Boa tarde, Mundo! Ou boa noite, ou bom dia, dependendo do sítio e humor com que estão!
Neste momento ando por Roterdão, por isso, e para dar uma ajuda ao Mau, que deve andar desesperado por ser só ele a escrever por aqui, e porque também é sempre bom partilhar as novidades com as pessoas da nossa terra, aqui estou eu!
Estou aqui há quase um mês e, sinceramente, parece que já passaram uns dois ou três.
Toda a gente deve dizer que lhe aconteceu de tudo em Erasmus, que não há ninguém que tenha passado por mais do que eles, por isso, para não fugir à regra eu digo o mesmo.
A empresa da residência à qual a Universidade fez o outsourcing do alojamento aqui na cidade sempre primou por me presentear com as mais belas surpresas. Quando fui aceite para fazer a reserva do quarto já só havia duas: uma na zona junto ao estádio do Feyenoord, a zona com os piores índices de criminalidade, na zona sul da cidade; ou uma zona pacata no norte da cidade.
Como uma pessoa tem sempre medo dos níveis de criminalidade na Europa Ocidental e (Des)Civilizada, óbvio que escolhi a zona relativamente pacata onde, pelas palavras da empresa, após eu ter perguntado se era perto da Universidade: "It's at a walking distance from the tram stop". Ora no dia em que fiz o check-in na residência, apanhei o eléctrico da outra ponta da cidade, perdi-me, porque os nomes das paragens dos eléctricos não são os nomes das ruas por onde passam, mas os nomes das ruas transversais, andei a pé com as malas todas uns quantos quilómetros para trás e cheguei aos HQ da empresa. Estava à espera que me dessem boleia. Mas não: tinha de ir de eléctrico.
A residência "de Wilgenborgh" é muito bonita. Está situada numa zona muito pacata, sem grandes prédios, cheia de relva, árvores, um lago e... patos! Tenho patos em frente ao sítio onde estou a viver! O que até é também igualmente bonito. O último ponto da localização da residência que vale a pena referir, é que o edifício ao lado é um lar de idosos. O que era fantástico, já que uma pessoa ia viver numa zona pacata e a uma "walking distance from the tram stop" o que fazia meter no ar de que pelo menos de eléctrico a viagem era rápida.
Ora bem, mais uma vez as minhas expectativas voltaram a trair-me. Vivo num prédio que fica a 30/35 minutos de bicicleta da Universidade e a 50 minutos de eléctrico!!!
Do centro da cidade? Pelo menos 25 minutos de eléctrico, mas outra vez os mesmos 30 minutos de bicicleta!
Uma pessoa sai à noite, bebe uns copos e depois vai para casa, de bicicleta, e demora 30 minutos até chegar! Se não quiser arriscar a bicicleta por não estar em condições, tem de ir para a estação do eléctrico até à meia noite, hora em que os transportes públicos terminam, ou acaba por pagar, como eu, uma vez, 20 euros de taxi. 20 EUROS!!! ahahah
Não tenho internet da residência, porque o modem está estragado desde que cheguei, pelo que o sinal é de uma rede wireless que estou a apanhar com um sinal fraquíssimo - mas à qual tenho de agradecer ,de qualquer dos modos! Fiquei sem luz, excepto na casa de banho e na despensa durante mais de 6 dias! Já fui apanhado pela polícia à noite e tive de pagar uma multa de 20 euros por não ter luz (há holandeses que vivem cá desde que nasceram e nunca foram mandados parar pela polícia à noite, nem nunca viram ninguém mandar parar)! Durante os primeiros 4 dias não vi ninguém no meu edifício!
Mais histórias depressivas? Ficam para outro dia! Porquê? Porque Erasmus é para uma pessoa se adaptar a uma nova cultura e para se divertir!
A cidade é, na sua forma peculiar, fantástica. Não há cidades muito similares a Roterdão na Holanda, que é considerada a sua Manhattan, em pequena escala. Importa lembrar que a cidade foi reconstruída após ter sido totalmente arrasada durante a II Guerra Mundial! Uma cidade aparentemente fria, mas com uma vida impressionante! Com a sua vertente business altamente ampliada vêem o expoente máximo de um dos costumes holandeses no centro da cidade. Pessoas a almoçarem uma sandes, um cachorro, ou pura e simplesmente um copo de batatas fritas com maionese enquanto se deslocam de um sítio para o outro!
Bicicletas por todo o lado! Mais do que isso! Homens e mulheres de fato a andar de bicicleta! Mulheres com duas e três crianças nas bicicletas! Aqui, ao contrário de Portugal, são bastante respeitadas, algo que é facilmente verificável pelo facto de terem o mesmo grau de prioridade que qualquer outro veículo e que há vias de sentido proibido para os veículos em geral mas não para as motos/bicicletas.
Por cá existe um costume que, segundo me parece, é semelhante ao londrino. No fim do dia de trabalho as pessoas vão, de uma forma geral, descansar para os pubs, beberem uma ou duas cervejas e meterem a conversa em dia com os amigos e vizinhos de sempre!
Infelizmente a cerveja por cá é bastante cara! Nunca menos de 1,7€ e a maior parte das vezes ronda os 2,2€. No entanto, existe o sistema das happy hours onde durante exactamente uma hora os bares têm promoções, como por exemplo, "oferecer" a cerveja a um euro ou fazer o sistema de "pague uma, leve duas". Neste momento está a ser desenhado um mapa com as happy hours dos bares da cidade, para ver se há algum trajecto viável para se beber o mais barato possível ao longo do início da noite!
Ainda assim, e para terminar, mais incrível do que tudo é a variedade. Não estou a falar da própria cidade, que já por si tem imensa - é a cidade que tem o slogan "World Port. World city" e que é "vítima" de ter o maior porto da Europa. É a variedade que se encontra de estudantes internacionais. Mais uma vez, já nem estou a falar dos estudantes internacionais que vêm para cá realizar a totalidade dos seus estudos. A minha Universidade neste momento tem 400 estudantes incoming em exchange program. Será assim tão difícil encontrar uma pessoa de cada país do mundo??
Por falar nisso, depressa me desabituei do termo "estudante erasmus" ou "programa Erasmus". A universidade onde estou chama-se "Erasmus University of Rotterdam", pelo que qualquer um dos cerca de 40000 estudantes da Universidade responde facilmente, num bar, que sim, que é estudante da Erasmus.
Até já.
7 comentários:
Peço desculpa por qualquer erro que surja, mas não reli o texto antes de o enviar!!!
Não sabes como me deixou feliz a notícia de que havia vida para além do Rio nesta Selva!
Em primeiro lugar acho sempre piada ao vosso receio de viver em Roterdão ou em Nápoles... é a Europa, não é a Índia, caramba!
Dois: eu por aqui não encontrei residências. Ou havia em Niterói, que fica do lado contrário da Baía de Guanabara e que já é outra cidade, ou bem longe dos sítios aconselháveis. O melhor foi mesmo alugar uma casa. No dia em que assinámos contrato por 5 meses vimos o anúncio de uma república de est8udantes em copacabana!
Quanto às bicicletas deve ser espectacular... mas essa coisa dos 20 euros de táxi é mesmo à coimbrinha! Eu nas noites da queima se quiser ir para casa de táxi pago 12 euros, meu amigo. Tás é mal habituado...
Esse hábito dos pubs também há aqui no rio. Só que não se chamam pubs: são os botequins. Às sextas e sábados é vê-los a abarrotar e cheios de animação!
O mapa das happy hours é um projecto aliciante! Conhecendo-te como conheço estava a achar estranho ainda não teres tido essa ideia!:D
:) Gostei! Não há mais viajantes que queiram partilhar as suas cidades?
G.
Pelo que sei há gente que frequento esta Selva em todo o mundo: no Rio, Roterdão, Barcelona, Salvador, Florianópolis e, de certeza que há mais por esse mundo fora. Isto é para vocês os que estão nessa situação: deixem-nos aqui uns posts de vez em quando, como este, como os do Rio! acreditem que há muito quem leia e goste. Muito mais gente, talvez, do que pensam. No fim fazíamos um livro (nem que fosse com edição própria) com os vossos textos de todo o mundo. Vá lá pessoal!
E pró Holandês de serviço aqui fica um you tube sobre a tua cidade: http://www.youtube.com/watch?v=ejQS9kQDXmk&feature=related (o intérprete é o D. Bowie mas o original é do Brel - http://www.youtube.com/watch?v=3xtxbpoR6KQ)
Yaúca
(Ooops, as canções que mando não são sobre roterdão mas sobre amsterdão. Não imorta, é tudo Holanda, né: ))
Podem crer que é verdade o que G e Yaúca disseram. Eu pelo menos adoro viver essas experiências que contam. Porque é que os outros não participam?
E pegando nas palavras do Yaúca, do Asus e da G.: quem quiser participar - esteja ou não em intercâmbio está sempre convidado(a)!
Tenho visto, por exemplo, bandeiras de oklahoma (olá M. :) ), de Feira de Santana e de alguns outros lugares que identifico como sendo pessoas que conheço e que estão em intercâmbio. Seria giro tornar este blog um espaço de intercâmbio de experiências, também!
Por isso, sejam ou não conhecidos de quem quer que seja aqui no blog, se quiserem participar digam!
Seria uma boa oportunidade de criar aqui uma caixinha de memórias e, ao mesmo tempo, de irem informando a família e os amigos do que vos vai acontecendo!
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