sábado, 5 de novembro de 2011

Limpem a Academia


Durante três anos de estudos na Universidade de Coimbra passei sempre um pouco ao lado das questões políticas que lhe estão inerentes. Este ano, porém, por diversas razões, comecei a estar mais atento à política na Associação Académica de Coimbra e a tudo o que dela depende.

Sempre achei que era nos estudantes que devia estar a vontade de mudar, de romper com "aquilo" que vemos no nosso país. De romper com os políticos que vemos no poder. De limpar a sujidade que deixou Portugal na situação em que está.

Acontece que ao olhar para o que se passa na nossa Academia, facilmente percebemos que ao contrário do que desejava... não são estes estudantes que farão o país sair do buraco em que se meteu. É incrível, assustador e, arrisco, repugnante o que se assiste nas polítiquices dos estudantes da Universidade de Coimbra.

Os joguinhos de interesses, os favores, os votos no Zé para um cargo em troca do voto no Manel para outro, as pressões, as ligações entre as juventudes dos partidos políticos e a Academia... tudo, mas tudo me faz lembrar o que deixou o país no estado em que está. Também aqui os eleitos se esquecem de que se comprometeram com os estudantes e não consigo mesmos e com os seus próprios interesses. E eu, quando vejo o que vejo, fico sem saber o que hei-de fazer ou pensar.

Quando a falta de escrúpulos e as votações compradas começam quando há em jogo coisas tão banais e pequeninas como estas, quando não há princípios e nem sequer vergonha e quando isto começa desde que eles são pequeninos...só posso sentir-me repugnado com estas pessoas.

Já estamos habituados a que sejam os incompetentes e as pessoas sem escrúpulos e princípios a triunfar na política nacional. Provavelmente quem está mal é quem não abdica de determinados princípios, mesmo que para isso tenha de abdicar de outras coisas de que gostaria imenso. Tenho orgulho de fazer parte desse grupo de pessoas e tenho orgulho de ter um primo que se vai candidatar mesmo sabendo que é, à partida, o candidato derrotado. Fá-lo consciente disso em nome de, vejam lá, princípios. Por isso digo que, mesmo que daqui a uns dias vejam o Francisco como candidato derrotado a Comissário Geral da Queima das Fitas... será sempre o maior vencedor dessa eleição. Porque se candidatou por amor e porque, por esse mesmo amor, recusou trair os seus próprios princípios mesmo sabendo que isso lhe poderia dar a vitória. E este, para mim, é um exemplo de pessoa que poderia ajudar a mudar este país - por oposição a todos os outros que, certamente, um dia o estarão a governar.

2 comentários:

Kikas disse...

Diria que a política é uma rede, uma malha de cruzamentos, não (só) de ideias, como deveria ser, mas de interesses e de conhecimentos/networking.
Não estou a acompanhar o que se passa na AAC tirando a notícia que li no jornal As Beiras sobre a demissão do Miguel e que contava outras situações semelhantes, mas sempre ouvi falar da lista apoiada pela JS e da lista apoiada pela JSD. Aliás, soube de um caso de uma lista que só surgiu, e tardiamente, por causa da pressão de uma juventude partidária.

Se as ideias e o mérito ganhassem não era preciso tanto merchandising, tanto dinheiro gasto em campanhas. E o pior é que tudo isto vicia, porque se vês os outros a ganhar graças à batota do "este conhece aquele gajo que consegue influenciar uns quantos e que tem conhecimentos ali e acolá", então 'bora também nós fazer. E lá se vai a história da meritocracia que tantos apregoam, nomeadamente os que estão nessa dita malha.

A política é um nevoeiro: tira a visão limpa e nítida de muita gente! E nas estruturas internas o que há mais é podridão...mesmo!

Titi disse...

infelizmente muita gente faz da politica apenas um mar de oportunidades. oportunidades não para mudar o que está mal no país ou na sua área de jurisdição, mas sim para mudar o que está mal na sua vida pessoal. e muita gente só se candidata porque essas juventudes partidárias pressionam e prometem "tachos" noutros lados num futuro próximo. é disto que tem vivido o nosso redor, desde a associação cultural da terrinha até ao mais alto cargo do nosso país. Eu sinceramente gostava de um dia me envolver em algo desse género, mas como não conheço "este e aquele" que pode influenciar "o outro" sei que iria, literalmente, perder o meu tempo e dinheiro. É um pensamento bem medíocre mas infelizmente é verdade.

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