMPLEAÑOS FELICES!”

Que proeza a de conseguir passar a meia-noite em plena praia de Copacabana acompanhado de caipirinhas e de bons amigos portugueses, franceses, peruanos, espanhóis e cariocas.

“Pero en España son 3 horas más. Lo que quiere decir que son 3 de la mañana en España!”
“E então, Espanhol?”
“Es que nací por las 3 horas e medio de la mañana ESPAÑOLAS! Entonces si nos quedamos aquí media hora más podré festejar la hora de mi nacimiento!”

E lá esperámos meia hora para celebrar pela quarta vez em duas semanas o aniversário do Espanhol. Os festejos foram tantos que já não sei em quais deles acabámos com um mergulho nocturno no mar.

O dia seguinte era duro. As 7 e meia da manhã já eu estava na aula, na qual se discutia Kant. Porém, para mim, a reflexão era outra. O sono era grande e o sacrifício imenso. Só a felicidade me moldava o pensamento de forma a que tudo se tornasse não só suportável, como agradável: “Que a manhã custa é verdade… Mas caramba, esta já ninguém me tira!”

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Mais um vídeo fantástico sobre Sócrates...


Vídeo do 31 da  Armada.

Vale a pena dizer mais alguma coisa? Continuem, continuem... ontem já aparecia na frente de uma sondagem da TSF. Não me surpreende. Vivo em Portugal...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Pare, Escute, Olhe


Quando vejo filmes como o já aqui postado Aquele Querido Mês de Agosto, ou Pare, Escute, Olhe há algo que em mim muda. São filmes diferentes daqueles a que estamos habituados - o segundo é um documentário - e é isso que, para mim, os torna tão especiais.

Pare, Escute, Olhe é um filme-documentário de Jorge Pelicano sobre a - tão bela - linha do Tua. Não é o lado político que quero explorar, mas sim o que de comum têm estes dois filmes tão portugueses: o facto de revelarem, profundamente, Portugal.

Naqueles filmes a grande preocupação é conseguir que através de diálogos entre pessoas de uma mesma terra se consiga construir uma história. E é esse lado que me parece impressionante e tocante: a forma como as pessoas ficam ali tão reais, como é possível sem representação construir um filme interessante do princípio ao fim. Chegamos ao final e pensamos: "caramba! Eu mesmo poderia ter feito este filme...".

Porque o que vemos no filme é o nosso avô, o nosso amigo, as pessoas da terra onde jogamos futebol, o pessoal sem formação. É a vida que nos passa ao lado vista daqui, das cidades. Daqui, do "desenvolvimento".

E, porém, aquelas pessoas, aquelas vidas, aqueles problemas são bem reais e existem bem próximo de nós. Quando vejo aqueles filmes sinto que, de facto, o maior mérito da arte é conseguir suscitar sentimentos em quem a aprecia. E eu dormi bem disposto e sonhei (a dormir e acordado) que um dia seria capaz de transmitir assim o que as pessoas falam, sentem e pensam...

sábado, 9 de abril de 2011

Marketing, por Chupa Chups



Para ser sincero já não consigo ouvir o Socas. Aquela voz dá-me náuseas. Todas aquelas palavras são pensadas, todo este papel de vítima é não mais do que isso - um papel -, todas as preocupações com a imagem se destinam a uma coisa: vender um político como quem vende chupa-chupas.

As pessoas riem-se do vídeo em que se vê o homem a perguntar ao Luís se fica melhor a olhar para um sítio ou para o outro. Eu não consigo rir. Isto revela simplesmente o quão estudada está a sua estratégia. Preocupa-se até com os pequenos pormenores, revela conhecimentos profundos sobre coisas que nos passam despercebidas.

A última evidência disto mesmo foi o facto de, no (repugnante) congresso do PS - em que o zé se encarregou de passar a ideia de que todo o trabalho de 6 anos de governo foi destruído por causa de uma decisão da oposição - os jornalistas terem sido proibidos de se aproximar para tirar fotos ao socas. 

Porquê? Porque as únicas fotos permitidas seriam aquelas tiradas pelos profissionais de marketing e imagem da campanha do ex e (creio) futuro Primeiro Ministro deste país (sim, com "p" minúsculo). O mais incrível? É que o DN aceitou participar na manobra de marketing publicando a foto que a equipa de imagem desejava...

Uns vendem chupa chupas, outros vendem políticos. Mas, neste país, eu acho que será mais fácil o segundo... por isso, como gosto de marketing e me quero preparar para o meu futuro, já comecei a estudar aquele que deverá ser o meu público-alvo daqui a uns anos:

"O asno (Equus africanus asinus), chamado ainda de burro, jumento, jegue ou asno-doméstico é um mamífero perissodátilo de tamanho médio, focinho e orelhas compridas, utilizado desde tempos pré-históricos como animal de carga. Os ancestrais selvagens dos asnos foram domesticados por volta de 5000 a.C., praticamente ao mesmo tempo que os cavalos, e desde então tem sido utilizados pelos homens como animais de carga e montaria.

Os asnos se classificam dentro da ordem dos Perissodáctilos, e à família dos Equídios, à qual também pertencem os cavalos, pertencendo ambos a um único gênero Equus."

domingo, 27 de março de 2011

Vamos levá-la ao Jamor!


De capa e batina. 18 horas, em Coimbra. Se as pessoas em nada nos recordam o passado, que as conquistas o façam. Hoje Coimbra veste de negro.

FORÇA BRIOSA!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Imperdível...

Sempre admirei os Gato Fedorento. Mas tenho de dar o braço a torcer: no Sporting faz-se o melhor humor de Portugal...

sábado, 19 de março de 2011

Haja memória...

 

Hoje resolvi fazer um exercício. Ao ler, no Jornal de Negócios, que a Espanha está a recuperar da crise (ao mesmo tempo que Portugal caminha para a insolvência) muito graças às seguintes medidas:

1) Governantes viram salários reduzidos em 15%.
2) Reestruturação do sistema financeira.
3) Redução dos investimentos públicos.
4) Corte de 5% nos salários da função pública em Maio (ao passo que, em Portugal a medida só foi anunciada em Outubro).

Ora estes dois últimos pontos criaram-me a necessidade de fazer um exercício de memória: ir rever o debate entre José Sócrates (JS) e Manuela Ferreira Leite (MFL). 

Por um lado, eu tinha ideia de uns investimentos públicos defendidos por JS e combatidos por MFL. Por outro, achava MFL dizia que Portugal estava numa situação política bastante grave e que, por isso, era necessário mudar os caminhos que JS estava a seguir. E mais, lembrava-me de ouvir JS a dizer que MFL apostava no pessimismo e o que interessava ao país era o optimismo e a confiança no futuro para se sair da crise (um argumento tão incrível que nunca mais me saiu da cabeça). Resolvi ir confirmar se tudo isto era verdade...

Frases a reter:
MFL: 
“Modelo económico tem de ser alterado, porque se não o for os resultados vão ser os que têm sido com o modelo que tem sido seguido”
“Fico sempre muito preocupada quando ouço o Eng. José Sócrates dizer que não vai mudar de politica, que não vai mudar de rumo…”
“Em primeiro lugar combateu-a [a crise] tarde. Se tivesse combatido quando eu anunciei que isso ia acontecer, se tivesse seguido os nossos conselhos e as sugestões, provavelmente o país hoje não estaria da mesma forma. 

JS:
Sócrates: 
“Respondemos com mais investimento público: e é disso que o país precisa.”
“O que o país precisa é de uma atitude de confiança no futuro.”

Realço um diálogo interessante:
JS: Porque é que no governo defendeu a questão da alta velocidade e agora não a defende?

MFL: Exactamente o ponto em que o Eng. Sócrates falha na sua análise é considerar e não admitir que política é exactamente isso que o senhor não está a fazer. É que não pode passar de uma situação A para uma situação B completamente diferente e achar que as medidas são as mesmas e que as hipóteses são as mesmas. (…)

JS: Mas porque é que em 2003 concordava e agora não?

MFL: Porque em 2003 a situação do país não era a de hoje. O Sr. Eng. não está a ver qual é a situação de endividamento do país?

JS: Por amor de Deus… por amor de Deus…

MFL: A situação de endividamento do país HOJE é insustentável para isso. (…) O motivo pelo qual a Espanha tem tanto interesse em fazer esta linha para Portugal tem a ver com o facto de que precisa que o comboio passe a fronteira para ter a categoria de transporte transfronteiriço e aí ter mais fundos comunitários do que os que terá se ele não passar a fronteira. Eu não estou aqui para defender os interesses espanhóis. Estou aqui para defender os interesses portugueses.


E depois destes esclarecimentos (quanto a mim, lógicos - em conjunturas diferentes há que adoptar posturas diferentes), eis que JS conclui o óbvio...
JS: (…) O que eu naõ aceito é que no governo tenha afirmado em nome do meu país com outro país uma prioridade [o TGV] e que agora, apenas porque foi para a oposição, diga o contrário do que disse no governo. Isso desculpe, mas eu não posso aceitar.

Digo eu: perante a explicação de MFL concluir isto... se não é má fé vou ali e já venho.


Mas há mais:
 JS: 
Houve uma altura em que nós precisámos de pedir um esforço aos portugueses para por as contas públicas em ordem, mas os portugueses também sabem que nós conseguimos atingir o nosso objectivo, que tivemos o défice menor da democracia portuguesa e que estamos agora preparados para responder aos desafios da crise internacional.

Economia a partir dos 11 minutos:

E agora pergunto eu: ela era velha? Ela era feia? Ela era pessimista? Talvez... mas talvez tivesse razão!

[até porque agora já defendem o pagamento nas SCUTs, já há PEC's, já há medidas de austeridade, já aumentam outra vez os impostos, já não há TGV's, já...]

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