sexta-feira, 10 de junho de 2011

Intercâmbio - o que sentiste? O que mudou?

"Fizeste intercâmbio? Como é que foi? Sentiste que mudaste?"

São perguntas delicadas, mas são aquelas a que um ex-intercambista tem de se habituar a responder. Não é fácil conseguir resumir um período em que se foge da realidade em que se viveu durante tantos anos. Não é fácil explicar "como foi" ou "o que mudou". É, aliás, dificílimo fazê-lo.

Qualquer pessoa que tenha estado a estudar no estrangeiro acaba por ser confrontada com a curiosidade de todos. O problema é que não há muita gente que tenha paciência para ouvir a resposta tal como ela deve ser dada - com pormenor.

Costumo dizer que não é a experiência de intercâmbio que nos muda. São as experiência, os episódios, as dificuldades, as loucuras que, dentro do intercâmbio, fazem com que voltemos pessoas diferentes. Pessoas com novas ideias, conhecedoras de novas culturas, mais conhecedoras de si mesmas. Pessoas com mais mundo, com mais vida. Pessoas que foram obrigadas a sair da sua realidade, a saltar para uma dimensão completamente nova. Que tiveram de reorganizar os seus hábitos, de se adaptar a novas culturas, de enfrentar os seus medos ou de resistir às saudades. Que, sob pena de passarem vários meses solitários num país diferente, tiveram de fazer amigos numa idade em que normalmente já se tem um grupo formado. São, acima de tudo, pessoas que tiveram de renascer.

No fundo o intercâmbio é isso: um renascimento. É um regresso à infância, no sentido de que temos todos de voltar a ter aquela abertura que nos permite falar com pessoas novas, procurar conhecê-las deixando de lado os estereótipos e preconceitos formados durante anos de vida. A experiência é tão nova, tão única, que não é facilmente explicável a quem a não viveu.

Talvez seja precisamente por isso que são os que já foram que, no regresso, incentivam os outros a ir, também. E talvez o façam por perceberem o que teriam perdido se tivessem ficado por "casa"...

3 comentários:

Titi disse...

muito muito fixe... Gostava de um dia poder fazer esse intercâmbio. Por outro lado parece que grande parte de ti ficou do outro lado do oceano...

Mau disse...

Pelo contrário, Titi! Tudo o que é meu trouxe comigo. Isto deu para perceber que o espaço físico não é tão necessário assim para que possas sentir uma coisa como tua. Já lá estive, já lá vivi e, na verdade, acho que continuo a viver. Mais de longe, é certo. Mas o que sinto é o contrário do que dizes: não ficou grande parte de mim do outro lado do oceano; o que pude foi trazer uma nova parte de mim para este lado do oceano! ;)

Titi disse...

não imaginas a inveja que tenho de ti... É um prazer ser teu amigo :)

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