Não cheguei sequer a pedir a autorização do O Magnífico, mas penso que não se importará que eu faça um pouco de publicidade ao blog dele. O blog "Diálogos de Loucura" é espectacular. Hoje, quando lá fui dar a minha olhadela diária deparei-me com um poema que me impressionou. Ainda para mais sabendo que o autor é uma pessoa de 18 aninhos apenas. Publico aqui o texto dele, mas peço-vos que passem no blog dele e que comentem o texto. Quer gostem quer não. É comprido, mas vale a pena.
Já agora, e antes que comecem a ler o texto, informo-vos que vou estar longe do blog durante uns dias. Conto convosco para manterem isto animado. Em todo o caso, deixo alguns posts nos rascunhos para o caso de, como é provável, ninguém escrever nada. Até já ;)
Já agora, e antes que comecem a ler o texto, informo-vos que vou estar longe do blog durante uns dias. Conto convosco para manterem isto animado. Em todo o caso, deixo alguns posts nos rascunhos para o caso de, como é provável, ninguém escrever nada. Até já ;)
"
Aguardo, na planície.
Sinto o chão nos meus pés.
Respiro a brisa que passa por mim.
Conheço-lhe o cheiro, é meu,
Como toda a natureza é minha
E eu sou dela.
Baixo o olhar.
Ali está.
Ali está o exército que vou enfrentar.
A adrenalina inebria-me,
Os sentidos preenchem-me
E bloqueiam a razão.
Preparo-me, anseio,
Espero, quase desespero.
Quero. Quero terminar isto
Quero romper, quero chacinar...
Quero... Não.
Não quero.
Volto a olhar para a infinidade
De céu acima de mim.
Respiro.
Regresso a mim.
Porque não vivo e não mato?,
Porque não sangro e não morro?,
Pela fantasia que há em mim.
Porque vivo sem vivê-la.
Porque sou eu por ser eu.
Porque perdido no meu caminho
Encontrei-me a mim mesmo.
Não quero morte. Não quero os despojos.
Eles não valem o sangue.
Não quero sangue !
Não quero mortes...
Entrei em brigas, em batalhas, em guerras !
Lutei e, sem saber lutar, ganhei.
Sabia com o que contar,
Sabia o que esperar.
Não estava perdido, não estava sozinho.
Mas, nesta guerra, estou sozinho,
Estava sozinho.
Andei à deriva
Sem saber o norte,
Sem saber para onde lutar.
Aprendi a fazê-lo.
Aprendi a avançar, aprendi a recuar.
Aprendi a rechaçar até o ar.
Aprendi a quase provocar a debanda.
Não aprendi a derrota.
Não me culpo.
Podia ter feito mais,
Podia ter lutado mais,
Mas não, não vou lutar esta guerra.
Fiz o que fiz, porque sim.
É uma resposta tão boa
Como outra qualquer.
Não vou lutar.
Dói. Mais do que lutar, dói não lutar.
Mais do que nos deixarmos ir, dói não deixar.
Não quero. Que glória obteria
Com tal vitória ?
Somar-se-me-iam mortes, apenas.
Espero, descanso,
Esqueço onde estou, esqueço a arte.
Mais tarde, talvez. Mais tarde
Volto a descer o meu olhar.
Vejo o que tenho à frente.
Sinto a brisa, de novo, a passar.
O Sol está-se a pôr.
Aprendi a respeitar a guerra.
Respeito-a, amo-a, talvez demais.
Talvez.
Viro costas,
Porque o Homem é Deus
Quando tem a vontade.
Só espero que não me ataquem agora.
Prefiro morrer em glória
Que de costas para a batalha.
Até pareceria que fugi.
Não vou lutar. Vou-me embora.
O vento passou. O sol pôs-se."
Aguardo, na planície.
Sinto o chão nos meus pés.
Respiro a brisa que passa por mim.
Conheço-lhe o cheiro, é meu,
Como toda a natureza é minha
E eu sou dela.
Baixo o olhar.
Ali está.
Ali está o exército que vou enfrentar.
A adrenalina inebria-me,
Os sentidos preenchem-me
E bloqueiam a razão.
Preparo-me, anseio,
Espero, quase desespero.
Quero. Quero terminar isto
Quero romper, quero chacinar...
Quero... Não.
Não quero.
Volto a olhar para a infinidade
De céu acima de mim.
Respiro.
Regresso a mim.
Porque não vivo e não mato?,
Porque não sangro e não morro?,
Pela fantasia que há em mim.
Porque vivo sem vivê-la.
Porque sou eu por ser eu.
Porque perdido no meu caminho
Encontrei-me a mim mesmo.
Não quero morte. Não quero os despojos.
Eles não valem o sangue.
Não quero sangue !
Não quero mortes...
Entrei em brigas, em batalhas, em guerras !
Lutei e, sem saber lutar, ganhei.
Sabia com o que contar,
Sabia o que esperar.
Não estava perdido, não estava sozinho.
Mas, nesta guerra, estou sozinho,
Estava sozinho.
Andei à deriva
Sem saber o norte,
Sem saber para onde lutar.
Aprendi a fazê-lo.
Aprendi a avançar, aprendi a recuar.
Aprendi a rechaçar até o ar.
Aprendi a quase provocar a debanda.
Não aprendi a derrota.
Não me culpo.
Podia ter feito mais,
Podia ter lutado mais,
Mas não, não vou lutar esta guerra.
Fiz o que fiz, porque sim.
É uma resposta tão boa
Como outra qualquer.
Não vou lutar.
Dói. Mais do que lutar, dói não lutar.
Mais do que nos deixarmos ir, dói não deixar.
Não quero. Que glória obteria
Com tal vitória ?
Somar-se-me-iam mortes, apenas.
Espero, descanso,
Esqueço onde estou, esqueço a arte.
Mais tarde, talvez. Mais tarde
Volto a descer o meu olhar.
Vejo o que tenho à frente.
Sinto a brisa, de novo, a passar.
O Sol está-se a pôr.
Aprendi a respeitar a guerra.
Respeito-a, amo-a, talvez demais.
Talvez.
Viro costas,
Porque o Homem é Deus
Quando tem a vontade.
Só espero que não me ataquem agora.
Prefiro morrer em glória
Que de costas para a batalha.
Até pareceria que fugi.
Não vou lutar. Vou-me embora.
O vento passou. O sol pôs-se."
Ricardo Pereira, in Diálogos de Loucura
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