Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida (...)
Álvaro de Campos, in " Poemas"
Não sei ao certo se, depois de ter voltado a Portugal, já aqui falei sobre a minha estadia no Rio de Janeiro. Ora é isso mesmo que hoje venho fazer. É... e não é.
Praias fantásticas, viagens e aventuras incríveis, comidas típicas, sol fabuloso, óptimos professores... tudo isso fez parte do meu Rio. Mas é das pessoas que por lá conheci que guardo as melhores recordações. E é graças a elas que venho (e não venho) falar do meu Rio de Janeiro.
Faço-o graças a um amigo chamado Portú. E o que me deixa mais confuso é que tudo o que vou aqui reproduzir se tem passado bem longe da Cidade Maravilhosa. No entanto, para mim é o Rio. E é-o porque foi lá que tive a sorte de conhecer três pessoas que me têm permitido viajar pela América Latina. São elas o já referido Portú, o grande amigo espanhol Merengón e a não menor amiga Evita Perú!
Enquanto estive fora de Coimbra o meu cérebro desenvolveu uma capacidade que amo: a de conseguir viajar por lugares que nunca imaginei, mesmo sem sair de casa. Era graças a ele que, de vez em quando, vinha dar um beijo aos meus pais, espreitar o irmão, controlar a namorada e espiar as poucas vergonhas dos "amigos de cá".
Foi graças à distância e, por isso, ao "meu Rio", que o poema de Álvaro de Campos ganhou cada vez mais sentido. "Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir".
E se no Brasil eu sentia "tudo de todas as maneiras", sentia "tudo excessivamente" por causa das enormes saudades que sentia... agora o mesmo se passa. Todas as pessoas que deixei no Brasil ou espalhadas por esse mundo me têm levado consigo.
E é por isso que, sem a autorização do Portú, mas com a convicção de que, conhecendo-o como conheço, não se importará, aqui reproduzo algumas das mensagens que me permitiram viver uma nova aventura junto a três amigos cujos caminhos se cruzarão novamente um dia:
Obrigado, então, ao Portú, ao Merengón e à Evita Perú por me terem permitido viver como minha a sua realidade, ela que é simplesmente "um excesso, uma violência, Uma alucinação extraordinariamente nítida".
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