O nosso amigo que venho hoje recordar é lesionadodependente. Exactamente por isso, o nome que lhe dei foi "Tutankhamon ou o Kenny do South Park". Ele situa-se algures entre um destes dois, visto passar a vida envolvido em ligaduras, como uma boa múmia (p.ex. Tutankhamon) e, para além disso, em todos os episódios (leia-se treinos e jogos) morre (leia-se lesiona-se), tal como o bom Kenny da série de culto South Park. Para facilitar, vou começar a tratar o "Tutankhamon ou o Kenny do South Park" pelas iniciais: TKSP.
Ora lembro-me perfeitamente da primeira vez que reparei que o TKSP existia. Já tinha treinado com ele, mas nunca tínhamos falado. Só no dia em que houve um amigável e jogámos eu, o Argolinhas e o TKSP no meio campo é que reparei verdadeiramente na sua existência. Não me lembro como correu o jogo e não me lembro de mais nada acerca dele... até ao dia D.
Chamo-lhe dia D porque foi o dia do Dinho. Isto aconteceu ainda na pré-época. Tínhamos tido um treino de manhã e íamos ter outro à tarde, no grande pelado da Pardulha. Como era tradição nos dias de treino bi-diário, fomos até Coimbra almoçar e voltámos, depois, de autocarro. Nesse dia, porém, regressámos demasiado cedo. Passámos grande parte da tarde na Pardulha e, já não sei bem a que propósito, houve alguma confusão. Confusão essa que culmina com um velhote a vir avisar-nos para termos cuidado, porque às 4 e meia chegava o Dinho e dava-nos uma malha, que o gajo era doido. Estávamos lá perto de 10 gajos (até mais, penso eu...) mas ao ouvir falar no Dinho e na sua loucura eu, o TKSP e o Batista tomámos uma decisão sensata: apesar de sermos 10 gajos é melhor pormo-nos a fugir porque já são 4 e meia e vai na volta o Dinho ainda mede 2 metros e acaba com os 10 assim num pontapé. Dito e feito: acho que foi o maior sprint da minha vida. Corremos corajosamente até chegar ao campo e ficámos ali encostados ao balneário durante um bom bocado a pensar na malha que os nossos covardes colegas e amigos estariam a levar do Dinho que já devia ter chegado a casa, visto que já eram 16:32.
Entretanto começa uma tempestade impressionante. E nós no meio de uma verdadeira selva como era a Pardulha, encostados à porta de um balneário fechado. Ali, os 3. Os trovões faziam tremer tudo à nossa volta. No entanto, aconteceu algo por que não esperávamos: deu-nos a boa da fome. Então resolvemos subir uma ladeira com 200 metros, a apanhar uma chuvada impressionante e a fugir dos raios, que eu juro que senti a rasparem na parte de trás da minha cabeça. Quando finalmente chegámos à pastelaria para comermos uns óptimos croissants acabadinhos de fazer... acabou a chuva. Olhei para a rua e juro que vi um raio de Sol deitado no chão a rir às gargalhadas enquanto nos via aos 3 encharcados dentro da pastelaria. E dentro dessa mesma pastelaria já estavam há muito os nossos colegas que imaginávamos desancados pelo Dinho ,do alto dos seus 2 metros. Obviamente ele não tinha aparecido, por isso foram até à pastelaria e estiveram a comer até a chuva parar.
E pronto, eu e o TKSP ficámos amigos graças ao Dinho e aos seus 2 metros de loucura. Isto é só a primeira de duas histórias sobre o TKSP que tenho para contar. Outra há que tem muito mais de misterioso... mas isso fica para outro dia!
E já agora, como nunca soube se o Dinho existia de facto, lanço aqui um apelo: Dinho, se me estás a ouvir ou a ler diz alguma coisa. O velhote que nos informou da tua loucura nunca mais foi por nós encontrado e ainda hoje gostaríamos de saber se o nosso acto de coragem foi ou não uma atitude sensata!