terça-feira, 24 de agosto de 2010

Já que estudo na Fundação Getúlio Vargas..


Getúlio Vargas suicidou-se há 56 anos. O Presidente brasileiro não resistiu à pressão para se demitir e optou pela saída mais drástica. 
 
"Se a simples renúncia ao posto a que fui levado pelo sufrágio do povo me permitisse viver esquecido e tranquilo no chão da pátria, de bom grado renunciaria. Mas tal renúncia daria apenas ensejo para, com mais fúria, perseguirem-me e humilharem-me. Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas. Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não dos crimes que não cometi, mas de poderosos interesses que contrariei, ora porque se opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque exploravam, impiedosamente, aos pobres e aos humildes. Só Deus sabe das minhas amarguras e sofrimentos. Que o sangue dum inocente sirva para aplacar a ira dos fariseus".

Com estas palavras manuscritas, Getúlio Vargas, 72 anos, Presidente do Brasil, explicava o que o tinha motivado a disparar o seu revólver Colt, calibre 32, sobre o próprio peito, por volta das 05h00 da madrugada de 24 de Agosto de 1954, nos seus aposentos no Palácio do Catete, que, na então capital federal do Rio de Janeiro, albergava a sede do Governo.

Um atentado, ocorrido no início do mês, contra Carlos Lacerda, um dos mais ferozes opositores de Getúlio, agravou uma crise política complexa em que o Brasil já vivia.

Líder do Partido Trabalhista Brasileiro, eleito pelo voto popular em 1951, depois de já ter sido presidente durante entre 1930 e 1945, Getúlio, gaúcho de São Borja, estava, nesse Agosto de 1954, a ser fortemente pressionado para renunciar.

As pressões sentiam-se no seio do seu próprio Governo e foi essa a mensagem que, na noite de 23 de Agosto, ouviu na última reunião ministerial a que presidiu. Na sua agenda, na página desse dia 23, uma segunda-feira, anotara: "Já que o ministério não chegou a uma conclusão, eu vou decidir: determino que os ministros militares mantenham a ordem pública. Se a ordem for mantida, entrarei com pedido de licença. Em caso contrário, os revoltosos encontrarão aqui o meu cadáver".

A notícia do suicídio de Getúlio deixou o Brasil em choque. A família não aceitou a oferta do vice, Café Filho, que assumira a Presidência, para que um avião militar transportasse o corpo até ao Rio Grande do Sul e rejeitou, também, as homenagens oficiais que o novo governo queria prestar ao Presidente falecido.
 
Getúlio deixou duas notas de suicídio, uma manuscrita e outra datilografada. A manuscrita apenas foi divulgada em 1967, pela filha, Alzira Vargas. A versão datilografada foi lida por João Goulart, no funeral, em São Borja. É desse texto que consta outra frase de Getúlio que o tempo revelou ser certeira: "Saio da vida para entrar na história".

in Rádio Renascença

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