sábado, 1 de maio de 2010

Estou um velho nostálgico e falo sobre futebol, estudos e... Rol

Estou velho! Dói-me o joelho, dói-me parte do antebraço. Dói-me a parte interna de uma perna e parte amiga da barriga, que fadiga...
Não sei bem até que ponto a geração de 90 reconhece este pedaço de letra de uma música. Foi cantor que entrou em desuso, bem sei... mas isso agora não interessa nada. O que eu sei é que, do alto dos meus 19 anos começo a sentir que estou velho. Porquê? Já lá vamos...
O primeiro dos sintomas, ao contrário do que diz o excerto que serve de mote ao presente texto, não foram as dores no joelho, na perna ou na barriga... até porque essas já me acompanham desde criança! O primeiro factor traumatizante foi o futebol. Quando chegamos a uma fase onde começam a aparecer jogadores na televisão que têm a nossa idade ou até que têm um ou dois anos a menos que nós, logo sentimos o peso da idade a vergar-nos mais um pouco. E pior fica a situação quando vemos pessoas que só por acaso não foram nossas colegas de equipa a jogar a titulares em equipas da primeira liga. Aiai, como me dói o joelho...

Passemos ao segundo factor de velhice: Bolonha. Sim, o Tratado de Bolonha tende a tornar os estudantes velhos. Quem diria que ao fim de dois anos de curso só me fica a faltar mais um para ter uma licenciatura e começar logo a trabalhar. Chego ao mercado de trabalho com 21 anos e... VELHO! A vontade que dá é ficar mais alguns anos a estudar. Quanto mais não seja a estudar o que hei-de fazer para conseguir aproveitar um pouco mais esta velhice ainda precoce, porque para velho chegar-me-á a fase em que a idade no BI me obrigue a nunca mais olhar para mim como um jovem. Sei que estão a roubar qualificações a quem tem mestrados, licenciaturas e doutoramentos de anos e anos. Mas - posso ser o único - preferia que não roubassem nada a ninguém. Não havia Bolonha, as etapas continuariam as mesmas e não se fariam 10/12 cadeiras por ano. A malta mais velha esquece-se que a pressão para fazer tudo a correr também não nos agrada. Tira-nos anos de vida. E o pior é que acho que ainda por cima saímos bem pior preparados do que os nossos pais... dói-me mesmo parte do antebraço.
Passando agora ao lado que mais velho me fez sentir. O do Rol. Muitos de vocês nem saberão o que é o Rol. Mas eu sei. E bem. O Rol é um gelado que eu comi algumas vezes enquanto criança - há umas valentes centenas de anos, portanto. Quando o descobri fiquei maravilhado. Era algo diferente do que tinha provado. Até porque tudo o que comia até então eram Cornettos de Chocolate, Super Maxis... tudo o que metesse chocolate! E o Rol abriu uma nova gama de sabores na minha curta vida. Mal eu o descobri... ele saiu do mercado. E fiquei durante todos estes anos a lamentar a perda de um sabor da minha infância, tal como o faziam os meus pais e avós. Que dores na parte interna de uma perna e parte amiga da barriga...

Acontece que este ano reapareceu o grande Rol entre os cartazes de gelados da Olá. Fiquei entusiasmado e... desconsolado. Por um lado tinha a oportunidade de recuperar aquele sabor a futebol de manhã à noite, aquele sabor aos dias de praia, de piscina, às festas da primária. Por outro lado surgia uma grande questão: até que ponto esse sabor não me teria ficado gravado mais no coração do que na razão? Será que o sabor se mantinha como eu o imaginava? Ou tinha sido um gosto aperfeiçoado e temperado por longos anos sem o poder sentir, um sabor a saudade, mais do que a um gelado?

Foi, portanto, a tremer que pedi um Rol e decidi prová-lo. Logo me apareceu um sorriso nos lábios. Vi-me sujo de terra, cheio de nódoas negras e de feridas a jogar futebol e a brincar com os meus amigos de infância. Parece-me que, apesar da velhice, encontrei o Elixir da Eterna Juventude...

PS: Espero que a Olá saiba agradecer monetariamente a quem tanta e tão boa publicidade lhe faz.

5 comentários:

argolinhas disse...

mau adorei o teu texto...tambem eu na terça-feira fui comer 1 rol...ah ah!olha amanha quero-te ver a noite!

Asus disse...

GRANDE texto. Infelizmente já sabes como é e como é grande também em termos de extensão (e não apenas de qualidade) a maior parte das pessoas não o vai ler. Por isso senti que devia comentar. Também a mim o Rol me sabe a saudade.

Joaquim disse...

Muito bom texto, Parabéns! Acho que toda a gente com Bolonha se sente mais velho mas para o ano que vem ainda vai ser pior. Embora toda a gente faça Mestrado acho que é peso a mais para um pobre jovem de 21 anos já ser licenciado.

Kafka disse...

Concordo contigo Mau, nesta altura e com o Bolonha estes anos de juventude passam a correr, parece que ainda ontem entrei no ensino superior e daqi a pouco mais de um ano sou licenciado, se me sinto preparado para entrar no mundo do trabalho? NÃO!

Quanto ao Rol, ainda há uns dias tive essa conversa com a minha mãe, até a embalagem me traz grandes momentos à memória, qe saudades.


- Grande texto

Maldini disse...

Também comia Rol! Mas não me fez grande falta quando saiu, porque o meu gelado de infância era aquele que era frio. Por isso qualquer gelado me torna num velho nostálgico.

Eu não tenho Bolonha, ainda estou na reforma antiga. Por isso saio do meu curso com 6 anos de instrução com uma licenciatura, enquanto que os de Bolonha saem já com Mestrado. Não vejo nisso um problema, mas fica mais uma visão da luta Bolonha vs antiga reforma.

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