Ah... Finalmente, o falso doce do cigarro. Uma breve luz ao fundo do túnel. uma breve paz no meio da confusão. Uma breve sanidade no meio da loucura, antes de chegar a minha hora.
Estou louco, ou estava, já não sei. Mas ao menos vivi as minhas loucuras, não como outros que nem a loucura vivem, nem a falta dela.
Todos somos condenados à morte. Todos temos uma data de sentença. Todos vamos morrer.
Esta prisão em que vivo, este corpo que não me deixa voar, que não me deixa alcançar o que sonho.
No entanto, todos somos loucos, todos temos os nossos rasgos de loucura. Todos vivemos, realmente, nem que seja por breves momentos. O mundo somos nós e nós somos o que quisermos. O mundo é o que nós quisermos que ele seja. Basta querer. Querer e lutar, por aquilo que se quer. A diferença, entre uns conseguirem e outros não, é que os primeiros querem mais do que os segundos e, por isso, lutam mais ferozmente, mais impiedosamente. A mente é indubitavelmente o organismo mais poderoso do mundo.
Queiram. Lutem. Vivam.
Eu já não estou a fazer nada aqui, este mundo já não é meu. Esta prisão já não é minha. Por isso chegou a altura de ser a vossa vez. A vossa vez de decidirem se querem continuar a fazer do mundo a miséria que ele ainda é hoje, ou se querem que ele seja um lugar melhor. Se querem hipocrisia, falsidade, escuridão, ou a luz. Mas não se esqueçam, meus caros, quanto maior a luz, maior a escuridão. A não ser que iluminem tudo. Para isso, sejam irmãos, de sangue. Porque todos somos iguais. Não há nenhum mais iluminado que outro. As luzes que nos iluminam é que são diferentes.
Ah... Nem o último cigarro começo a conseguir saborear...
Mas eu não quero morrer...
Deixem-me viver a minha loucura mais um pouco, só mais um pouco.
A minha hora não pode estar a chegar.
Ou será que já o tinha?
3 comentários:
Não Mau, a data de 7 não era do terminus do ensaio, até porque se reparares no início encontra-se 22h de 7 de Dezembro :P
Este foi mesmo o fim do ensaio. Sintam-se à vontade para criticar o que quiserem, afinal uma pessoa está sempre a aprender e se não o estivessemos, isso sim seria um problema, por isso um agradecimento antecipado pelo empurrão.
Quanto à pontuação, ou falta dela, apenas tentei transmitir a própria fluência do monólogo, que tanto era relativamente linear, como era totalmente espaçada ou até monótona, sem haver diferenças de ritmo ou paragens, como se fosse um discurso contínuo tentando representar o alheamento à realidade e a perda de lucidez da pessoa.
O Outro
" A mente é indubitavelmente o organismo mais poderoso do mundo."
...mas não o suficiente em todas as situações, como esta história retratou.
"Basta querer." É o que mais vale, mas não é o suficiente.
Ou será que tudo isso é verdade, mas que esse "querer" e esse poder da mente tenham que surgir antempadamente e não no limite como o caso deste condenado? E como sabemos qual o timing certo?
...Fiquei a pensar na parte que diz "quanto maior a luz, maior a escuridão"
conheço este bolo :)
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