Acordo. Não foi desta. Cabrões de merda, salvaram-me.
Salvaram-me não, condenaram-me à sua execução.
Estou preso, não me consigo mexer. Devem-me ter posto um colete de forças para não repetir a "gracinha".
E agora?
Deve ter dado resultado. O meu estrebuchar todo por aparentemente razão nenhuma deve ter feito o louco compreender que eu queria um dos meus últimos cigarros. Merda. Só me resta mais um. E vida? Quanta me restará?
Será que estes pseudo-deuses não têm mais vontade de me riscar do mapa?
O tempo pára, o tempo não passa. O tempo é mudo, o tempo desgraça. Quero sair, quero escapar, quero voar. Voar daqui para fora, para outra cidade, outro país, outro mundo. Este não tem mais nada que me possa oferecer que eu ainda queira.
Vivo entre pares, pares conhecidos. O que eu queria era andar entre iguais, desconhecidos.
O tempo flui, o tempo escoa. O tempo mói, o tempo voa.
O céu é azul O céu é infinito Plano por entre as nuvens O mundo é meu o mundo é o que eu quiser. As cidades lá em baixo são tão pequenas tão insignificantes. Que liberdade o mundo é meu e eu sou dele. Eu sou o que eu quiser. Mas quem sou eu? Preciso de descobrir o mundo quem sabe descobrir-me a mim. Quem é que eu sou? O que é que eu sou? Preciso de mudar; mas para que? No que me vou eu tornar? No que eu me tornei? Só sei que quero ser melhor mas para onde é o melhor?
Estou a morrer lentamente prestes a morrer A minha vida está-se a escoar e eu ainda penso em melhorar Para quê Para que vai servir Mas ao menos ando livre pelos céus Desço Desço mais rápido Desço a pique O chão aproxima-se vertiginosamente de mim Vou-me despenhar.
Acordo. Porque não são os sonhos realidade? Porque é que só os sonhos são feitos de realidade e não a realidade feita de sonhos? Porque é que não se realizam?
1 comentário:
Gostei da ideia de poesia implícita na prosa. Presumo que era essa a ideia das maiúsculas a meio das frases, pelo menos:
O céu é azul
O céu é infinito
Plano por entre as nuvens
O mundo é meu o mundo é o que eu quiser.
As cidades lá em baixo são tão pequenas tão insignificantes.
Que liberdade
o mundo é meu e eu sou dele.
Eu sou o que eu quiser.
Mas quem sou eu?
Preciso de descobrir o mundo quem sabe descobrir-me a mim.
Quem é que eu sou?
O que é que eu sou?
Preciso de mudar; mas para que?
No que me vou eu tornar?
No que eu me tornei?
Só sei que quero ser melhor mas para onde é o melhor?
Estou a morrer lentamente prestes a morrer
A minha vida está-se a escoar e eu ainda penso em melhorar
Para quê
Para que vai servir
Mas ao menos ando livre pelos céus
Desço
Desço mais rápido
Desço a pique
O chão aproxima-se vertiginosamente de mim
Vou-me despenhar.
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