quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

AAC, eleições e divulgação


Estamos em época de eleições na Associação Académica de Coimbra. Estas eleições ganham uma maior importância devido ao grande trabalho (ironia, ironia!!!) realizado pela última Direcção Geral. A necessidade de uma liderança forte, de um corte com o que foram os erros do mandato anterior, é imperativa. Mas é sem tomar qualquer tipo de partido em relação às duas listas que vão à segunda volta que constato o vazio que são as campanhas de uns e de outros.

Senão reparem:
1 - Num dia chego à FEUC e tenho a parede da minha Faculdade forrada com cartazes de uma das listas. No dia seguinte estão cartazes de outra lista colados por cima dos primeiros. Depois disso fui operado e (haja um lado positivo) não tive de aturar todos os brindes distribuídos nem de acompanhar o arrancar de cartazes de uma lista para se colarem os de outra por cima. Mas a guerra em que se tornou ter uma parede de uma faculdade forrada com cartazes de campanha eleitoral faz crer que as diferentes listas acreditam que é com base nos cartazes que se vai, ou não, ganhar uma eleição.
2 - No Facebook sou verdadeiramente bombardeado por verdadeiro spam eleitoral. São imagens de apresentação com o símbolo das respectivas listas, são frases vazias como "Vota C nos dias 5 e 6 de Dezembro. Ainda é possível despertar a AAC" ou "Dias 5 e 6 de Dezembro vamos ter de voltar às urnas. Liga-te e VOTA L!" ou outras milhares de variações cuja mensagem é pura e simplesmente: "vota na minha lista porque sim". Mais uma óptima forma de influenciar a decisão dos estudantes indecisos.
3 - Mesmo através do telemóvel tenho recebido mensagens - autênticos testamentos - de amigos que reencaminham um texto predefinido para todos os números que têm no telemóvel. Aí não posso, sequer, dizer se as mensagens são ocas ou não. Tal como faço quando recebo uma mensagem a desejar feliz Natal que não é pessoal, apago sem sequer acabar de ler. Uma postura mais aberta, uma conversa pessoal, seriam muito mais importantes do que qualquer mensagem reencaminhada para 10000 pessoas. Mas isso é só a minha opinião.
4 - Este ano realizaram-se alguns debates entre os vários candidatos à presidência. As mensagens partilhadas no Facebook por apoiantes das duas listas eram hilariantes. Cheguei a contar 10 pessoas num dia, 6 apoiantes de uma lista e 4 apoiantes de outra, a darem os parabéns ao respectivo "chefe" por este ter, segundo eles, ganho o debate - o que é mais uma forma de tentar influenciar os "amigos" do Facebook.

A minha questão é, portanto: será que tudo isto influencia, de facto, os eleitores? Será que isto os faz ir às urnas?

No livro Buyology, de Martin Lindstrom (que aproveito para aconselhar vivamente a quem é de Gestão e a quem não tem nada a ver com Gestão) descobri que muitas vezes as mensagens que nos parecem mais inofensivas têm um efeito bastante forte no nosso cérebro que nos leva, muitas vezes, a agir de forma diferente daquela que vemos como sendo a mais racional. Mas será que temos um cérebro assim tão defeituoso que não nos permite, sequer, ver algo tão evidente como o vazio que todos estes apelos guardam por trás de cada uma das letras?

Eu vou continuar a acreditar que o meu cérebro não se deixa enganar e que tudo isto é um enorme falhanço de divulgação por parte das listas candidatas. Vou acreditar que os candidatos é que ainda não perceberam que cada vez mais se querem argumentos em vez de apelos sem fundamento. Mas talvez seja demasiado optimismo da minha parte. Porque acredito que há muito boa gente que vota com base nestes apelos vazios dos seus amigos...

2 comentários:

Rui disse...

Foi por estas e por outras que não votei na lista que mais me abordou. Ainda por cima não era nem é a lista que mais confiança me transmite, antes pelo contrário.

Titi disse...

Eu sinceramente não sei se faço bem ou mal, mas não votei. Eu olhei para os elementos das listas e vi um completo bando de baldas e jogadores de sueca de bar de faculdade. Vi muito poucos que me inspiravam confiança. Este ano vai ser mais do mesmo.

Achei interessante isso que falaste do livro. É um pouco inacreditável que que o nosso cérebro faças essas coisas, mas é interessante.

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