quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Não votaram nele? Bravo!



 A 25 de Novembro de 2009 Sócrates garantiu que não aumentaria impostos.
A 8 de Março de 2010 Sócrates vangloriou-se: “O mais fácil seria aumentar impostos”
A 12 de Maio de 2010 Sócrates estava satisfeito com crescimento no primeiro trimestre.
A 6 de Junho de 2010 Sócrates garantiu que o mais recente aumento de impostos era suficiente.
A 2 de Julho de 2010 Sócrates dizia que o crescimento do desemprego vai continuar a abrandar .
A 13 de Agosto de 2010 Sócrates garantia que o crescimento do PIB no segundo trimestre consiste num “sinal de grande encorajamento e confiança para a recuperação da economia portuguesa”.
A 24 de Agostro de 2010 Sócrates afirmava que o crescimento da economia portuguesa, entre Janeiro e Junho, foi o dobro do previsto pelo Governo.
A 29 de Setembro de 2010 Sócrates anuncia o segundo aumento de impostos do ano.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Meu sonho é morar numa favela

 
Eu estou em casa. 

Minha casa é a rua, é o Rio. A cama? A cama é isso aí... o chão. Toda a noite eu durmo ali, naquele degrau à saída do metro. Quando chove, como hoje, chego-me para aquele parapeito só para não apanhar tanta chuva. Não há lugares abrigados aqui no Flamengo. Quando chove o melhor é conhecer bem o lugar, para não apanhar um daqueles sítios em que a água se acumula.

Não tenho nada neste mundo. Só a roupa que tenho vestida, o meu corpo e a manta que fiz com os retalhos dos panos que encontrava no lixo. O lixo ainda é a minha sorte: todos os dias me levanto e vou remexer os caixotes em busca de latas velhas. 'Cê sabe que por cada kg de latas lhe dão 2 reais [86 cêntimos]? Bom negócio para quem vive na rua...

Família e amigos? Família nunca tive. Meus pais me abandonaram em pequeno nas ruas. Nunca os conheci. Amigos tinha lá na Rocinha [Favela]... uns foram mortos, outros estão presos, outros afastaram-se. Sabe que há coisas mais importantes que a amizade [mostra-me as mãos cheias de cicatrizes, como se tivessem sido trespassadas por um prego bem grosso].

Sabe o que é isso? É o maior erro da minha vida. Vivia eu na Rocinha e decidi roubar um turista que lá ia. Tinha fome. Ele tinha ido com máquina fotográfica para a Favela. Uma máquina daquelas dá-te comida para o mês inteiro, talvez para o ano. O papel do turista é não mostrar a riqueza. Se ele não cumpre o seu papel tenho eu de cumprir o meu: quem pode criticar?

Acontece que os traficantes não querem má publicidade para a Favela, senão não têm quem se aventure para lá ir comprar droga. São eles que controlam tudo, são eles que sabem tudo. A lei da favela é a lei do traficante, nunca a da polícia. Apanharam-me e disseram: 
"Mete as mãos uma em cima da outra. Sabes o que te acontece da próxima vez? Ficas sem elas, para aprenderes a não roubar. Desta vez seremos brandos... PUM!" 

Sim, mandaram um tiro nas minhas mãos. Furou as duas... Nesse dia eu decidi fugir da Rocinha. Era perigoso para mim e para os meus amigos. Eles também não mais me procuraram. Não guardo mágoa: eu faria o mesmo.

E, cara, agora eu dou valor ao que tinha. Ser um cidadão, mesmo que da favela, é muito melhor que ser lixo. Na verdade é o que eu sou. Só tenho o mar para me lavar. A minha rotina é simples: acordo, vou dar um mergulho - quando estou em condições -, procuro latas nos caixotes e, ao fim do dia, conto o dinheiro que juntei. Nos dias bons consigo 2 kgs de latas. São 6 reais. Não dá para uma refeição - a mais barata custa 8 reais e ainda por cima ninguém quer um monte de lixo sentado numa mesa ou ao balcão: dá mau aspecto -, mas já dá para comer qualquer coisinha. Um desses espetinhos na rua custam 3 reais. É o que costumo comer...

Depois disso, à noite, vou buscar o crack e a maconha para poder vender. Faço sempre um bom negócio: ganho 10 reais por dia se conseguir vender todo o stock. Em troca dão-me a dose suficiente para mim.

Faz mal? Eu sei. Mas como quer que eu viva com 6 reais? E 6 é nos dias bons! As latas velhas não sustentam ninguém. Os 10 reais da droga já me dão para qualquer coisa. Muitas das vezes gasto-os a comprar-me droga a mim mesmo: quando não acabo de vender o stock compensa-me mais comprar o que falta, para poder ganhar o dinheiro no dia seguinte. 

E quando a fome aperta, roubo. A fome e a "fome", claro. Só faz sentido um rapaz não ter vícios enquanto tem uma vida. Depois de ser lixo não há droga que o faça pior do que já é. Deixa-o fora de você, faz com que você esqueça as coisas e que adapte comportamentos que não teria de outra forma? E não é isso uma vantagem para um monte de lixo, pô? Quem se quer lembrar daquilo que é, de como age, daquilo que sente, se não é mais do que o "podre" que estraga as ruas do Rio e que tem de ser "varrido" para que se tirem as fotos para o cartão postal?

É uma vida de lixo. Não merece ser vivida. A droga fazer mal à saúde é a maior vantagem que vejo nela...

Bem, amigo, vou ter de ir procurar latas. Estas aqui não chegam sequer a meio quilo e já está quase na hora de almoço. Isto hoje está fraco. Provavelmente haverá um furto no Flamengo ao anoitecer...

domingo, 26 de setembro de 2010

Passeando pelo Centro do Rio (Parte I)


Primeiro que tudo deixe-me pedir desculpa ao JoãoMouRinho e ao Kapitão por ter "abafado" os posts, mas este post ou era agora ou já não era... 

[para ver os dois posts cliquem aqui e aqui]

Hoje tomei a (extremamente difícil) decisão de ir passear pelo Centro do Rio de Janeiro e não ver o Benfica. Falha grave. Contudo, como bom benfiquista que sou encarreguei-me de pedir a uns benfiquistas de confiança para me irem fazendo o relato enquanto o jogo decorria.

Passo, então, a contar-vos a minha tarde no Centro do Rio (horário do Rio de Janeiro):
15:43:14 - de Yaúca: "Grande lance de Gaitan e Saviola falha golo feito"
15:43:59 - de Poulsen: "Meia hora de pressão intensa mas não marcámos!"
15:45:24 - de Yaúca: "Outra vez Gaitán e Saviola falha"
15:50:30 - de Poulsen: "Mais um penalty por assinalar!"
15:51:15 - de Yaúca: "PENALTY DO TAMANHO DO CRISTO REDENTOR SOBRE O SAVIOLA. NÃO MARCA! INCRÍVEL!"
15:51:15 - de Yaúca: "Grande jogada do Cardozo e Gaitán falha. Antes disso grande defesa do Roberto"
16:01:43 - de Poulsen: "Não está facil. Já falhámos três golos claros..."
16:25:18 - de Yaúca: "Cardozo absolutamente isolado falha!"
16:27:10 - de Poulsen: "Mais dos golos certos falhados"
16:27:48 - de Yaúca: "Ainda mais incrível: Cardozo. Desta vez sem guarda-redes!"
16:31:06 - de M: "Golo do Benfica, Fábio Coentrão :)"
16:31:06 - de Yaúca: "GOLAÇO COENTRÃO!"
16:31:38 - de Poulsen: "Golo!!! Fábio!"
16:39:02 - de Yaúca: "Grande defesa do Roberto! A seguir o Saviola falha"
16:55:05 - de Argolinhas: "Estamos a ganhar 1-0, golo do Coentrão. O Cardozo falhou 2 sozinho, o Saviola mais 2 e o Gaitán outro. Ficou um penalty por marcar sobre o Saviola."
17:11:01 - de Argolinhas: "Ganhámos 1-0"
17:11:40 - de Poulsen: "Vitória :)"
17:12:04 - de Yaúca: "Vitória com mau árbitro. Fábio man of the match!"

E agora digam-me: alguém viu o jogo melhor do que eu?! Claro que não!!!
Obrigado Yaúca, Poulsen, Argolinhas e M, por me terem permitido ver o jogo enquanto passeava pelo Centro do Rio!

sábado, 25 de setembro de 2010

Cronici di Napoli - Primo Episodio



Decidi mudar de casa. Primeiro, a minha casa é muito pouco arejada e, segundo, tem um grande problema: não tenho rede. Como é que é possível??? Por isso, peguei nas minhas coisas e comecei à procura de uma stanza para mim, enquanto tento alugar o apartamento que já tinha pago anteriormente (uma grande confusão – é esta a minha vida nestes dias...).

Enquanto fazia uma pausa na minha vida de Jorge Mendes, decidi ir ao supermercati per trovare alcun cosa per mangiare. Quando me dirigia para casa vi três pessoas a olhar para um affitassi, escrevendo num caderno o respectivo número do telemóvel do inquilino. Nisto, perguntei:
- Sei italiano?
- No, no!
- Sei spagnolo?
- MouRinhooo!!
- Não posso! Como vos fui encontrar?!
- Já te ando a ligar desde ontem, mas tu tens sempre o telemóvel desligado!
- Não, por acaso está bem ligado, mas eu não tenho rede em casa e ontem só sai um pouco para ir à faculdade…

Tinha acabado de encontrar os meus amigos de Lisboa: due ragazzi e une ragazza. Eles não podem partilhar o meu “piso” porque só ficam em Nápoles durante seis meses – e eu fico um ano. Portanto, decidimos ir a minha casa deixar as coisas que tinha comprado e fomos procurar apartamentos. Vimos dois, mas para a história fica só um:

Eram 17 horas e já tínhamos ligado três vezes para a pessoa que tinha combinado mostrar-nos o apartamento. Estava presa no trânsito, disse-nos. Ficámos à espera dela em frente a um palazzo vicino a la piazza Luigi Mariglia. Era realmente um prédio muito bem arranjado, com porteiro e, acima de tudo, era limpo – se vivessem em Nápoles iam aprender a dar valor a isso.

Passado uns breves instantes, lá chegaram a dona do apartamento e outras duas pessoas. Tinha mesmo valido a pena tal espera. Fomos cumprimentados pela dona do apartamento, com os seus 65 anos, pela filha, Maria Laura, talvez uns 26, e uma amiga, que pouco importa para história – apesar de ser um pedaço a considerar.
“Sorry, but wasn’t my fault”, desculpava-se Maria Laura.

Eu nem respondi. Apenas pensava: de onde é que isto saiu?!?!?!
Não podia fazer qualquer tipo de comentário, pois mal conhecia os rapazes e a rapariga.
- Andiamo, andiamo! – guinchava a velha que irritava até aos cães que vagueavam pelas ruelas!

Entrámos no prédio, subimos até ao 1º piano e entrámos no verdadeiro palácio. Eu estava maravilhado com o que estava a ver: Uma casa enorme, super moderna, com dois quarto duplos, uma casa de banho com hidromassagem, duas varandas enormes (uma dum quarto virado para a rua e a outra que ligava a cozinha com o primeiro quarto, virada para o terraço interior do prédio), duas televisões enormes, fogão, placa vitro cerâmica… BELLISSIMA!

Foi então que comecei a falar com a Maria Laura:
- How much is this flat?
- 1000 euros, 250 per person
- With condominio?
- Yes, more gas and electricity. It will be 80 euros by 2 months…

Expliquei a minha situação, dizendo que estava noutro apartamento mas que queria mudar para mais perto e para um local com melhores condições. Ela foi muito simpática comigo e perguntou-me onde eu estava. De seguida, sem eu estar à espera, diz:
- Can I see your apartment? I want to live here, near this place.
- But my flat is for two people!
- Yeah, don’t worry. I’ll see with my friend.

Nisto ela tropeça e quase que cai para cima de mim (isto eu não vi, foi-me dito por um dos rapazes). “Mas porque raio esta rapariga quer ver o meu apartamento, visto que tem aqui uma casa espectacular?”, pensava eu.

Continuámos a ver os pormenores da casa e ela vem atrás de mim:
- Where you came from? What are you studying?
Eu, sinceramente, estava mais preocupado com a casa do que com ela, mas aquilo estava-me a perturbar!
Quando saímos da casa, ela pergunta-me:
- How old are you?
- 20.
- Do you want take a coffe now?
- Erm… yes… – “mas não era para ver a minha casa? Onde eu me fui meter…”
- Olhem, alguém que venha comigo ver a casa com ela. Estou com medo que me roube ou me tire algum rim. É que já me aconteceu uma historia um pouco estranha aqui em Nápoles… Olha, vem tu, que andas no kickboxing – dizia eu para um deles.

Ele não se importou, até porque ela era maravilhosa: talvez das raparigas mais bonitas e mais compostas que alguma vez havia observado na minha vida!

Fomos tomar o café, ela pagou-me e fomos para a minha casa. Nada de outro mundo se passou. Apercebeu-se de que eu estava um pouco receoso, viu a casa e disse que não era bem aquilo que estava à espera de encontrar. Na verdade, a casa não se comparava à da mãe dela.

Saímos e fomos ter com os outros dois. Não sei o que se passou, estava super nervoso: primeiro, porque não sabia o que uma rapariga daquelas pretendia da minha casa, depois porque Nápoles não é propriamente uma cidade segura e, por fim, não sabia o que ela via em mim para confiar tanto e ir ver uma casa que nem sequer era minha, sendo ela napolitana, ainda por cima!

A história que vos conto não tem um final feliz, mas pode vir a ter. Porquê? Porque antes de sairmos do palácio real, ela deu-me o número dela. Independentemente de ficar ou não com a casa, vou-lhe mandar um messagio!!!

PS: No fim de tudo, e quando já estávamos de volta aos nossos negócios, o rapaz do kickboxing disse me assim:
-Mas tu ouviste bem o que ela disse lá em casa?
-O quê?
-Ah quando aqui fizerem festas convidem-me…
-Estava tão nervoso que parte das coisas que ela dizia não conseguia ouvir!
-E viste o que a outra amiga fez à Maria Laura quando saímos do café?
-Não… O quê?
-…

Parabéns!


Hoje é dia de festa. Nasceu às 00:53 o primeiro bebé do VaiPaSelva!

Parabéns Kapitão!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Goede Middag World!


Boa tarde, Mundo! Ou boa noite, ou bom dia, dependendo do sítio e humor com que estão!

Neste momento ando por Roterdão, por isso, e para dar uma ajuda ao Mau, que deve andar desesperado por ser só ele a escrever por aqui, e porque também é sempre bom partilhar as novidades com as pessoas da nossa terra, aqui estou eu!

Estou aqui há quase um mês e, sinceramente, parece que já passaram uns dois ou três.

Toda a gente deve dizer que lhe aconteceu de tudo em Erasmus, que não há ninguém que tenha passado por mais do que eles, por isso, para não fugir à regra eu digo o mesmo.

A empresa da residência à qual a Universidade fez o outsourcing do alojamento aqui na cidade sempre primou por me presentear com as mais belas surpresas. Quando fui aceite para fazer a reserva do quarto já só havia duas: uma na zona junto ao estádio do Feyenoord, a zona com os piores  índices de criminalidade, na zona sul da cidade; ou uma zona pacata no norte da cidade. 

Como uma pessoa tem sempre medo dos níveis de criminalidade na Europa Ocidental e (Des)Civilizada, óbvio que escolhi a zona relativamente pacata onde, pelas palavras da empresa, após eu ter perguntado se era perto da Universidade: "It's at a walking distance from the tram stop". Ora no dia em que fiz o check-in na residência, apanhei o eléctrico da outra ponta da cidade, perdi-me, porque os nomes das paragens dos eléctricos não são os nomes das ruas por onde passam, mas os nomes das ruas transversais, andei a pé com as malas todas uns quantos quilómetros para trás e cheguei aos HQ da empresa. Estava à espera que me dessem boleia. Mas não: tinha de ir de eléctrico.

A residência "de Wilgenborgh" é muito bonita. Está situada numa zona muito pacata, sem grandes prédios, cheia de relva, árvores, um lago e... patos! Tenho patos em frente ao sítio onde estou a viver! O que até é também igualmente bonito. O último ponto da localização da residência que vale a pena referir, é que o edifício ao lado é um lar de idosos. O que era fantástico, já que uma pessoa ia viver numa zona pacata e a uma "walking distance from the tram stop" o que fazia meter no ar de que pelo menos de eléctrico a viagem era rápida.

Ora bem, mais uma vez as minhas expectativas voltaram a trair-me. Vivo num prédio que fica a 30/35 minutos de bicicleta da Universidade e a 50 minutos de eléctrico!!!

Do centro da cidade? Pelo menos 25 minutos de eléctrico, mas outra vez os mesmos 30 minutos de bicicleta!

Uma pessoa sai à noite, bebe uns copos e depois vai para casa, de bicicleta, e demora 30 minutos até chegar! Se não quiser arriscar a bicicleta por não estar em condições, tem de ir para a estação do eléctrico até à meia noite, hora em que os transportes públicos terminam, ou acaba por pagar, como eu, uma vez, 20 euros de taxi. 20 EUROS!!! ahahah

Não tenho internet da residência, porque o modem está estragado desde que cheguei, pelo que o sinal é de uma rede wireless que estou a apanhar com um sinal fraquíssimo - mas à qual tenho de agradecer ,de qualquer dos modos! Fiquei sem luz, excepto na casa de banho e na despensa durante mais de 6 dias! Já fui apanhado pela polícia à noite e tive de pagar uma multa de 20 euros por não ter luz (há holandeses que vivem cá desde que nasceram e nunca foram mandados parar pela polícia à noite, nem nunca viram ninguém mandar parar)! Durante os primeiros 4 dias não vi ninguém no meu edifício!

Mais histórias depressivas? Ficam para outro dia! Porquê? Porque Erasmus é para uma pessoa se adaptar a uma nova cultura e para se divertir!

A cidade é, na sua forma peculiar, fantástica. Não há cidades muito similares a Roterdão na Holanda, que é considerada a sua Manhattan, em pequena escala. Importa lembrar que a cidade foi reconstruída após ter sido totalmente arrasada durante a II Guerra Mundial! Uma cidade aparentemente fria, mas com uma vida impressionante! Com a sua vertente business altamente ampliada vêem o expoente máximo de um dos costumes holandeses no centro da cidade. Pessoas a almoçarem uma sandes, um cachorro, ou pura e simplesmente um copo de batatas fritas com maionese enquanto se deslocam de um sítio para o outro!

Bicicletas por todo o lado! Mais do que isso! Homens e mulheres de fato a andar de bicicleta! Mulheres com duas e três crianças nas bicicletas! Aqui, ao contrário de Portugal, são bastante respeitadas, algo que é facilmente verificável pelo facto de terem o mesmo grau de prioridade que qualquer outro veículo e que há vias de sentido proibido para os veículos em geral mas não para as motos/bicicletas.

Por cá existe um costume que, segundo me parece, é semelhante ao londrino. No fim do dia de trabalho as pessoas vão, de uma forma geral, descansar para os pubs, beberem uma ou duas cervejas e meterem a conversa em dia com os amigos e vizinhos de sempre!

Infelizmente a cerveja por cá é bastante cara! Nunca menos de 1,7€ e a maior parte das vezes ronda os 2,2€. No entanto, existe o sistema das happy hours onde durante exactamente uma hora os bares têm promoções, como por exemplo, "oferecer" a cerveja a um euro ou fazer o sistema de "pague uma, leve duas". Neste momento está a ser desenhado um mapa com as happy hours dos bares da cidade, para ver se há algum trajecto viável para se beber o mais barato possível ao longo do início da noite!

Ainda assim, e para terminar, mais incrível do que tudo é a variedade. Não estou a falar da própria cidade, que já por si tem imensa - é a cidade que tem o slogan "World Port. World city" e que é "vítima" de ter o maior porto da Europa. É a variedade que se encontra de estudantes internacionais. Mais uma vez, já nem estou a falar dos estudantes internacionais que vêm para cá realizar a totalidade dos seus estudos. A minha Universidade neste momento tem 400 estudantes incoming em exchange program. Será assim tão difícil encontrar uma pessoa de cada país do mundo??

Por falar nisso, depressa me desabituei do termo "estudante erasmus" ou "programa Erasmus". A universidade onde estou chama-se "Erasmus University of Rotterdam", pelo que qualquer um dos cerca de 40000 estudantes da Universidade responde facilmente, num bar, que sim, que é estudante da Erasmus.

Até já.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Flanar e "A alma encantadora das ruas"...


Não queria sair do Brasil sem ler um livro verdadeiramente brasileiro. Li, num livro sobre o Rio de Janeiro que tinha trazido de Portugal, uma apresentação d'A alma encantadora das ruas, de João do Rio. Achei que era o livro indicado para mim. Achei que, pela descrição, podia ter sido eu a escrevê-lo - com uma escrita muito menos elegante e com muito menos para contar, mas com o mesmo fascínio pelas ruas e pelo que elas escondem.

Descobri, logo nas primeiras páginas, que o meu desporto favorito tem sido o flâneur. E que aquilo que tenho feito desde o primeiro dia e que algumas vezes acabo por partilhar nesta Selva não é mais do que flanar.
«Que significa flanar? Flanar é ser vagabundo e reflectir, é ser basbaque e comentar, ter o vírus da observação ligado ao da vadiagem. Flanar é ir por aí, de manhã, de dia, à noite, meter-se nas rodas da populaça, admirar o menino da gaitinha ali à esquina, seguir com os garotos o lutador do Cassino vestido de turco, gozar nas praças os ajuntamentos defronte das lanternas mágicas, conversar com os cantores de modinha das alfurjas da Saúde, depois de ter ouvido dilettanti de casaca aplaudirem o maior tenor do Lírico numa ópera velha e má; é ver os bonecos pintados a giz nos muros das casas, após ter acompanhado um pintor afamado até a sua grande tela paga pelo Estado; é estar sem fazer nada e achar absolutamente necessário ir até um sítio lôbrego, para deixar de lá ir, levado pela primeira impressão, por um dito que faz sorrir, um perfil que interessa, um par jovem cujo riso de amor causa inveja...
(...)
O flâneur é ingénuo quase sempre. Para diante dos rolos, é o eterno "convidado do sereno" de todos os bailes, quer saber a história dos boleiros, admira-se simplesmente, e conhecendo cada rua, cada beco, cada viela, sabendo-lhe um pedaço da história, como se sabe a história dos amigos (quase sempre mal), acaba com a vaga ideia de que todo o espectáculo da cidade foi feito especialmente para seu gozo próprio. O balão que sobe ao meio-dia no Castelo sobe para seu prazer; as bandas de música tocam nas praças para alegrá-lo; se num beco perdido há uma serenata com violões chorosos, a serenata e os violões estão ali para diverti-lo. (...) Quando o flâneur deduz, ei-lo a concluir uma lei magnífica por ser para seu uso exclusivo, ei-lo a psicologar, ei-lo a pintar os pensamentos, a fisionomia, a alma das ruas.
(...)
Eu fui um pouco esse tipo complexo, e, talvez por isso, cada rua é para mim um ser vivo e imóvel.

(...)
Oh! sim, as ruas têm alma! Há ruas honestas, ruas ambíguas, ruas sinistras, ruas nobres, delicadas, trágicas, depravadas, puras, infames, ruas sem história, ruas tão velhas que bastam para contar a evolução de uma cidade inteira, ruas guerreiras, revoltosas, medrosas, spleenéticas, snobs, ruas aristocráticas, ruas amorosas, ruas covardes, que ficam sem pinga de sangue...»
 João do Rio, A alma encantadora das ruas

sábado, 18 de setembro de 2010

Bob, a vida depois da morte...

Nota: Este texto é escrito na perspectiva de Bob, saxofonista que conheci na Praia de Ipanema num fim de tarde, a olhar para o Morro Dois Irmãos. Contou-me a sua história. Eu reproduzo-a aqui, como se ele vos estivesse a contar, também a vocês, como a sua vida se tornou no que é hoje...

Chamo-me Bob. Na verdade esse não é o meu nome. Chamam-me assim desde que ressuscitei, por causa das rastas. O nome antigo? Já não me lembro. Nem quero lembrar...

Nasci no Rio de Janeiro, sou o verdadeiro Carioca. Tinha uma vida humilde, mas honesta e feliz. Vivia com meus pais - ele arranjava frigoríficos e ela era empregada doméstica. Tenho muitas boas recordações dessa altura: lembro-me, principalmente, de ir ver os jogos do Botafogo com meu pai.

Quando queria ir era simples: dizia à minha mãe que ia. Ela, como tinha medo que eu, com 12 anos, fosse sozinho, pedia a meu pai para me convidar e fazer de conta que não sabia que eu queria ir. Aí, eu fazia um ar espantado, entusiasmado e fazia de conta que não sabia que tinha sido a minha mãe a pedir. Mal ela sabia que aquilo de que eu gostava mesmo era de ir com o meu pai e que só dizia que ia sozinho para ela lhe pedir para ele ir comigo...

Dava-me muito bem com meu pai. Tinha sido ele, também, a ensinar-me a tocar saxofone. Era muito bom naquilo. E gostava muito...

Enfim, vivia feliz. Até ao dia em que minha mãe morreu, com um problema no cérebro. Tinha eu 14 anos. E dois meses mais tarde morreu meu pai, assim do nada. Deus não foi justo comigo. Nada fiz para merecer ficar órfão tão cedo, num tão curto espaço de tempo e sem que nada o fizesse prever...

Nessa altura apareceu na minha vida uma menina encantadora. Seu nome era Creuza e vivia na Bahia, em Trancoso, bem mais para o norte do Brasil. Tinha mais dois anos que eu. Conheci-a na praia, no dia da morte de meu pai. Ela me pegou a chorar e conversou comigo. Deu-me a mão e a força de que eu precisava para resistir.

Ela tinha vindo viver para o Rio com seus pais. Tornou-se uma amiga muito especial. Só passados 2 anos, aos meus 16, começámos a namorar. Durante esse período, os pais dela me ajudavam, por vezes até me davam dinheiro. Foram eles que me deram o primeiro emprego, tinha eu 15 anos.

Penso que ganhava mais do que merecia. Tinham uma loja de roupa e eu ajudava-os em tudo o que podia. Devo-lhes muito. Se não fossem eles teria morrido de fome naquele preciso momento. Mas com o tempo fui crescendo e acabei por ser promovido a gerente da loja, aos 18 anos. Eu tinha tudo: confiavam em mim, era jovem, ambicioso, estava-lhes eternamente grato e tinha aprendido tudo sobre aquele trabalho durante os 3 anos em que trabalhara com eles na loja.

Confiavam em mim de tal maneira que me deixaram à frente da loja enquanto voltaram, com a Creuza, para Trancoso (já eu tinha 20 anos, por essa altura). Queriam abrir uma filial lá, mas sendo o nordeste brasileiro  - bem menos desenvolvido - precisavam de gente com experiência. A ideia era irem a Creuza e os pais dela numa primeira fase, para tratarem de toda a inauguração da loja, e depois eu seria eu a mudar-me para lá definitivamente.

Concordei com a proposta. Afinal de contas nada me prendia ao Rio a não ser as pessoas que amava. Foi nessa altura, em Janeiro, que eu pedi Creuza em casamento. Ela disse que sim. Tínhamos já anel de compromisso e data marcada para o casamento, em Junho. Eu ficaria no Rio de Janeiro sozinho apenas de Janeiro até Junho, depois chegava a Trancoso e instalava-me definitivamente.

Sabe quando a sua vida começa a ganhar o rumo dos seus sonhos? Emprego fixo, seguro e num alto cargo, dinheiro amealhado para cumprir seus projectos, casamento marcado com a mulher de sua vida...

Pelo meio meteu-se o Carnaval. Eu estava no Rio e vivi-o simplesmente com saudade de Creuza. Contava os dias que faltavam até àquele que seria o mais feliz da minha vida.

Acontece que depois desse Carnaval, a Creuza me liga e acaba tudo comigo. Não me deu nenhuma explicação. Vim a saber, mais tarde, que as amigas lhe tinham metido na cabeça tudo de mau sobre mim. Aí, ela começou a sair com um cara (que mais tarde foi preso e que, enquanto andava com ela, engravidou outra menina) e achou que era melhor ficar com ele.

Aí eu morri. Todos os sonhos, todos os planos de uma vida tinham se desmoronado.

Larguei a empresa (apesar de meus ex-sogros não quererem) e meti-me na droga. Dos 21 aos 22 anos eu penava pelas ruas, sem saber onde era minha casa nem o que fazia neste mundo. Até ao dia em que um cara vem me falar...

Perguntou-me porque estava eu naquele estado e dormindo na praia. Contei-lhe minha história e o cara me perguntou se não havia nada que eu conseguisse fazer bem. Eu disse, inicialmente, que não. Depois falei-lhe em tocar saxofone...

"É isso que vai mudar sua vida. Vai tocar saxofone nas ruas e, graças às suas rastas, passará a chamar-se Bob - como o Marley!" - disse-me. Torci o nariz e até o tratei mal. Mas aquilo entrou em minha cabeça. 

Demorei uns tempos para largar a droga. Mas só o consegui graças ao sax. Desde os meus 22 anos que me pode encontrar algures pelas ruas do Rio de Janeiro a tocar saxofone. Hoje tenho 34. Não ganho muito dinheiro, mas é o suficiente para me fazer viver - sim, viver (e não sobreviver).

E aqui tenho uma praia linda, um pôr-do-sol fantástico e a alegria de um povo que só sabe sorrir. E mais: eu próprio sinto que os faço sorrir, porque um bom carioca não evita sambar nem que seja ao som de um saxofone que se ouve na rua. 

Já me convidaram para ir tocar em grupos. Mas eu digo sempre que não. Para quê criar expectativas? Vivo de forma simples mas feliz: ressuscitei após uma morte lenta e dolorosa. Quando somos novos, os sonhos são altos; a vida vai-nos ensinando a torná-los mais modestos.

Hoje eu vivo um sonho: toco p'ra quem quiser ouvir, vivo de quem quiser pagar. Mas vivo sem ilusões e a disfrutar de cada raio de sol, de cada banho no mar, de cada nota de música. Cada uma destas pequenas coisas me fazem viver um sonho.

Um sonho que ninguém pode destruir.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

E viva os estudantes do Porto!, por Estudante de Coimbra

 ... já que os de Coimbra se divertem mais a inventar músicas ordinárias e a fazer trocadilhos com os nomes dos carros na Queima das Fitas.

A tradição dos estudantes irreverentes e interventivos no estado do país parece ter-se mudado de vez para 100 kms acima da minha cidade. (Há louváveis excepções, claro que há... mas são isso mesmo: excepções.)

Um muito obrigado para eles!

Ficam a notícia d'A Bola e os vídeos da RTP e da RR (que se complementam):
http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=222116

http://www.rr.pt/informacao_detalhe.aspx?fid=92&did=120132

http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?t=Socrates-recebido-com-protestos-por-estudantes-do-Porto.rtp&headline=20&visual=9&article=375374&tm=9

Tesourinho Deprimente

Não sei o que vocês pensam. Mas se fosse em Portugal eu preferia votar no Tiririca (clique aqui). É que pior do que está não fica (mesmo).

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

O que me aconselha de Portugal?, por Tuga

O Benfica!

Os grandes escritores portugueses: o Eça, o Camilo, o Aquilino, nos mais antigos. O Lobo Antunes, o Fernando Campos, o Pedro Rosa Mendes nos contemporâneos.
Nos poetas: o Camões, o Pessoa, o Mário Cesariny,o Mário Henrique Leiria...

O Benfica!

A música: os fados da Amália e do Alfredo Marceneiro e os mais recentes da Ana Moura e da Mafalda Arnauth.
O rock em português, os GNR dos bons velhos tempos (não os actuais) e os velhos Xutos (não os vendidos de agora).
Os grandes cantores de intervenção, uma coisa muito nossa, comparável à bossa nova deles: o Sérgio Godinho, o grande Zeca (um marco também no fado de Coimbra, juntamente com o Luís Goes), o Fausto, o Zé Mário Branco, os Trovante antigos, o Carlos Paredes... Nas recolhas da música popular do Michel Giacometti e na brigada Victor Jara...
Diz-lhes que temos alguma boa música clássica: o barroco de Filipe Pires e a música moderna de Jorge Peixinho... E bons intérpretes como a Maria João Pires, ou o António Rosado.
Excelentes solistas como o Mário Laginha (com ou sem a Maria João), o Bernardo Sassetti, o António Pinho Vargas...

O Benfica!

Fala-lhes dos nossos pintores: Nuno Gonçalves, Vieira da Silva, Almada, Paula Rego...

E do Benfica!

Não vale a pena alongares-te muito sobre o nosso cinema, mas o cinema documental do Jorge Pelicano e Aquele Querido Mês de Agosto do Miguel Gomes (e eu aproveitava e falava do nosso kitch, do Marante, do Emanuel, do Nel Medeiros e do Malhoa, gandas malucos). Este cinema é original, acho que lhes interessaria...

E o Benfica!

A nossa comida que, ou é defeito do meu palato, ou é mesmo do melhor: da lampreia, do leitão, do bacalhau, dos pézinhos de coentrada, do nosso peixe, dos percebes e das ostras, ufff, é só puxar pela memória. Dos nosso grandes restaurantes. E do nosso excelente vinho: o Barca Velha, o Pêra Manca, os Patos, o Vale Meão, o Batuta, etc, etc. Do Porto, do favaios, do madeira.

Do Benfica!
Do Minho, que é verde; de Trás-os-Montes, que é árido e selvagem; do Porto que é a melhor cidade de Portugal e o sítio onde os portugueses são mais brasileiros; da costa de Aveiro; de Coimbra; da Serra da Estrela; de Castelo Branco e do seu Boom Festival; do Oeste, das suas praias e de Óbidos; de Sintra e de Mafra; de Lisboa, que é cosmopolita e tem o Glorioso; de Sesimbra, de Tróia e do Portinho da Arrábida (mas não fales na cimenteira); e de Setúbal; da imensidão do Alentejo, que faz lembrar o ceará deles; das suas praias, que são as melhores de Portugal (que pena as águas tão frias); esquece o Algarve na época de férias, que não é tuga, mas dá-lhe o benefício da dúvida em Junho.

Do Benfica!

Da nossa história, que a escola desdenha: da resistência aos Romanos e de Viriato, da geração de Borgonha que nos fundou, da Reconquista; da fabulosa Geração de Aviz, que foi do mestre de Aviz a D. Sebastião (e não deixes de lhes explicar que tivemos, entre outros, um génio no trono que foi D. João II e que, sem ele, talvez eles hoje falassem espanhol), do Infante D. Henrique, que não foi rei mas é como se fosse. Diz-lhes que houve um rei dos nosso que fugiu para aí e foi morar no Rio. Adorou e não queria regressar! Fala-lhes em D. Pedro, que foi o nosso IV e o I deles. Fala-lhes em 1640 e em 1910. E, claro, explica-lhes quem foram os nossos descobridores: Dias, Gama e (para eles é importante), Cabral. Mas não os branqueies. Explica-lhes que corremos com os Mouros do Algarve, estivemos na Guiné, em Angola, em Moçambique, na Índia, no Brasil e assobia para o lado quando te perguntarem como é que depois disso tudo chegámos ao ponto de ter um falsificador de licenciaturas a mandar em nós...

E não te esqueças de lhes falar do Benfica!

Fala-lhes dos nosso monumentos: do nosso Manuelino, estilo único no mundo, e dos Jerónimos; dos Templários e do que cá deixaram (do castelo de Almourol e do de Tomar; do mosteiro de Alcobaça; dos nosso muitos castelos e, sobretudo, do de Guimarães. Diz-lhes que somos o povo que existe há mais tempo, enquanto tal, em toda a Europa. Vão ficar admirados!

E do Benfica!

Da nossa arquitectura, principalmente de Siza Vieira (do Museu de Serralves, da Casa do Chá em Leça, da igreja, do bairro no Alentejo, do Pavilhão do Conhecimento na Expo...) e no Souto Moura que até fez um estádio de bola que é uma obra prima e não, não é o do Benfica é o do Braga...

Diz-lhes que somos um país geralmente seguro, que vives numa cidade onde te podes esquecer de deixar as portas abertas e onde podes andar à vontade durante a noite...

E do Benfica, claro!

Bem, por agora acho que isto chega. Mas acima de tudo, não sei se já te disse, não te esqueças de falar no Benfica que é maior do que este imenso país. Eles sabem que o Benfica é o clube onde joga o David Luiz? Pois é, não podes esquecer-te de lhes falar do Benfica...

Há comentários que merecem ser post.
Este grita por, mais que um post, ser um livro ou o programa de uma disciplina obrigatória em Portugal. 

Obrigado aos brasileiros em geral, e em especial a quem me colocou a questão que originou o post anterior: sem eles não me teria lembrado de convocar esta verdadeira aula sobre o meu país. 

Obrigado, Tuga, pela lição!

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Uma vergonha...


Só vindo para o Brasil é que pensamos nestas coisas. Venho para cá e consumo o máximo possível da cultura brasileira: cinema, teatro, música, dança, comida, bebida, histórias e História.

E depois quando me perguntam:
"E de Portugal, o que me aconselha?" - eu fico embasbacado.

Peço, então, ajuda aos selvagens... Fado é uma escolha óbvia, talvez as canções de intervenção também. Mas que mais se poderá consumir via internet para levar um pouco mais do nosso país aos brasileiros?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Se não foi Deus, então quem o fez assim?


No Sábado, dia 4 de Setembro, resolvi ir ver o pôr-do-sol ao Arpoador.

Fui sozinho, a pé. Estava um calor incrível, um sol fantástico e a praia cheia como eu nunca tinha visto - talvez por ser fim-de-semana prolongado. Quando cheguei ao enorme rochedo que dá pelo nome de Arpoador já havia algumas dezenas de pessoas a posicionar-se para o mítico pôr-do-sol. Ainda era cedo, umas 16 horas. O Sol só começa a esconder-se passada uma hora e tal...
À medida que o Sol se ia aproximando dos Dois Irmãos dezenas de pessoas se iam juntando no rochedo. Passado um bocado já todo o Arpoador estava coberto de gente para ver aquele espectáculo fabuloso.

Foi debaixo de um silêncio fantástico que se viram os últimos raios de sol a desaparecer, um a um, atrás dos morros. E quando todos eles tinham, finalmente, desaparecido tenho a certeza que a toda a gente deu vontade de aplaudir. Por muito Cariocas que fossem preferiram, desta vez, manter a compostura. E o silêncio manteve-se por mais uns instantes.
À minha frente um senhor que assistira a tudo de pernas cruzadas benzeu-se, juntou as mãos como se fosse rezar, fechou os olhos e acenou com a cabeça. Levantou-se tranquilamente, meteu a mochila às costas e continuou em direcção ao calçadão...

E lá fiquei eu, pensando naquele gesto. E, caramba, se Deus não existir, então quem foi o génio que fez esta cidade assim?

domingo, 5 de setembro de 2010

Regresso à Selva


Estou de volta, gente! 

Tinha esperança de que o JoãoMoutinho (que, presumo, agora quererá mudar de nome) e o Argolinhas tivessem escrito qualquer coisa sobre a sua partida para terras italianas, que o Ranhoca e o Poulsen tivessem partilhado algumas histórias e experiências da sua viagem à volta da Europa, que o Magnífico desse novidades da Holanda (esqueço-me sempre do sítio para onde foste, nem tenho a certeza que seja na Holanda, pá!), que o Maldini tivesse aproveitado o regresso a Espanha e a minha falta de internet para dar algumas novidades, que o ComumaFebra dissesse alguma coisa sobre a sua chegada ao Brasil e que a própria Kikas dissesse se já tinha, também ela, ido para Itália ou não.

E depois há sempre o El Gordo e o Gordo e Feio que de vez em quando dão novidades... não o fizeram, também. A falta de notícias em relação ao Kapitão faz-me crer que ele ainda não é pai; quanto ao JB... quanto a esse já deixei de aguardar um post! E o mesmo em relação ao Alfacinha e ao Benitez, claro! Ou ao Specisalé, que só escreve quando é obrigado...

O Kafka e o titi sempre vão animando os comentários por aqui... mas para haver comentário tem de haver post

Em suma: queria deixar aqui um grande abraço para todos estes e para todos os outros que nos visitam e nos ajudam a manter isto vivo. Felizmente é-me impossível escrever o nome de todos - ainda não falei do yaúca, da g, da B, do Asus, do tien17, do PB, do PMinistro, do tifon etc. - porque ao longo deste ano e meio de selva, a comunidade cresceu tanto que já não há capacidade para me lembrar de todos os que cá vêm.

Mas não era esse o único objectivo do post. Queria, também, dizer-vos que estou de volta e que podem aguardar novos posts nos próximos dias - ou nas próximas horas!

Abraço a todos e... até já!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Como dói...

 
Como dói a dor da saudade... mas não deixa de ser uma dor menor. 

Não posso nem imaginar a dor que seria não a sentir.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Sabem quando...


Sabem quando temos um dia tão cansativo, tão cheio de novas experiências, novas pessoas, novas histórias, novas músicas, novas línguas, novas festas, novas visões, novas culturas - embora com as velhas saudades - que, no regresso a casa, temos medo de adormecer pelo caminho mas quando chegamos à cama o entusiasmo não nos deixa dormir?

Esse dia foi o meu Domingo passado...

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