sexta-feira, 31 de julho de 2009

Eu fui à selva (Ep. 05 - Último Episódio)


Não conseguimos fazer a Rita Mendes saltar. Desanimados, decidimos deixar o palco e dirigirmos a uma zona de Karaoke onde dançavam alegremente uns franceses de fato-de-treino do seu país [havia por essa altura um campeonato internacional qualquer].

Já não sei a que propósito, o Poulsen começou a falar com um deles. Passado um bocado, aproximei-me um pouco e ouvi isto:

- Si tu veux dancer, tu peux dancer avec moi! - dizia o francês ao Poulsen.
- What? - respondia o Poulsen, esperançado de que teria sido algum erro de tradução da sua parte...
- If you wanna dance, you can do it with me! - insistia o francês de olhinho azul.
- Fogo! Este gajo quer dançar comigo! Vamos embora, Mau! - reagiu assustado o Poulsen.

E antes que eu tivesse tido tempo de pestanejar já eu, o Benitez, o Poulsen, o Pitt e o Ranhoca nos dirigíamos para casa.
- Mas vamos já dormir? São só 6 e meia da manhã...
- Já sei! Vamos para casa dos tios do Poulsen, levamos umas minis e passamos lá um bom bocado!

Se bem o pensámos, melhor o fizemos. O Poulsen foi o caminho todo até casa a avisar-nos:

- Olhem que passam-se coisas muito estranhas no andar da casa dos meus tios. A vizinha tem uma pancada por plantas e transformou aquilo numa estufa...

Não ligámos. Abrimos a porta do prédio e subimos de elevador até ao quinto andar. Mal a porta do elevador se abriu, eis que todos arregalaram os olhos... Estávamos numa autêntica selva. Plantas por todos os lados. Os próprios corredores estavam impedidos porque estava tudo cheio de vasos! Tivemos de afastar aquilo para conseguir chegar à porta do apartamento dos tios do Poulsen...

Mas, enquanto afastávamos as coisas reparámos num novo e interessante pormenor: nas folhas das plantas estavam colados pássaros de plástico para dar mais realismo à coisa! Vejam a foto:Mas a noite não acabou por aí. Entrámos no apartamento e rumámos à sala. Estivemos a jogar uns jogos com umas minis e, passadas umas horas, já o Benitez estava extremamente alegre. Lá para as 9 e meia da manhã decidimos que era hora de ir dormir.

Como havia gente que não estava muito interessada em dormir, o Ranhoca, num golpe de génio, consegue ficar com o melhor quarto e trancar-se lá dentro. Ficou todo contente... até ao momento em que tentou abrir a porta e não conseguiu. A porta estava encravada. Tentámos todos abri-la sem que o conseguíssemos. E foi aqui que eu percebi que não só estava na Selva, como tinha também a companhia de alguns tipos de macacos ou então, unicamente de Tarzans.

É que aquela era a única porta. E só havia uma janela. Num 5º andar. Andaram o Pitt e o Ranhoca a saltar de janela em janela, quais Tarzans... Ah, se a máquina fotográfica não tivesse ficado sem bateria...

Já de manhã, tentámos abrir a porta novamente. Nada, ninguém conseguia. Entretanto, o Pitt divertia-se a brincar com um interruptor. Acendia e apagava a luz. Acendia. Apagava. Acendia. Apagava. Acendia...

Finalmente consegui abrir a porta. Foi uma festa e um alívio simultâneos! Fomos para a sala. O Pitt tinha deixado a luz acesa. Fui lá e desliguei-a. Qual não é o meu espanto quando a vejo a ligar-se sozinha?! O próprio interruptor tinha ganho vida própria.

Depois da nossa presença, jamais aquela casa será a mesma...


Posts relacionados:
1 - O Homem da Cadeira (, Ep. 01)
2 - Roleta Effect (Ep. 02)
3 - O livro de reclamações (EP. 03)
4 - Diz que é uma espécie de música (Ep. 04)

Sir Bobby Robson

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Diz que é uma espécie de música (Ep. 04)


Há uma coisa engraçada neste post da 2ª série de Figueira Pie: é que este episódio não se passa na Figueira, mas sim em Cantanhede.

É o dia do jantar de velhas glórias. Estivemos em casa do Poulsen até bem tarde. Até aí nada digno de registo aconteceu. O pior foi quando entrámos na Expofacic. Entrámos tão tarde que os concertos já tinham acabado. Melhor. Nem sequer precisámos de pagar bilhete...

No meio de algumas promessas já postadas aqui no blog, decidimos ir até a um palco secundário (o único que se encontrava, ainda, activo) para ouvir a grande Dj Rita Mendes.

Sim. A Rita Mendes. Aquela que foi a capa da Playboy deste mês. Ai, ai... o Photoshop faz mesmo milagres!

Uma desilusão, a Ritinha... Mas, ainda assim, isso não impedia o público de estar presente. Havia mesmo um grupo enorme de pessoal liderado, obviamente, pelo nosso amigo Microfone, que fazia coro e tentava tocar na sua musa. Penso que houve um que chegou mesmo a dar-lhe um beijinho.

Entretanto, eu, o Pitt, o Ranhoca, o Poulsen e o Benitez lá estávamos de braços cruzados a analisar ponto por ponto aquele fantástico momento.

- Será que esta tipa acha mesmo que alguém gosta da música que ela passa? - perguntava eu.
- Achas?! Se ela passasse boa música não precisava de vir com uma mini-mini-mini-mini-saia e com um decote até ao umbigo... - respondeu o Pitt.
- Então mas quando é que isto começa?! Já aqui estamos há uma hora e ela ainda não tirou nem o soutien, porra! - reclamava o Poulsen, tão compenetrado como desiludido...

Dito isto, olhamos para o lado e vemos o Ranhoca e o Benitez, abraçados, a gritar:
- DESPE! DESPE! DESPE!

Finalmente acabou. A música parou. AAAAAHHHH! Finalmente! Acabara o suplício! O público começava a entusiasmar-se. Algum dos malvados do nosso grupinho deu a ideia:
- Agora era giro fazê-la saltar. Depois de tanta espera acho que já merecíamos ver qualquer coisinha... E afinal de contas, com aquele decote e aquela micro-saia, ela também não precisa de saltar muito!

Pois... Alguém ouviu o extraordinário raciocínio do nosso amigo e, em fracções de segundo, já todo o público gritava a plenos pulmões:
- E salta Rita e salta Rita olé! Olé!

Azar do caraças. É que ela, ao ouvir isto, ficou muito contente pelo carinho do público e decidiu... em vez de saltar premiar-nos com mais uma música! Raios a partam! E foi assim que acabou a primeira parte da nossa noite. Gritando a plenos pulmões, na tentativa de abafar aquela espécie de música:
- Salta SÓ! Salta SÓ!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

O Livro de Reclamações (Ep.03)


Seguíamos calmamente em direcção à entrada quando fomos barrados e impedidos de entrar. No estado em que estávamos a vergonha era pouca e a ousadia era demais. Perguntei logo qual a razão de não podermos entrar. Razão essa que era super-válida: “O estabelecimento está às moscas, o negócio está mau e por isso não dá para entrar”. UAU! Como é óbvio, a razão dada foi logo contestada. Decidiram então melhorar o português e admitiram: “Amigos, está pouca gente, já estão lá muitos homens e vocês são 6!”

Que podíamos fazer?? Nada. A única solução viável e que surgiu de imediato, era arranjar umas perucas a João Moutinho e Argolinhas e fazerem-se passar por meninas visto eles serem, dos seis, aqueles que tinham mais traços femininos.

Resignados a permanecer à entrada eis que surge do nada,uma manada de gajos que entraram sem complicações. Pronto, entornou-se o caldo!

Sempre me revoltei com estas situações e naquela noite não consegui tolerar! Fui de imediato falar com o segurança. Nisto fomos todos. Estavam decididos a não nos deixar entrar. No princípio com uma abordagem calma para, depois, se lançarem de pés juntos fazendo uso da sua autoridade.

Aí o caso mudou logo de figura. Fomos afastados e a revolta começou a agigantar-se. Naquele momento senti que não tinha mais vontade de ali entrar, mas sim de acabar com o abuso de autoridade que se faz sentir em tantos espaços nocturnos. Num suspiro profundo soltei um murmúrio: “Era agora pedir o livro de reclamações...”. Foi uma questão de segundos até que o Moutinho, impaciente e decidido a derreter ali dentro os seus euros, se lançou às feras a reclamar e a pedir o livro de reclamações. Os seguranças estavam incrédulos. Deveriam estar a pensar “Donde vieram estes tipos?”. Mal sabiam eles que vínhamos do Casino, no qual quase fomos expulsos, com os bolsos cheios depois de entrarmos com uma cadeira as costas.

O pedido do livro foi recusado. Foi aí que soltei um outro desabafo “Era agora chamar a polícia que eles caíam aí de costas”. Foi aí que eu aprendi uma lição muito importante. Nunca devemos soltar nenhum tipo de desabafo ao pé do João Moutinho quando este estiver menos lúcido. Moutinho pegou no telemóvel e apontado-o ao segurança disse que se não houvesse livro chamaria a polícia. Os seguranças confiantes na nossa falta de coragem encolheram os ombros como se não houvesse problema!

Não o deveriam ter feito porque passados 10min ali estavam as autoridades. Durante esses 10min de espera o clima tinha aquecido. Entre tantas ameaças e subidas de tom, quando dei conta estava eu e o Argolinhas cara-a-cara com um tipo que iremos aqui chamar de Figueirense. O tipo insistia em beber de um copo vazio. Aquela água de gelo derretido que ele insistia em saborear deveria ter trago a água de lavar os pés, porque sempre que falava o Argolinhas dizia: “Ó migo, sempre que falas arrependo-me de ter as narinas dilatadas”. Foram dez minutos de puro gozo em que, mesmo menos sóbrios, conseguimos esgotar toda a nossa criatividade na genialidade das piadas mandadas ao homem. Enquanto isto lá estava Moutinho a ripostar com os seguranças.

Chegaram as autoridades. Foi de topo. Os seguranças se tivessem prótese dentária ela tinha caído ali mesmo. Só se ouvia Moutinho: “Ah pois é! Agora tão caladinhos os meninos. Vá, chutem mas é o livro de reclamações”. Chegou gerente, chegou tudo. O escândalo estava lançado. Uma confusão impossível, parecia uma praça de touros com o Moutinho feito forcado prestes a levar uma cornada daquela gente. Só me ria.

Se sem a polícia de tudo dizíamos, com as autoridades o à vontade subiu a patamares nunca antes imaginados. “Senhor Polícia, este é o estado do nosso país. É uma vergonha. Estão mal habituados porque ninguém reclama e foi preciso chamar-vos para nos levarem a sério”- dizia eu e Argolinhas numa tentativa de tornar o discurso sério e credível. No entanto, Moutinho insistia em provar que ali o álcool estava de mãos dadas a tudo o que se dizia:

- Senhor guarda, toda esta situação dá-me vontade de chorar. Este é o estado da nossa Nação Senhor Guarda! - gritava o Moutinho para o polícia, visivelmente emocionado com o sangue patriótico do jovem bêbedo...

O Guarda Armindo apoiou-nos desde inicio e em 5 minutinhos, tentem adivinhar... Ali estava o Santo Graal! O livro de reclamações tinha finalmente aparecido. Incrível como as autoridades se conseguem comportar como autênticos catalisadores da justiça.

Então lá fomos nós assinar a folhinha. O gerente estava possesso e os seguranças incrédulos com tudo aquilo que ali se passava. Olhávamos sem medo nos olhos dos senhores enquanto este respondiam com golpes de olhar que pareciam autênticos balázios.

Tinha tudo descambado e nem a polícia conseguia impor a sua autoridade. Nisto reaparece o cromo-mor, o Figueirense. O tipo era insuportável. Ninguém o podia aturar. Só se ouvia: “Ó Figueirense vai-te embora meu”. Insistindo em não ir embora e decidido a beber os restos mortais do limão que estava colado ao fundo do copo foi em direcção ao polícia que, já sem paciência para ninguém, e muito menos para aquele cromo, pronunciou a frase mais cómica que ouvi em toda a minha vida. Bastou um toque no braço no guarda Armindo que a resposta foi imediata: “Oh migo, mas nós já fumamos uma juntos ou quê? Tá a circular oh migo, mas tá mesmo a circular que já não o posso ouvir! Mais uma e vai dormir à esquadra.”. Todos nos escangalhámos a rir. O tipo não chorou porque todos os fluidos que restavam no seu corpo estavam a escorrer calças abaixo do medo que sentiu.

Foram precisas cerca de 5 páginas para as reclamações feitas. Fechou-se o livro, com toda a delicadeza para depois nos despedirmos de todos os que ali estavam a assistir. Seguimos então as nossas vidas.. Eram 6h30 da manhã. Há noites marcantes, há noites que só se vivem uma vez e se há noites que justificam aquele sono revitalizante, aquela era certamente uma delas.

Será para sempre uma noite memorável e nunca poderia passar em branco no nosso blog, porque se há experiências dignas de Post esta é uma delas.

PS: No fim da noite o Figueirense exclama olhando para o seu copo vazio (já há cerca de uma hora), para delírio de todos:
- Olha... Já acabou a bebida...

terça-feira, 28 de julho de 2009

Roleta Effect (Ep.02)


Receávamos a entrada, visto que tínhamos sido barrados há cerca de 5 minutos, mas entrámos calmamente. Sem grandes problemas seguimos directos para a zona de jogos do casino. Faltavam cerca de 15min para aquilo fechar e enquanto atravessámos a porta da entrada consegui topar um brilhozinho nos olhos dos seguranças. “Humm, estes rapazes vão em 15min pagar-nos a noite de trabalho. Eles que entrem” - pensaram eles, certamente.

À campeões, desde a entrada até ao balcão onde se troca dinheiro por fichas, devemos ter sido alertados umas 3 vezes pela segurança do Casino.

“Oh chefe, dez euros em fichas para mim e aqui para o meu amigo” – disse eu convencido de que voltaria com aquelas fichas multiplicadas por 10. Compradas as fichas, cada um seguiu o seu destino. Eu decidido a empobrecer o casino com o BlackJack e o Moutinho, mais uma vez, a apostar na roleta. Ele não parava de insistir que a roleta é que dava dinheiro. “É burro todos os dias”- pensei eu (decididamente, naquela noite, só me ocorriam pensamentos infelizes).

Concentrado no meu jogo, rapidamente vi o meu saldo a crescer e já tinha 10 eurinhos feitos. Contente e decidido a sair vem-me o Moutinho com um sorriso de orelha a orelha, com a carteira aberta. Não foi preciso pronunciar-se. Mostrou-me 90 euros quando eu sabia que ele não tinha mais de 20 antes de entrar no casino. Passei-me. Senti que também conseguia fazer crescer aqueles 10 euros e quando dei conta já tinha perdido tudo. “Bem, vamos lá ver então como ele se está a portar”. Virei-me e fui directo à roleta. Era fácil distinguir o Moutinho daquela gente toda. Era o único a pular, e a esbracejar como se estivesse sob efeito de alucinogénios.

Qualquer coisa de errado se passava. Tinha apostado num número e tinha calhado. Incrível! Com 2 euros foi ganhar 70! Argolinhas permanecia de braços cruzados sem se pronunciar a presenciar aquele episódio delirante.

Não queria acreditar... Fui ter com o Moutinho e, antes que falasse, ripostou de imediato: “Ranhoca, o 35 tá a bater. É claramente o 35”. Nada disse. Limitei-me a ver como aquilo se jogava. Nisto, só vejo a bola a começar a rolar. Rolou, rolou e voltou a rolar. Ela insistia em rolar até que, como se tivesse vontade própria, pulou de número em número até repousar no 35. Aquilo não era possível. Não queria acreditar que tinha convencido este gajo a vir ao Casino para ele ganhar 170eur. Era de loucos! Festejei mais que toda a gente que estava no Casino. Senti aquele 35 com todas as minhas forças e por momentos senti que aquele Casino tinha ido abaixo. Com apostas de 2eur fazer 170 é de rei!

Fomos logo embora. Foi uma festa da roleta à saída. Só pensava para mim “Esta noite é digna de post, como é possível acontecer tanta coisa maluca numa só noite”. Mais uma vez me arrependo profundamente de ter pensado tal coisa porque aquela noite ainda era uma criança.

Eram 4h da manhã e estávamos decididos a ir derreter o dinheiro ganho pelo Moutinho para uma discoteca. Optámos por uma à beira da praia. Começávamos a avistar a entrada da discoteca e mal sabíamos nós que seria aquele o palco das cenas mais inacreditáveis de toda aquela noite...

Posts relacionados:
O Homem da Cadeira (Série2, Ep. 01)

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