sexta-feira, 2 de julho de 2010

Traição suprema ou vitória do futebol?


Há uns tempos escrevi aqui que Dunga estava não só a trair a história do Brasil enquanto potência do futebol mundial, mas também a trair o futebol. Ao levar jogadores defensivos e duros em detrimento dos artistas Dunga estava a transformar a selecção a selecção do futebol espectáculo em mais uma potência do futebol musculado. Dunga apostou em Kaká e Robinho. Deixou de fora Ronaldinho, Pato, Ganso, Neymar, Marcelo, David Luiz etc. etc. etc.

Atenção que não digo que todos tivessem lugar nos 23. Estou apenas a referir alguns jogadores com talento suficiente para estarem num Mundial. Mas se alguns são discutíveis, não o são ainda mais os jogadores da confiança do Dunga?

Treinador de bancada somos todos nós. Não é isso que quero discutir. Este texto vem na sequência da derrota de hoje do Brasil. Por um lado queria que o Brasil passasse, porque gosto do país e de alguns jogadores. Por outro lado havia Dunga...

Explicaram-me uma vez que esta opção do Brasil pelo futebol mais defensivo veio na sequência de muitas grandes gerações terem dado "show de bola" e terem acabado derrotadas. Os brasileiros ter-se-iam fartado de perder contra equipas piores e apostaram tudo na organização táctica e em um ou dois artistas que pudessem resolver o jogo. É por isso que desde que nasci nunca assisti a uma equipa brasileira de futebol arte. Craques continuam a existir (Ronaldo, Ronaldinho, Rivaldo, Adriano, Denilson, Roberto Carlos, Maicon, Lúcio, Júlio César, Kaká, Pato, Neymar e tantos outros), apenas não se aposta no futebol mágico que eles podiam desenvolver.

Inicialmente esta estratégia deu frutos: o Brasil não ganhava o Mundial desde 1970 e só recuperou o título em 1994. Sabem quem era o capitão dessa equipa orientada de modo defensivo? Ele mesmo: Dunga. De forma menos descarada mas igualmente sem a arte de outras épocas, Scolari deu o título Mundial ao Brasil 8 anos mais tarde.

Em 2006, com uma selecção com Ronaldinho, Kaká e Adriano no seu auge foi derrotada pela França de Domenech. Era Parreira o treinador e conseguiu deixar-me a torcer contra o Brasil, tal era a pobreza dos espectáculos que proporcionava.

Mas a aposta nesta linha de futebol continuou. Em 2010 foi Dunga quem apostou em Gilberto Silva, Felipe Melo, Josué, Kléberson, Ramires, Elano, Nilmar e Grafite em detrimento dos artistas - que fique bem claro que são necessários jogadores destes; só podem (e devem) ser ajudados por jogadores de classe.

É por isso que hoje fiquei feliz pela derrota brasileira. Porque talvez assim o Brasil perceba que mais vale perder e dar espectáculo do que deixar esta imagem. Felipe Melo, jogador à imagem e semelhança do seu treinador, marcou um golo na própria baliza e depois foi expulso. Logo me veio à cabeça o seguinte:

O Brasil traiu o futebol ao escolher Dunga. Dunga traiu a história do Brasil ao escolher uma selecção de Felipes Melos. Felipe Melo traiu Dunga...
Ou será que salvou o futebol?                                        

3 comentários:

Kikas disse...

Estou por completo alheia ao Mundial e ao historial que referes, mas como aqui não há a "etiqueta" Gosto, à semelhança do Facebook, escrevo simplesmente para elogiar a análise ;)

Titi disse...

e o seguinte.. no onze titular habitualment utilizado pelo dunga apenas trocava o filipe melo pelo ramires.. porque este e um jogador pelo ataca i defende bem..bem como consegue conjugar força, velocidade e tecnica.. agr no q diz respeito a convocatoria deste senhor eu trocava mt coisa.. e q cmo foi o caso d hoje ele nao tinha forma de mexer na equipa.. nao tinha ninguem no banco q pudesse desequilibrar la na frent.. deve ter pensado mt vz em ronaldinho i em pato.......

Tifon disse...

previsoes para amanha:
argentina 2-1 alemanha
espanha 2-0 paraguai

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